Com a onda das minivans, as peruas já foram uma espécie ameaçada de extinção. Mas as minivans não apresentam novidades há tempos, deixando de crescer no mercado. Enquanto os consumidores aguardam uma reação desse segmento, são as peruas que voltam revigoradas às garagens das famílias que precisam de espaço para pessoas e cargas.

Na virada de maio para junho, duas novidades: a Toyota Fielder ganhou o motor bicombustível, mas manteve o velho desenho (que deve mudar no início do ano que vem), enquanto a Peugeot 307 SW foi lançada em um nova versão, Allure, com menos equipamentos e opção de câmbio manual. Isso acarretou uma redução de R$ 10 mil no preço, que se alinhou com os da concorrência.

Aproveitamos a oportunidade para compará-las com outra novidade, a Renault Mégane Grand Tour, lançada em novembro do ano passado, cujas vendas agora ganham fôlego e se aproximam das da Fielder, até o momento líder do semento. Já a Fiat Marea Weekend ficou de fora por ter vendas insignificantes (veja box) e ser oferecida apenas com motor 1.6 flex.

O fato é que, nessas versões com motor mais potente (Mégane e Corolla são oferecidas também com motores 1.6 bicombustível), por cerca de R$ 70 mil, as marcas francesas atacam com espaço e conforto a bordo, enquanto a montadora japonesa responde com o único motor capaz de rodar com álcool ou gasolina – e sua conhecida confiabilidade e durabilidade.

A 307 SW tem o visual mais agressivo, com seus faróis espichados e a grande “boca”, enquanto a Fielder é a mais conservadora das três. Já a Mégane Grand Tour tem o design mais atual: as lanternas traseiras invadem a coluna e o teto fica mais baixo na parte traseira

AO VOLANTE

A posição de dirigir pode não ser tão alta quanto a das minivans, mas em compensação a estabilidade é muito melhor nas peruas, assim como o acerto das suspensões. Nesse quesito, vitória para a Mégane, com melhor equilíbrio entre conforto e esportividade – é bastante firme e absorve muito bem os impactos.

Na Fielder, o acerto mais esportivo resulta em mais solavancos (esportividade não é prioridade para o consumidor de peruas). A 307 SW é a única com suspensão traseira independente, mas delicada demais para pisos irregulares um preço pago por ser fabricada na França, para rodar em ruas e estradas lisinhas. Ela é a única importada deste comparativo.

Na hora de acelerar, empate técnico. O motor 2.0 Peugeot, mais potente (143 cv) e com maior torque (20 kgfm), ganhou vida com o câmbio manual, e responde com vigor ao pé direito. Já a Mégane fica só um pouco atrás, com seu 2.0 de 138 cv e 19,2 kgfm, mas têm como trunfo o câmbio de seis marchas, com relações mais reduzidas (maior agilidade) de primeira a quinta, maior economia de combustível e menos ruído em altas velocidades.

Já a Fielder é a única com motor 1.8. São 136 cv, com álcool ou gasolina e apenas 17,5 kgfm. Mesmo mais leve e com o sistema VVT-i (controle eletrônico das válvulas de admissão), fica atrás das concorrentes na aceleração e nas retomadas, e o motor é mais barulhento na estrada. Mas, além de ser flex, é mais econômica, principalmente na cidade.

MÉDIA DE VENDAS

(JANEIRO-MARÇO)

TOYOTA FIELDER

696

MÉGANE GRAND TOUR

450

PEUGEOT 307 SW

113

MAREA WEEKEND

5

Seguro

Com perfil

Sem perfil

Franquia

FIELDER

R$ 2.023,91

R$ 10.634,42

R$ 2.284,00

GRAND TOUR

R$ 2.280,57

R$ 11.875,52

R$ 2.284,00

307 SW

R$ 1.806,96

R$ 12.699,35

R$ 5.084,00

ESPAÇO, CONFORTO, SEGURANÇA…

Uma perua para a família precisa oferecer espaço e conforto. É aí sim a Fielder perde feio para as rivais. Quando se fala em espaço para passageiros, o que importa não é só o tamanho do carro, mas a distância entreeixos, ou seja, o quanto desse tamanho é destinado ao habitáculo. São 2,60 metros na Fielder, contra 2,69 na Renault e 2,70 na Peugeot – que vence também por ter três bancos traseiros individuais – por isso leva melhor e com mais comodidade cinco passageiros.

Além de mais espaço para os ocupantes, Peugeot e Renault também levam mais bagagem. Com os bancos em posição normal, são apenas 411 litros na Fielder, menos que em um sedã compacto. Na 307 SW, são 565 litros e na Mégane, 520 litros.

As três têm bancos traseiros bipartidos e rebatíveis, para o caso de se levar mais bagagem e menos pessoas. Em último lugar, a Mégane Grand Tour. Tem o pior sistema, no qual o assoalho não fica totalmente plano, e deixa exposto o fundo de espuma do banco dobrado. Na Fielder, apesar do menor espaço, tudo se encaixa, o piso fica plano e o acabamento é de primeira.

Mas a vitória é da 307, que permite que o motorista retire os assentos, o que a deixa com 2.082 litros de capacidade, ou até mude sua disposição, utilizando-os na terceira fileira (essa terceira fileira seria para as duas poltronas extras que deixariam o modelo com sete lugares, mas o carro foi homologado no Brasil para apenas cinco passageiros). Ou seja, modularidade total.

Na lista de itens de série e opcionais (veja relação completa no box), outra vitória da Peugeot, com destaque para os seis airbags de série e para o teto de vidro com forro que se fecha ao toque de um botão. A Mégane tem só dois airbags, mas é a única com regulador e limitador de velocidade. Na Fielder, também há dois airbags, mas faz falta a regulagem de profundidade do volante e outros itens que a deixariam mais próxima dos modelos concorrentes.

CONCLUSÃO

Uma escolha difícil, que vai depender das prioridades e da utilização de cada consumidor. A Fielder é bicombustível, mais econômica para rodar na cidade, mais fácil de revender, mas tem menos espaço e equipamentos, menos potência e é mais ruidosa na estrada.

As francesas são mais espaçosas, mais confortáveis, parecidas em muitas coisas… mas a 307 SW tem mais charme, potência e segurança e, por isso, poderia levar o primeiro lugar. Mas sua suspensão é delicada, ela é importada, tem manutenção e seguro mais caros e menos mercado. Vitória da Mégane Grand Tour.