Já tive um Ka 1998 para meu uso pessoal. Dez anos depois, o novo Ka chega com acertos, mas também causa algumas decepções. A maior delas, para mim, foi em relação ao design. O antigo era ousado, por dentro e por fora, enquanto o novo conseguiu manter algum charme no desenho externo (apesar dos faróis grandes demais), mas teve o interior muito alterado – e ficou sem graça. Tudo bem que o banco de trás ainda é um pouco apertado, mas agora a bagagem cabe no porta-malas.

Gostei do alarme, “brinde” em todas as versões: você aperta e segura o botão “travar”, ele sobe os vidros; aperta e segura o “destravar”, ele os abre.

O preço parte de R$ 25.190, com o alarme, travamento automático das portas e mais quase nada. Mas a versão avaliada, top de linha com motor 1.0, tem preço sugerido de R$ 31.790, pois vem com todos os opcionais (limpador e lavador do vidro traseiro, brakelight, direção hidráulica, vidros elétricos one-touch e rodas de liga, entre outros). Um detalhe que me agradou é que agora ele tem espaço para quatro alto-falantes (o antigo, sem adaptações, só permitia os dianteiros), o que deixou o som MUITO melhor.

O principal atrativo não se perdeu – a dirigibilidade. A posição de dirigir, baixa, faz o motorista se sentir rente ao solo. O volante tem respostas diretas, dando agilidade ao carrinho (que faz curvas excepcionalmente, ao custo de uma excessiva rigidez da suspensão), e seu porte torna fácil estacionar em qualquer vaga. Com motor 1.0, bastante econômico, sem dúvida ele é perfeito para a cidade.

Acima, o porta-malas, que cresceu de 180 para 263 litros. No painel, o conta-giros faz falta, e seu desenho é bem menos ousado que o do modelo anterior – mas pelo menos ganhou um porta-luvas de verdade

CONTRA PONTO

Ao contrário do Flávio, não achei que o carro tenha perdido muito de sua graça com a reformulação estilística. Acho que um veículo, antes de ser gracioso e ousado em suas formas, deve ser funcional. Carros foram criados essencialmente para transportar pessoas, e acredito que dentro de cada categoria a que se destinam, essa tarefa deve ser feita da melhor maneira possível. O antigo Ka não cumpria esse papel corretamente. Transportava pessoas sim, mas acomodando apenas os dois ocupantes dos bancos dianteiros. Para quem precisava do banco traseiro ou do porta-malas, por menor que fosse a bagagem, o carro não servia. O consumidor tinha de comprar um carro para quatro pessoas, que só transportava duas, pois a bagagem ia no banco traseiro. O Ka antigo deixava de cumprir seu dever básico em favor de suas linhas ousadas e do seu pseudocharme. O atual, sim, cumpre seu papel, sem perder a graça de suas linhas – e de maneira funcional.

Douglas Mendonça | Diretor Técnico