Você sabe o que são os códigos inseridos nas laterais dos pneus, quando trocar, ou mesmo qual o período para calibrar? Para responder todas essas perguntas e mais detalhes desse item essencial para um veículo, a MOTOR SHOW conversou com Alessandro Marchetti, gestor da área técnica da Magnum Tires, importadora e distribuidora de pneus e câmaras de ar.

Informação nas laterais

Nas laterais dos pneus ficam informações importantes, como tamanho e sua capacidade, por exemplo.

Crédito: Magnum Tires

A mais visível delas é aquele código que vem ao lado da marca do fabricante, naquela mistura de números e letras numa sequência parecida com esta:

“205/55R16 94V”

  • Medida: A primeira parte, “205”, corresponde a medida do pneu, geralmente expressa em milímetros, ou seja, 205 milímetros.
  • Largura: A seguir, a série ou perfil do pneu é indicada por um número, como “55”, que representa a altura da parede lateral em relação à largura da banda de rodagem. Neste exemplo, a altura da parede lateral é 55% (112,75 Milímetros) da largura da banda de rodagem.
  • Formação: A letra “R”, por sua vez, indica que o pneu é de formação radial, ou seja, possui uma estrutura interna de aço. Isso é importante, pois pneus radiais são mais comuns atualmente devido a sua durabilidade e desempenho.
  • Aro: O próximo número representa o diâmetro do aro em polegadas. Por exemplo, “16” indica que o pneu é projetado para encaixar em uma roda com um diâmetro de 16 polegadas.
  • Índices de carga e velocidade: 94V, neste caso o código 94 mostra que o pneu suporta uma carga de 670 kg e o V uma velocidade de 240 km/h.
Crédito: Magnum Tires

“O que o motorista tem que se atentar é sobre a medida padrão recomendada pelo fabricante do carro, o índice de carga e o símbolo de velocidade. Isso é o mínimo. E se eu tiver um pneu 92V e quiser colocar um 93V? Sempre acima pode porque em vez de suportar 630 kg, ele vai suportar 650 kg. Acima não tem problema. Eu não posso trabalhar com pneus abaixo (do estabelecido pelo fabricante).”

Pneu – Crédito: Divulgação/Magnum

Banda de rodagem

A banda de rodagem, parte do pneu que fica em contato com o solo, pode ter pelo menos três tipos de desenhos: simétricos, assimétricos e direcionais. Eles desempenham funções específicas e afetam o desempenho, segurança e durabilidade do produto.

“Os aros 13 e 14 são todos simétricos. A partir do 14 para cima você vai ter pneus assimétricos e direcionais.”

Banda de rodagem – Crédito: Magnum Tires

Sulcados mais largos e abertos permitem uma melhor circulação de ar por meio da banda de rodagem, o que ajuda a dissipar o calor gerado pelo atrito com a estrada.

Desenhos com blocos assimétricos podem criar padrões de ruído que se cancelam mutuamente, reduzindo, portanto, o barulho dentro do veículo. Ele também dá maior aderência e escoamento de água. Detalhe que ele tem lado interno e externo. Dessa forma, não é possível virar o lado interno e externo.

Os pneus direcionais marcam o sentido que ele vai rodar, como o próprio nome indica. Eles, geralmente, são pneus de competição e maiores.

As ranhuras também podem indicar para que piso ele foi feito, como terra, asfalto ou qualquer terreno.

Crédito: Divulgação/Magnum

Quando devo trocar?

Mesmo com a banda de rodagem em boas condições, é recomendado substituir os pneus a cada cinco anos. Após esse período, a borracha envelhece, o que pode comprometer as propriedades de aderência e dirigibilidade. Não à toa as marcas concedem cinco anos de garantia.

“Se um pneu tiver que apresentar qualquer defeito de fabricação, isso ocorrerá nos primeiros quilômetros ou nas primeiras horas.”

O DOT (Date of Tire) indica a semana e o ano de fabricação. Ele fica sempre na lateral e tem quatro dígitos: “20/23” significa vigésima semana do ano de 2023.

Em relação ao desgaste, é bom observar uma marcação no pneu, estabelecida pelos órgão competentes, chamada de TWI (Tread Wear Indicator). Trata-se de um ressalto que há entre os sulcos.

“Quando o desenho da banda de rodagem atinge aquele relevo, há 1,6 mm de banda remanescente. A recomendação é que se o pneu chegou próximo aos 2 mm de sulco remanescente, já acende a luz ‘amarela’ para substituir.”

Alessandro Marchetti, gestor da área técnica da Magnum Tires – Crédito: Divulgação

Quando o pneu atinge o relevo mínimo (2 mm), ele perde capacidade de frenagem, tração, escoamento de água e, claro, a segurança.

A Magnum não recomenda a utilização de remold ou “ressulcado” para veículos de passeio porque a estrutura do pneu pode estar afetada. Diferente dos itens para pesados (ônibus e caminhões), em que há um modelo mais robusto e desenhado para isso.

Alinhamento, rodízio e calibragem

De forma geral, é recomendado que se faça um balanceamento e alinhamento a cada 10 mil km. A partir disso, o mecânico pode indicar um rodízio dos pneus, caso haja um desgaste irregular. Para os pneus simétricos é possível fazer um rodízio a cada 5 mil km.

Outro ponto que sempre gera questionamento é a calibragem. Ela deve ser realizada, no mínimo, a cada 15 dias. O período da manhã, com o pneu frio. As libras são indicadas pelo fabricante, de acordo com o tipo de carro.

“Na maioria dos casos a calibragem ainda é gratuita. É a manutenção preventiva mais barata, mas que a maioria não faz. Mais de 80% dos pneus que saem em circulação, independente do tipo, não foram calibrados corretamente.”

Para carros parados por muito tempo, o especialista explica que é importante mudar a posição do pneu em contato com o solo (ou movimentar o carro) para ele não perder o formato.