17/07/2025 - 7:00
A Kombi foi um ícone no mercado automotivo. No Brasil, foram comercializadas mais de 1,5 milhão de unidades durante sua produção entre 1957 e 2013. Diferente do sucesso do modelo antigo, a nova Kombi elétrica, ou ID. Buzz, como foi batizada, literalmente “não emplacou” aqui no país. O modelo é oferecido apenas por assinatura, mais precisamente por R$ 8.990 mensais.
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Preço alto
No mercado estadunidense, o ID.Buzz tem preço inicial de US$ 59.995 (cerca de R$ 333 mil em conversão direta). Além do valor muito acima das expectativas para o veículo, o modelo, que pretendia vir com pegada retrô e, ao mesmo tempo, moderna, enfrentou alguns outros problemas nas terras do Tio Sam.

Autonomia baixa
A autonomia é outro ponto que parece não ter convencido o público de lá. São cerca de 280 milhas pelo ciclo WLTP, ou algo pouco menor de 450 km, o que pode afastar famílias que pretendem usar a van para viajar, por exemplo. Aqui no Brasil, o Inmetro também divulga alcance não tão grande, de 337 km, o que também complica seu uso para longas distâncias. Esses números, vale lembrar, são regulatórios, e podem ser ainda menores no uso real.

Recalls…
Além disso, no mercado norte-americano, a ID.Buzz enfrentou duas campanhas de recall desde que chegou por lá, em 2024. O primeiro, anunciado em 2024, corrigia um problema com os bancos traseiros e a fixação incorreta dos passageiros da terceira fileira pelos cintos de segurança. O outro, divulgado em maio, era para resolver um problema com o alerta de luzes de freio no painel de instrumentos, que não seguia as regras para os EUA.

Só alemã
O que também complica a vida da van retrô nos EUA é a importação: ao contrário do ID.4, fabricado no Tenessee, a ID.Buzz sai de Hanover, na Alemanha, que fornece o modelo para o mundo inteiro. Segundo informações do Wall Street Journal, essa planta alemã tem um dos maiores custos de operação do Grupo VW, o que faz seu preço subir. Sem contar custos de levá-la aos Estados Unidos, além de taxas, impostos e logística complicada.

Pouco ‘americanizada’
Adicionalmente, pode faltar uma “americanização” do ID.Buzz, conforme também levantou o Wall Street Journal. Suas características de design e funcionalidades parecem não ter caído tão bem no gosto dos consumidores de lá. Como destaca o próprio WSJ, a van elétrica tem poucos porta-copos e porta-objetos, o que não agrada os norte-americanos com suas latas de Coca-Cola, copos de café enormes ou mesmo garrafas térmicas da Stanley.
O resultado não poderia ser diferente: vendas em baixa. O site InsideEVs aponta para menos de 2 mil unidades vendidas no primeiro trimestre do ano no país de Donald Trump, número pra lá de tímido, dadas as proporções daquele mercado. Só para efeito de comparação, foram cerca de 75 mil unidades do Tesla Model Y, líder dentre os EVs por lá, emplacadas no segundo trimestre do ano (abril, maio e junho somados).

Brasil: só aluguel
O ID.Buzz só existe no Brasil através de locação, ou assinatura. Por R$ 9 mil ao mês, ao menos, você leva um para casa, no plano de 4 anos (48 meses) e limite para rodar 1.500 km ao mês. A marca também oferece períodos de 24 ou 36 meses, com limite de 2.000, 2.500 ou 3.000 km. Na configuração de menor prazo com maior km mensal, seu aluguel beira os R$ 13,9 mil ao mês.

As unidades oferecidas por aqui são de fabricação 2023, modelo 2023, sempre com motor elétrico traseiro de 204 cv de potência e 31,6 mkgf de torque, com 337 km de autonomia (Inmetro), graças a bateria de 82 kWh brutos. Vender o modelo ao grande público: a VW do Brasil não tem planos.