16/10/2013 - 13:51
O Ford EcoSport tem motivos para ficar preocupado. Depois de roubar a cena no Salão de Buenos Aires, em junho, enfim o Chevrolet Tracker chega ao Brasil – e com “sangue nos olhos” para atazanar a vida do Ford. O representante da GM para o segmento de SUVs urbanos é um produto global, desenvolvido na Coreia do Sul e vendido em mais de 140 países. “Devíamos um produto nesse segmento. Ele se chama Trax nos outros mercados, mas decidimos usar Tracker pelo histórico de sucesso do modelo no passado”, explica Hermann Mahnke, diretor de marketing da marca.
Montado sobre a mesma plataforma de Sonic, Cobalt, Spin, Onix e Prisma, a carroceria do Tracker, comparada à do Ford, é 34 mm maior no entre-eixos, 21 mm na bitola e 40 mm no comprimento. A robustez tão apreciada pelos consumidores desse tipo de carro é caracterizada visualmente pelas caixas de rodas saltadas. A carroceria, com 60% de aço de alta resistência, não traz o estepe na tampa do porta-malas – detalhe fora de moda.
Ao entrar no veículo, a cabine logo agrada: é ampla, com bom espaço para ombros e cabeça. “Trabalhamos para privilegiar as dimensões da cabine e oferecer mais flexibilidade”, conta William Bertagni, vice-presidente de engenharia de produto da GM na América do Sul. Ao todo, 25 porta-objetos facilitam a vida na hora de acomodar “tralhas” do dia a dia, como telefone celular, carteira e moedas. O banco do passageiro pode ser rebatido (como no Chevrolet Agile), mas falta um encosto de cabeça para o terceiro ocupante do banco traseiro. Já o porta-malas tem apenas 306 litros de capacidade – semelhante ao de um hatch compacto; o Ford EcoSport oferece 362 litros). Uma boa sacada é a cobertura do compartimento de cargas, que, quando não usada, pode ser acondicionada em um local específico, evitando a perda de espaço útil.
O motorista encontra uma posição de dirigir elevada e o assento tem ajustes de altura e lombar. A coluna de direção oferece ajuste de altura e de profundidade. Como acontece no Cobalt, Spin, Onix e outros carros da Chevrolet, o painel combina conta-giros analógico e velocímetro digital – o que é uma solução no mínimo polêmica. No Tracker, esse quadro de instrumentos ganhou elementos 3D e cromados. O conhecido sistema de conectividade My Link, com tela de sete polegadas sensível ao toque, também ganhou mudanças para ficar mais integrado ao console central e uma luz contornando sua parte inferior. Além disso, ele já está preparado para receber as atualizações programadas pelo fabricante.
Sob o capô, o motor Ecotec 1.8 16V, com coletor de admissão e duplo comando variável. Há também um conjunto de injetores de óleo que refrigeram os pistões. “Baixando a temperatura é possível extrair mais potência e desempenho com durabilidade”, explica Paulo Riedel, diretor de Powertrain da GM. Como pudemos comprovar, o Tracker deslancha sem muito esforço, já que 90% do torque está disponível a apenas 2.200 rpm. Nos giros mais altos, o ruído do motor invade a cabine – mas nada que incomode. Também coopera para esse desempenho a esperta transmissão automática de seis marchas com opção de trocas sequenciais pelo botão ao lado da alavanca de câmbio – um pouco desconfortável de operar (igual à do EcoSport). Trata-se da segunda geração da caixa GF6 (chamada de GF62). Comparada à antecessora, diminuiu em 0,5 segundo as trocas para as marchas à frente e em 0,7 segundo as reduções. Além disso, o consumo ficou 5% melhor.
O Tracker transmite ao condutor e passageiros a sensação de estar em um sedã, devido ao seu comportamento dinâmico. As suspensões trabalham silenciosamente e absorvem as imperfeições do piso de maneira confortável. Nas curvas contornadas mais rapidamente, a carroceria não mostra tendência de adernar. “Embora desenvolvido na Coreia, os últimos testes e acertos finais foram realizados no campo de provas da marca em Indaiatuba, no interior de São Paulo. Queríamos ter certeza de atingir o gosto dos brasileiros”, explica William.
Artifício para incomodar o Eco esse Chevrolet tem. O Tracker desembarca nas concessionárias em duas configurações da versão LTZ e com preços de R$ 71.990 e R$ 75.990. Esta última, além de todo o pacote de conforto e de segurança, traz teto solar e airbags laterais e de cortina. Já o Eco, na versão Titanium 2.0, custa de R$ 73.900 a R$ 77.690. A briga vai ser interessante. Que vença o melhor.