29/10/2025 - 18:00
As montadoras globais estão se esforçando para encontrar chips e verificando se os fornecedores têm estoques suficientes, já que uma crescente crise no fornecimento de semicondutores relacionada à empresa holandesa Nexperia ameaça a produção de automóveis em todo o setor.
Pequim proibiu as exportações de produtos da Nexperia a partir da China depois que o governo holandês assumiu o controle operacional da fabricante de chips no mês passado, citando preocupações com a transferência de tecnologia para sua controladora chinesa, a Wingtech — algo apontado pelos Estados Unidos como um possível risco à segurança nacional.

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Montadoras
A Nissan e a Mercedes-Benz estão entre as montadoras que tentam lidar com uma situação de fornecimento incerta. A Nissan afirma ter chips suficientes até a primeira semana de novembro — daqui a poucos dias.
Já a produção da Honda em uma fábrica no México foi suspensa na terça-feira, e a empresa já começou a ajustar a fabricação nos Estados Unidos e no Canadá, disse um porta-voz.
Segundo um funcionário do governo brasileiro, algumas fábricas podem ter que interromper as operações dentro de duas a três semanas se a crise continuar.
Os chips da Nexperia são amplamente utilizados em componentes automotivos, tornando a crise de fornecimento o mais recente desafio para um setor que já enfrenta tarifas norte-americanas e restrições chinesas às terras raras.
“É um problema sério”, disse nesta quarta-feira Guillaume Cartier, diretor de Desempenho da Nissan, a jornalistas no Japan Mobility Show, em Tóquio. “No momento, não temos uma visão completa da situação.”
Cartier afirmou que a montadora estava “bem servida até a primeira semana de novembro” em termos de fornecimento de chips.
Mesmo que as montadoras tivessem aprendido a lição com a escassez da era da Covid-19 e estocado chips, elas ainda estavam à mercê de seus fornecedores, incluindo os menores, acrescentou o executivo.
Embora fosse possível ter uma noção do estado da oferta de seus maiores fornecedores de “nível 1”, isso se tornava mais difícil à medida que se avançava na cadeia de suprimentos, afirmou Cartier.

Mercedes busca fornecedores
“É evidente que estamos vasculhando o mundo em busca de alternativas”, disse o presidente-executivo da Mercedes-Benz, Ola Källenius, acrescentando que a montadora alemã está “preparada” para o curto prazo.
Segundo Källenius, esta situação é diferente da última crise dos chips, pois agora o problema tem raízes políticas e exigirá uma solução política.
Isso também serviu como um lembrete de que as cadeias de suprimentos globais deixam os fabricantes vulneráveis aos atritos do comércio internacional.
“Em um carro moderno de alta tecnologia, você tem praticamente os cinco continentes dentro dele”, disse Källenius.
As montadoras agora estão considerando a paralisação da produção ou o uso de peças alternativas para contornar a escassez, disse Klaus Schmitz, sócio da consultoria Arthur D. Little.
Mas, em última análise, as empresas — e os governos — vão querer se sentar à mesa com a China para encontrar uma solução.
“Com certeza, as empresas agora negociarão com a China. Os governos estão negociando com a China, principalmente os EUA”, disse Schmitz. “O verdadeiro impacto ainda precisa ser visto, mas é muito provável que seja uma situação bastante crítica.”
