A Ford deu mais um passo em direção ao lançamento do novo Ford Ka. A versão sedã foi apresentada em fevereiro, em São Paulo, como “Ka Concept 4-portas”. Nenhum detalhe técnico foi revelado, tampouco o interior do carro. É a mesma estratégia de lançamento usada para o EcoSport e a Ranger. E que também vem sendo feita para o Ka hatch, apresentado apenas como “Ka Concept” e que agora está sendo internamente chamado de “Ka 5-portas”. Mas o mistério do nome continua. O modelo hatch vai mesmo se chamar apenas Ka, mas aparecerá na campanha de lançamento da Ford como “Novo Ka”. Para o sedã estava reservado o nome Escort (como MOTOR SHOW revelou na edição 367), mas a existência de um novo Escort na China, de porte maior, inviabilizou esse batismo – até porque a Ford hoje é totalmente globalizada e o modelo chinês pode um dia interessar ao mercado brasileiro. O Ka três volumes não se chamará Ka Sedan nem Ka 4-portas. Terá um outro nome, agora guardado a sete chaves.

Enquanto o nome não vem, vamos chamá-lo de Ka sedã. Ele foi apresentado à mídia brasileira no mesmo dia em que apareceu no Salão de Nova Déli, na Índia. Lá, o carro está sendo chamado de “Ford Figo Concept”, pois Figo era o nome do Fiesta Rocam naquele país. A preocupação da Ford em buscar um nome próprio para o Ka sedã tem uma razão: o carro chega para brigar diretamente com o Volkswagen Voyage, o Chevrolet Prisma e o Fiat Siena, que nada mais são do que as versões três volumes do Gol, do Onix e do Palio. Descartado o nome Escort, dificilmente a Ford reutilizará um nome já usado, como Corcel, Verona ou Versailles. Dos três, Verona teria mais chances – mas, como é da época da Autolatina, a Ford deve preferir esquecê-lo. Verona era a versão da Ford para o Volkswagen Apollo.

O Ka sedã foi desenvolvido no Centro de Engenharia e Design de Camaçari, na Bahia. Trata-se do quarto modelo global feito no Brasil (os outros são o EcoSport, o novo Ka hatch e o caminhão Cargo). “O Ka é um exemplo de veículo global que atende às necessidades locais”, disse o presidente da Ford, Steven Armstrong. O sedã é exatamente igual ao hatch até a porta traseira. E é um pouco mais longo na traseira do que o Figo Concept mostrado em Nova Déli. O desenho do Ka sedã é bastante harmonioso. Chamou a atenção o vinco que parte do paralama dianteiro, abaixo do retrovisor, segue pelas duas portas, formando a sua linha de cintura, e continua na parte traseira, onde não acaba! O vinco contorna o carro, aparece nas lanternas traseiras e segue na tampa do porta-malas, dando uma volta de 270 graus no Ka. As rodas do sedã também são diferentes das do hatch – possuem 15 raios, privilegiando a elegância e não a esportividade. A tampa do porta-malas tem um leve aerofólio.

Para o chefe de design da Ford, João Marcos Ramos, o consumidor de um sedã compacto procura proteção para a família, confiança de que o carro entregará o que promete e conforto, que deve ser transmitido já pelo design externo. Segundo a Ford, os brasileiros gostam de carros que dão status. Por isso, o Ka sedã terá vários elementos de modelos maiores, como o New Fiesta Sedan, o Focus Sedan e até mesmo o Fusion. Claro que a principal semelhança está na grade hexagonal. O vice-presidente Rogelio Golfarb disse que “o mercado está segmentando dentro do próprio segmento, por isso a Ford veio com dois modelos”. Foi além: “Tecnologia é o nome do jogo atual. Não basta ter design e espaço interno, é preciso ter tecnologia”. Uma das novidades do Ford Ka sedã é o dock-station, uma peça que permitirá ao usuário encaixar seu próprio smartphone enquanto dirige. “As pessoas não querem ficar nem dez minutos longe de seus smartphones, então a gente quer que elas olhem para os aparelhos com segurança”, explicou Golfarb. Para atender à demanda por tecnologia, a Ford trará equipamentos novos para esse segmento, como controle de estabilidade. O dockstation deve vir em toda a gama. “A conectividade precisa estar disponível já na versão de entrada e não só na top”, garantiu Osvaldo Ramos, gerente de marketing. Ele também sugeriu que o carro virá com ar-condicionado e direção hidráulica de série. “Olhando o mapa do Brasil, de São Paulo para cima ninguém compra carro sem ar-condicionado”, disse. Quanto ao posicionamento do novo Ka, Ramos disse que “a linha está dirigida para concorrer com Gol e Voyage, não contra o Up”, citando os modelos da Volkswagen. Pelo menos até setembro, o carro de entrada da Ford será o velho Fiesta Rocam, que tem tido boa procura. Mas Osvaldo Ramos alertou: “Não fazemos superposição de preço”. Como o New Fiesta Sedan começa em R$ 50.990, não será surpresa se o Ka sedã ficar numa faixa entre R$ 36.000 para a versão de entrada e R$ 46.000 para a topo de linha.

Quanto ao Fiesta Rocam, que ainda é vendido nas versões Hatch e Sedan, sua vida pode se prolongar se as vendas continuarem altas. “Quem determina o fim de uma linha é o mercado, não a montadora”, disse Armstrong. A próxima etapa no lançamento do novo Ka será a apresentação do inédito motor 3 cilindros 1.0 da Ford. Além de bloco, o novo Ka também deve usar o motor 1.5 que já equipa o New Fiesta Hatch.