O trânsito estava pesado na Rodovia dos Bandeirantes (SP) e um smart seguia na minha frente. Rodávamos a cerca de 100 km/h quando a pista esvaziou, e o pequenino acelerou fundo – e eu também. Naquele momento, o motor quatro cilindros desta nova versão a gasolina da Hilux SW4, com 158 cv e 24,5 kgfm de torque, não foi páreo para o 1.0 de 84 cv do smart. Ficou a dúvida: quem paga mais de R$ 120 mil em um SUV, visualmente imponente, não vai ficar decepcionado?

Por cerca de R$ 30 mil a menos, tanto da versão 4.0 V6 a gasolina quanto da 3.0 a diesel, o desempenho não deve ser a prioridade do consumidor desta versão. É melhor que a valentia off-road também não seja, pois esta versão não tem tração 4×4, mas, sim, no eixo traseiro. Ou seja, com pouco peso sobre o eixo motriz, as rodas traseiras perdem aderência e patinam com facilidade. Estabilidade dinâmica, portanto, também não é o seu forte.

Para Frank Gundlach, diretor comercial e de marketing da Toyota Mercosul, esta nova SW4 mira os fãs de minivans que desejam um visual mais “aventureiro”, um carro que mostre um “estilo de vida” – fator que tanto estimulou as vendas de EcoSport, Palio Adventure, Tucson, Captiva e companhia. Tudo bem, o visual impressiona, mas isso não é tudo em um carro. Muito menos em um nesta faixa de preço.

Repare na lateral do porta-malas: os volumes junto aos vidros são os bancos da terceira fileira

Acima, o som, o ar-condicionado, que não é digital, e a alavanca de câmbio, sem opção de trocas sequenciais: por mais de R$ 120 mil, a SW4 poderia oferecer mais

Acima, o interior com os sete bancos: na terceira fileira o espaço para as pernas é reduzido, e os bancos não são recolhidos para baixo do assoalho – ficam “pendurados” nas laterais, prejudicando a visibilidade.

Na economia para se aproximar do valor de comercialização dad minivans e dos SUVs e crossovers menores, como o RAV4, da própria Toyota, Chevrolet Captiva e Honda CR-V, esta SW4 ficou “pelada” demais: não tem computador de bordo, bancos de couro, ar-condicionado digital, bancos em couro, regulador de velocidade, nem faróis de neblina nem freios com ABS. O corte de custos chegou até ao espelhinho no para-sol do passageiro, que não existe nesta versão!

Mas há também destaques positivos: amplo espaço interno para até sete pessoas, posição de dirigir bastante elevada, bom acabamento e a já comprovada durabilidade do modelo. Além disso, o silêncio no interior da cabine também é exemplar (e muito mais baixo que na versão a diesel), a condução é suave, assim como o câmbio automático (apesar de apenas quatro

velocidades), e as saídas de zero a 80 km/h, assim como a utilização diária na cidade, não decepcionam o consumidor comum.

Mas onde esta SW4 se encaixa em nosso mercado? É um carro para quem precisa de sete lugares mas não se contenta com Grand Livina, Grand C4 Picasso, Grand Scénic e similares, mais baratos. Com visual aventureiro, a oferta nesta faixa de preço também é ampla, tanto de modelos 4×4 com cinco lugares (Tiguan, RAV4, etc.) quanto com sete (Santa Fe). São opções mais completas em equipamentos e mais confortáveis (a suspensão da SW4 faz os passageiros “pularem” bastante) – ou seja, entregam mais pelo seu dinheiro. Esta nova opção fi ca, portanto, para casos muito, mas muito específi cos mesmo.