16/02/2024 - 7:44
Lei americana não permite importação de produtos que contenham itens fabricados no oeste da China, onde haveria violação dos direitos humanos. Mais de 13 mil automóveis das marcas Audi, Porsche e Bentley foram afetados. Milhares de carros das marcas de luxo alemãs Audi e Porsche e da anglo-alemã Bentley estão presos em contêineres em portos dos Estados Unidos. O motivo: eles contêm um componente fabricado em uma região chinesa acusada de violar os direitos humanos.
Segundo o jornal britânico Financial Times, a peça em questão provém do oeste da China e, portanto, viola uma lei americana contra o trabalho forçado. Os EUA não permitem importações de produtos fabricados na região uigurde Xinjiang e em outras áreas do país asiático onde possam ocorrer violações dos direitos humanos.
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“Estamos trabalhando para resolver um atraso alfandegário na entrega de certos modelos de veículos do grupo Volkswagen dos portos dos EUA para os revendedores”, disse um porta-voz da empresa alemã, detentora da marca Bentley. O componente em questão agora será substituído nos veículos para que eles possam ser liberados.
De acordo com o jornal alemão Handelsblatt, cerca de 13 mil carros novos foram afetados.
“A entrega dos veículos continua, mas infelizmente pode haver atrasos”, revelou o mesmo porta-voz. “O motivo é um pequeno componente eletrônico de uma unidade de controle maior, que será substituído nos veículos afetados assim que as peças necessárias estiverem disponíveis”, explicou.
Trabalhos forçados
Supostamente, a própria Volkswagen não tinha conhecimento da origem do componente, uma vez que ele foi instalado por um fornecedor. O fato só foi descoberto por meio de uma denúncia e, depois, comunicado às autoridades dos Estados Unidos.
“Estamos esclarecendo os fatos e tomando as medidas cabíveis”, disse o porta-voz da VW. “Isso também pode incluir o encerramento do relacionamento com o fornecedor se nossas investigações confirmarem violações graves”.
Os uigures, assim como membros de outras minorias e organizações de direitos humanos, têm relatado há anos que centenas de milhares de pessoas em Xinjiang estão sendo colocadas contra a vontade em campos de reeducação, em alguns casos sendo torturadas e submetidas a trabalhos forçados. O governo chinês nega essas acusações.
Questionado pela agência de notícias AFP, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que as empresas alemãs não deveriam ser “enganadas pelas mentiras” sobre a situação em Xinjiang e precisam distinguir “a verdade da mentira”.
VW podem encerrar parceria
A Volkswagen há muito é criticada por suas atividades no oeste da China. Em Xinjiang, o grupo opera uma planta e uma pista de testes em conjunto com o seu parceiro chinês SAIC.
Na quarta-feira, a empresa alemã anunciou que iria conversar com a SAIC “sobre a direção futura das atividades empresariais na província de Xinjiang” .
Na semana passada, a gigante química alemã Basf anunciou que iria vender ações das suas duas joint ventures em Korla, no centro da região de Xinjiang, após a revista Spiegel e a emissora estatal alemã ZDF terem publicado uma investigação conjunta que indicava que empregados da acionista Xinjiang Markor Chemical Industry tinham participado em ações de opressão dos uigures em 2018 e 2019.