30/10/2025 - 14:00
A principal fábrica da Volkswagen em Wolfsburg, na Alemanha, pode parar sua linha de produção por falta de chips semicondutores importados de uma empresa pivô de uma disputa entre os governos de China, Holanda e EUA.
A automobilística já sonda as autoridades da Alemanha sobre a possibilidade de reduzir as jornadas de trabalho em Wolfsburg, e há especulações na imprensa alemã sobre se a unidade será capaz de manter o ritmo de produção a partir de novembro.
“Atualmente, a produção não está comprometida. Diante da situação dinâmica, porém, não é possível descartar impactos de curto prazo sobre a produção”, afirma a empresa em comunicado interno que vazou na quarta-feira.
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Problema surgiu após disputa entre EUA e China
O problema surgiu após o governo holandês assumir em setembro o controle da Nexperia, ligada ao grupo chinês Wingtech. A decisão ocorreu por pressão dos Estados Unidos, que em 2024 classificou o conglomerado como um problema à segurança pública.
A Nexperia é a principal fornecedora mundial de semicondutores simples, como diodos e transistores, e também fabrica chips modernos usados em carros elétricos. Mas apesar de estar agora sob controle holandês, parte de sua linha de produção ainda ocorre na China. No início de outubro, Pequim retaliou a decisão da Holanda de assumir o controle da empresa suspendendo a exportação de chips para a indústria automobilística.

O alerta da Volkswagen e demais montadoras
Fabricantes europeias reagiram alertando que a suspensão das exportações da Nexperia pela China afetaria a linha de produção de marcas como Volkswagen, BMW e Mercedes. A disputa também preocupa fabricantes japonesas, como Honda e Nissan, informou o jornal britânico The Guardian.
“Isso mostra mais uma vez quão vulneráveis nós somos na Europa, também no que diz respeito a cadeias produtivas. O governo federal faz bem em manter estreito contato com o setor [automobilístico] em busca de soluções”, afirmou o porta-voz do Partido Social Democrata para assuntos econômicos e de energia, Sebastian Roloff, à emissora de TV alemã ARD.
Roloff, porém, ressaltou que é importante dialogar com a China em busca de soluções de curto prazo.

Nesta quinta-feira, a Volkswagen anunciou estar em busca de “fornecedores alternativos, de modo a minimizar possíveis efeitos sobre a cadeia produtiva”. Mensagem semelhante também veio da Mercedes-Benz, que quer evitar um cenário como o da pandemia de covid-19, quando a indústria sofreu com a falta de semicondutores.
Um porta-voz da Volkswagen desmentiu reportagem do tabloide alemão Bild que alegava que a falta de chips põe em risco também uma fábrica em Zwickau. Uma outra fonte interna, porém, admitiu que há conversas “preventivas” com as autoridades alemãs sobre uma possível redução da jornada de trabalho em Wolfsburg.
Em Zwickau, a produção já foi reduzida por falta de demanda, com uma pausa de uma semana no início de outubro e a eliminação de mais de 10 mil postos de trabalho.
