As duas são picapes médias tradicionais em nosso mercado, produzidas por GM e Ford. Apesar de estarem devendo ao consumidor brasileiro versões atualizadas (ambas são estruturalmente antigas, apesar das inúmeras reestilizações), ainda possuem uma grande legião de admiradores e são indiscutivelmente robustas. Agora são oferecidas por preços tentadores: é possível comprar tanto a Ranger quanto a S10 por cerca de R$ 50.000, ambas já com ar condicionado, direção hidráulica, som (de série na Ranger, acessório na S10), pára-choque na cor do carro, rodas/pneus aro 16 (de liga na S10). Preço das picapes pequenas equipadinhas. Interessante…

O modelo da Ford saiu na frente: no fim do ano passado, de olho no atraente mercado de picapinhas, a marca compôs uma versão da Ranger por R$ 49.990, mas que agora, com o mercado aquecido, é vendida por R$ 53.340. Batizada de Sport, a versão já é um sucesso, com vendas superiores à previsão da marca. Equipada com o moderno motor Duratec (feito em alumínio) 2.3 16V de 150 cv, a Ranger Sport tem boa performance e consumo de gasolina bom para uma picape: 8,6 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada. Mas é aí que mora o problema da Ranger: sem tecnologia flex, só roda com gasolina. Dependendo da região, certamente isso significa prejuízo para o bolso.

De olho nos resultados da concorrente, a GM, que só vendia a cabine simples com o caro motor diesel, agora, na linha 2009, apressou-se em criar uma versão de cabine simples com seu bom motor 2.4 flex. Apresentada em sua versão básica a pouco menos de R$ 47.000 (bem despojada, para trabalho), a nova S10 cabine simples tem uma versão (identificada pela sigla PDE na lista de preços da marca) bem equipadinha, por pouco menos que R$ 50 mil. Sem dúvida, tratase de uma versão bastante interessante, tanto no preço quanto em sua configuração de equipamentos e no acabamento. Seu grande trunfo com relação à concorrente está na tecnologia flex, de série para o novo modelo: o dono da S10 tem a liberdade de abastecer seu carro com álcool ou gasolina, o que mais lhe convier financeiramente. Certamente uma tremenda vantagem da picape GM sobre a Ranger.

A Ranger tem linhas retas, sem recortes e vincos na carroceria…

…e a S10 tem entrada de ar no capô (estética) e diversos vincos

Os painéis das duas picapes são ultrapassados. Na Ranger, acima, destaque para o CD player integrado ao painel, de série, e para o porta-garrafas ao lado da alavanca de câmbio (foto maior)

Na S10, de mais moderno, apenas a nova iluminação do painel, com luz azul. Os botões dos vidros elétricos, acima, entregam a idade da picape, e CD player só como acessório

Em termos de potência, apesar da maior capacidade cúbica, o motor da Chevrolet é menos potente: são 141 cv em 2,4 litros, contra os bons 150 cv em 2,3 litros da Ranger. A coisa muda de figura quando abastecemos a S10 com álcool: fica com 147 cv, pouco menos que a Ranger, mas com performance bem superior. O segredo? A curva de torque do motor 2.4 com álcool mostrase superior aos resultados da Ranger (o torque máximo da S10 vem a 2.400 rpm, enquanto o motor da Ranger mostra sua melhor performance a 3.750 rpm). Acelerando juntas, a S10 vai embora e deixa a Ranger para trás. Só para que se tenha uma idéia, enquanto a Ranger Sport acelera de 0 a 100 km/h em 13,7 segundos, a S10 completa a prova em 11,1 segundos. Ponto para a Chevrolet.

Nas fichas técnicas acima, fica clara a vantagem da S10 em desempenho e consumo, apesar de menos potente. Abaixo, os principais alvos das investidas de GM e Ford: as picapinhas top de linha

Pelo mesmo preço…

Fiat Strada Adventure, R$ 50.197

Com motor 1.8 flex, a picape da Fiat tem, pelo preço acima: cabine estendida, ar-condicionado, direção hidráulica (e mais itens de série), e os opcionais sensor de chuva. faróis automáticos, retrovisor interno eletrocrômico e rodas de lliga leve com pneus mistos.

Chevroler Montana Sport, R$ 52.967

O preço acima é da versão Sport 1.8 com pacote completo, que inclui, entre outros itens, freios ABS, airbag duplo, rodas de alumínio, alarme, controle elétrico dos retrovisores e preparação para som. Se você quer uma picape pequena, prefira a versão 1.4.

No consumo, o maior torque nas rotações baixas favorece a dirigibilidade suave e o baixo consumo da picape da Chevrolet. A S10 chega a percorrer 9,3 km com litro de gasolina na cidade e 12,4 km/l na estrada, e consegue ser mais econômica em quase todas as situações de uso. Com álcool, faz 6,3 e 8,2 km/l (cidade/estrada).

Construtivamente, se assemelham. Ambas são robustas, e a S10 leva vantagem de ter acabado de receber uma reestilização. Ela ficou com linhas mais agressivas, ligeiramente mais modernas. A Ranger já há algum tempo não sofre alterações em suas linhas, apenas em detalhes de acabamento. A grande novidade na Sport foi a adoção de uma nova suspensão traseira, com bitola maior e novos pontos de ancoragem dos eixos e amortecedores, agora dispostos longitudinalmente e fixados diretamente nas longarinas. Sem dúvida, o binômio conforto/estabilidade evoluiu. Atualmente, o comportamento dinâmico de ambas quase se equivale, com ligeira vantagem para a Ranger, graças à suspensão traseira e ao sistema de direção tipo pinhão e cremalheira, que proporciona mais precisão. Na S10, a antiga direção setor/sem-fim deixa a desejar.

Resta, finalmente, o fator preço, e a S10 leva a melhor. Mais barata na versão básica e mesmo com opcionais de conforto e estética. Isso dá à picape da GM uma boa vantagem sobre a concorrente, atualmente com preço sugerido de R$ 53.340, sem ser flex. Há informações de bastidores, não confirmadas, de que a Ranger passará por alterações de linha no segundo semestre. Talvez no Salão do Automóvel tenhamos uma nova Ranger. É esperar para ver.