Poucos segmentos no Brasil são tão estáveis quanto o de sedãs médios. Não é qualquer produto que tem capacidade para ameaçar as líderes japonesas Toyota e Honda. O Peugeot 408 foi desenvolvido com uma missão: conseguir seu espaço nesta briga de cachorro grande. Ao contrário de seu antecessor, o 307 Sedan, o novo três volumes, além de ser superior como carro e de ser muito mais bem resolvido esteticamente, tem a vantagem de ter sido idealizado para mercados emergentes como o nosso, assim como o recém-lançado Fluence e o City (leia quadro nas próxima páginas).

Uma de suas principais armas é o visual. O 408 tem design bastante moderno sem perder a classe, tão valorizada nesta categoria. O modelo é o primeiro carro no mundo a incorporar a nova tendência visual da Peugeot. No Brasil, também é o primeiro a ter o logotipo da marca remodelado.

Outro trunfo é o espaço interno. Se o passageiro não for alto demais, é possível até cruzar as pernas no banco traseiro. Na fileira da frente, os ocupantes também viajam com conforto. A posição de dirigir agrada e o volante tem ajustes tanto de profundidade quanto de altura. Mas, por conta de sua arquitetura semielevada, incomoda um pouco o fato de o assento deixar o motorista sempre alto, mesmo na posição mais baixa. O painel tem um estilo sóbrio e acabamento com padrão alto. Até o material de revestimento é novidade. Trata-se de um tipo de plástico mais emborrachado e agradável ao toque, que ajuda a passar a impressão de um carro mais caro e nobre.

Equipado com motor 2.0 Flex com duplo comando de válvulas variável na admissão (VVT), o carro chega a desenvolver até 151 cv. Seu desempenho só não é mais ágil por conta da limitação do câmbio automático de apenas quatro marchas. Segundo Alberto Meyer, engenheiro da Peugeot, esse câmbio foi escolhido porque “casou melhor com o propulsor”. Na prática, o que se sente é mesmo a limitação. No trânsito, tudo certo. Mas, acima dos 100 km/h, quando é necessário reduzir a marcha para fazer uma ultrapassagem, o nível de ruído do motor incomoda, por conta da alta rotação. O consumo também seria melhorado com a adoção de um câmbio de cinco velocidades.

Por outro lado, o acerto de suspensão tem boa calibração e passa bastante segurança para o motorista.

O 408 começa a ser vendido em três versões: Allure, Feline e Griffe. Na configuração de entrada, Allure, o carro também está disponível com câmbio manual de cinco marchas – uma opção mais barata e até mais interessante. O que diferencia as versões é o nível de equipamentos. Apenas a de entrada tem rodas aro 16. A partir da intermediária, Feline, o 408 já traz, de série, seis airbags (duplo frontal, lateral e do tipo cortina), bancos de couro, controle de estabilidade, teto solar, sensor de chuva e rodas aro 17. Já a top, Griffe, além de todos esses itens, tem faróis bixenon direcionais, sistema de navegação com tela rebatível de sete polegadas, sensor de estacionamento dianteiro e banco do motorista com ajuste elétrico.

A Peugeot programou uma série de ações especiais, como preço fixo de peças e revisões, garantia de três anos e seguro especial. “Para brigar com os japoneses, precisamos oferecer esses serviços para passar bastante confiança”, disse Guillaume Couzy, presidente da Peugeot do Brasil.

O Peugeot 408 é produzido na Argentina e chega para suprir a lacuna deixada com o fim do 307 Sedan e do 407. Mesmo assim, o sedã 508 deverá desembarcar no Brasil ainda este ano para brigar com Azera, Fusion e Passat. O 408 tem preços que variam de R$ 59.500 (cobrados pela versão Allure de câmbio manual) a R$ 79.900 (pela top de linha, Griffe). A marca ainda estuda lançar uma versão com motor 1.6 turbo e câmbio de seis marchas, o mesmo conjunto do 3008.

Versão top de linha tem detalhes cromados, revestimento em couro, sistema de navegação com tela rebatível, seis airbags, controle de tração, ajustes elétricos dos bancos e rodas 17 polegadas

Peugeot 408 Sedan

/ Motor quatro cilindros em linha, 2.0 litros, 16V, comando de válvulas variável / Transmiss ão automatica, quatro marchas, tração traseira / Dimensões comp.: 4,69 m – larg.:1,81 m – alt.: 1,52 m / eNtre-eixos 2,710 m / Porta-malas 481 litros / Pneus 225 / 45 R17 / Peso 1.527 kg Gasolina / Potência 143 cv a 6.000 rpm / Torque 20 kgfm de 4.000 rpm / Velocidade máxima 208 km/h / 0 – 100 km/h 11,9 segundos / Consumo não disponível / Consumo real não disponível ETANOL / Potência 151 cv a 6.000 rpm / Torque 22 kgfm a 4.000 rpm/ Velocidade máxima 208 km/h / 0 – 100 km/h 11,9 segundos/ Consumo não disponível / Consumo real não disponível

“O CONSUMIDOR BRASILEIRO BUSCA STATUS”

O 408 foi pensado para países em desenvolvimento. Por que isso está ficando cada vez mais frequente nesse segmento de sedã? O segmento de sedãs médios não representa tanto na Europa quanto nos países em desenvolvimento. Lá, a compra de um sedã deste porte é muito mais pautada na necessidade de ter um carro com porta-malas maior do que na questão do reconhecimento social que um veículo médio proporciona no Brasil.

Quais as peculiaridades do mercado brasileiro que influenciaram no projeto do 408?

No geral, o que influenciou foi o desenvolvimento do País, batendo recordes a cada ano. Aqui há novas pessoas comprando carros e subindo de segmento todos os anos. Elas vão conseguindo avançar de categoria. Uma das grandes peculiaridades do brasileiro para este segmento é o quanto ele almeja ter um sedã médio. Isso, somado ao crescimento do poder de compra e ao acesso a produtos de maior valor, contribuiu muito para que pensássemos um veículo para esse consumidor.

Mas quais são as características do carro para esses mercados?

Sem dúvida, o status reconhecido através do design. O consumidor no Brasil e em outros países emergentes busca reconhecimento social. Aqui, por exemplo, a maioria dos executivos e profissionais de classe alta utiliza os sedãs médios para comunicar seu prestígio.

O sedã foi projetado para países emergentes, mas a opção de não vendê-lo na Europa não deixará uma lacuna na gama da marca?

Um sedã médio de lá é equivalente a um compacto daqui. Lá temos o 308 em diversas carrocerias: cupê cabriolet, perua e hatch. Quem deseja um sedã acaba não tendo de dar um passo muito grande para chegar ao 508. Na Europa, os consumidores que buscam status pulam direto para os sedãs grandes.

Mas a venda do 408 lá está realmente descartada?

Não. Ainda não há nada concreto. A Peugeot está estudando a viabilidade de começar a comercializar o carro no Leste Europeu e na Rússia. Se houver demanda, nada impede.

Como o 408 já nasceu na forma de um sedã, seu design ficou mais bem resolvido que o do 307 três volumes

OS PRINCIPAIS CONCORRENTES DO PEUGEOT 408

Renault Fluence

O modelo recém-lançado (leia mais sobre ele na seção Teste Rápido) tem motor 2.0 Flex e bom pacote de itens de série. Também foi projetado para os países emergentes

Toyota corolla

O grande líder do segmento de médios chega no primeiro semestre deste ano com uma leve reestilização. Tem motor 1.8 e 2.0, também com câmbio de quatro marchas

 

Honda civic

Apresentado como conceito em Detroit e mostrado em fevereiro na MOTOR SHOW, o vice-líder do segmento chega em julho. Seu motor, até o momento, não está definido