19/05/2025 - 6:00
Os carros elétricos têm se tornado sinônimos de sustentabilidade e uma das principais alternativas para aliviar os altos índices de carbono que são emitidos pelos motores à combustão. Porém, há um ponto a ser considerado: um EV pode emitir 60% mais carbono em seu processo de fabricação, quando comparado com um carro à combustão convencional. Afinal, envolve a mineração de lítio e outros materiais para a produção das baterias de tração.
De acordo com Renato Aguiar, professor de Engenharia Elétrica da FEI (Fundação Educacional Inaciana), a emissão elevada ainda envolve outras peças do carro, como estamparia, forja de componentes metálicos, eletrônicos e polímeros, além da eletricidade usada nos processos de fabricação.
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Carro elétrico emite menos CO2 a longo prazo
Em contrapartida, segundo o profissional, os modelos 100% elétricos acabam compensando essa “desvantagem” na emissão de CO2 em cerca de quatro anos de uso, considerando uma média de 20 mil km rodados ao ano.
A partir desse período, portanto, os elétricos já podem começar a ser mais eficientes que os modelos comuns, a combustão. Considerando uma matriz energética limpa para recarregá-los, claro.

Qual a diferença na prática de emissão entre um carro elétrico e um à combustão?
Para efeito de comparação, um carro a combustão emite cerca de 3,74 toneladas de carbono durante a produção, enquanto num EV esse número salta para 6,57 toneladas, com base num estudo publicado pela plataforma Economics.td e consultoria Nelson. Porém, ao considerar o funcionamento, um carro à combustão emite cerca de 4,6 toneladas de carbono anualmente, com uma média de 20 mil km rodados, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA.
O carro elétrico não emite carbono diretamente, apenas para seu carregamento. Em países como o Brasil, com uma matriz energética 85% renovável, a recarga de um modelo movido a bateria emite 1,7 tonelada de carbono indiretamente, a cada ano, ou seja, 63% menos que um carro à combustão.

“Quando abordamos questões como a bateria de lítio e o descarte delas, ainda enfrentamos muitos desafios. É um problema que está sendo observado e se tem tentado encontrar soluções eficientes. Uma das alternativas é melhorar o ciclo de vida das baterias por meio de uma reciclagem eficiente, reutilização em casas ou empresas”, comenta Aguiar.
Pensando que alternativas para reutilizar a bateria já estão em andamento e que os carros elétricos compensam a emissão de carbono em média dentro do prazo de até quatro anos, no Brasil o desafio também se encontra na infraestrutura. Os postos de carregamento, mesmo os lentos, se concentram nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro. No interior desses mesmos estados são raridade, dependendo da localização.

As regiões Norte e Nordeste ainda são muito escassas de eletropostos. De acordo com dados da Agência Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), 64% dos postos de recarga se encontram no Sul e Sudeste do Brasil.
“Obviamente, com o aumento da quantidade de carros elétricos haverá, certamente, uma diminuição da poluição do ar. Também, os motores elétricos são bem mais silenciosos, diminuindo a poluição sonora e proporcionando uma cidade com um trânsito mais quieto. Por fim, o carro elétrico proporciona menor dependência do petróleo, o que permitirá diminuir a sua exploração. De acordo com dados da Agência Internacional de Energia, até 2035, planeja-se uma redução de demanda de 10 milhões de barris de petróleo por dia.” finaliza o professor da FEI.