Lembra da Puma? Quem viveu nos anos 80 sabe da dificuldade de conseguir um carro diferentão para passear por aí. Importações fechadas, produção nacional em série com poucas marcas e modelos…era difícil se destacar na multidão.  

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Puma foi uma das protagonistas

Puma GT – Foto: divulgação

Por essas e outras, surgiram pequenas fabricantes regionais de automóveis, que estampavam seus modelos em fibra de vidro na maioria dos casos, e buscava um público mais seleto e “especial”. Eram os famosos carros fora-de-série. Uma dessas marcas foi a Puma, conhecida pelos esportivos coupé com motorização VW ou GM, que estampava carrocerias em fibra de vidro. Faziam carros diferenciados para quem queria ir além de um Opala ou Galaxie.

Sua história começa em 1964, quando quatro entusiastas apaixonados pelos DKW-Vemag se juntaram para criar a Lumimari — nome formado pelas iniciais de Luiz Roberto Alves da Costa, Milton Masteguin, Mário César de Camargo Filho (o piloto Marinho) e Rino Malzoni.  

GT Malzoni – Foto: divulgação

A ideia era simples: produzir um cupê de dois lugares com carroceria em fibra de vidro, mas usando toda a mecânica da Vemag. O carro recebeu o nome de GT Malzoni, e a parceria com a Vemag era uma baita vantagem. 

Mudança de nome e nova fase

Em 1965 e 1966, poucas unidades foram produzidas. Mas em julho de 1966 a sociedade mudou: Marinho saiu e entraram José Luiz Fernandes, ligado à família dona da Vemag, e Jorge Lettry, ex-chefe do departamento de competições da empresa. Foi Lettry quem sugeriu trocar o nome para Puma Veículos e Motores S.A., muito mais comercial e com a imagem de agilidade e força do felino. 

Puma GT 1967 – Foto: divulgação

O GT Malzoni, desenhado por Rino Malzoni em sua fazenda em Matão (SP), foi atualizado no mesmo ano pelo conhecido desenhista Anísio Campos. Nascia então o GT, ainda com o motor de três cilindros e dois tempos da DKW. Ele foi exibido no Salão do Automóvel de 1966 e chamou atenção pelo desenho arrojado. 

Chegou a VW

Com a compra da Vemag pela Volkswagen em 1967, ficou claro que a mecânica DKW estava com os dias contados. Para seguir viva, a Puma precisava mudar. Sob orientação de Lettry, veio então um novo projeto: um cupê de dois lugares com motor boxer traseiro arrefecido a ar da VW. Era o GT 1500, lançado em 1968. Ele usava chassi de Karmann-Ghia encurtado, motor de 50 cv (com carburadores Brosol duplos e escapamento próprio) e carroceria leve em fibra de vidro. Resultado: bom desempenho e estilo de sobra. 

Puma GT 1969 – Foto: divulgação/Puma Classic

No final de 1968 a Volkswagen lançou o 1600 quatro-portas, e a Puma logo aproveitou o motor maior. Surgiu em 1970 o GTE, com 1.585 cm³ e cabeçote de duplo duto, que trouxe muito mais eficiência. Em 1971 veio o conversível GTS. O sucesso foi tanto que em 1972 a VW lançou o SP2 como resposta ao esportivo brasileiro — mas, mesmo com motor maior, ele era mais pesado e não andava tanto quanto o Puma. 

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Durante os anos 70, os modelos da marca receberam pequenas mudanças de estilo, até que em 1976 ganharam uma reestilização maior: deixaram de usar o chassi do Karmann-Ghia e passaram para o do Brasília, mais largo, o que resultou em um carro novo e mais moderno. 

Puma GTB S2 1979 – Foto: divulgação

1986: dificuldades financeiras

A marca seguiu firme até meados dos anos 80. Em 1986, já em dificuldades, foi vendida para a Araucária, no Paraná, e depois para a Alfa Metais, que ainda produziu alguns modelos, mas sem o mesmo brilho. Além dos esportivos com motores VW, a Puma também fez o GTB, equipado com o seis-cilindros do Opala, e até um caminhão médio de quatro toneladas com cabine em fibra de vidro (o 4T). 

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A Puma deixou de existir como fabricante, mas ficou marcada como o maior nome dos esportivos nacionais. Para muita gente, até hoje, falar em esportivo brasileiro é lembrar dos esportivos da marca do felino, que aceleraram nos anos 60, 70 e 80.