Você tem a grana, cerca de quarenta paus. Quer um carro que combine com seu estilo esportivo, com sua personalidade. Quais são os carros com essas características nessa faixa de preço? Temos três opções, por ordem de preço: Volkswagen Gol Rallye (R$ 40.060), Fiat Palio Sporting (R$ 40.270) e Renault Sandero GT Line (R$ 40.960). Essas versões do Gol e do Palio também estão disponíveis com câmbio automatizado. O Nissan March 1.6 SR (R$ 40.590) não estava disponível para avaliação. Na linha Fiat, existem ainda uma opção mais barata (Uno Sporting 1.4) e duas mais caras (Punto Sporting 1.8 e Bravo Sporting 1.8). Mas vamos nos concentrar nos três com preços mais próximos para este comparativo – todos, aliás, equipados com motor 1.6.

Sejamos claros desde o início: nem o Gol Rallye, nem o Fiat Palio Sporting, nem o Sandero GT Line estão à altura da tradição da Volkswagen, da Fiat e da Renault na fabricação de carros esportivos. Infelizmente, a maioria das versões esportivas hoje em dia, aqui no Brasil, resume-se a alguns adereços estéticos, que tornam os carros mais bonitos, mas os fabricantes passam longe das mudanças técnicas profundas. Na verdade, a única que mexeu um pouco no carro foi a Volkswagen, que elevou a suspensão do Gol em 2,3 centímetros e colocou pneus de perfil mais alto para ganhar outro meio centímetro. Muito pouco se lembrarmos que essas marcas já fizeram ou fazem carros empolgantes como, o Gol GTi 2.0, o Fiat Uno 1.5 R e o Mégane R.S.

Diferentemente do saudoso Gol GTi, que tinha suspensão dura, bancos esportivos, pneus largos de perfil baixo e direção mais direta, o Gol Rallye adotou a esportividade aventureira. Afinal, a maioria das provas de rali, mesmo as de velocidade, é disputada em estradas de terra. Por fora, portanto, o Gol Rallye é muito atraente e tem os elementos que se espera dele: grandes faróis auxiliares, grade em colmeia, minissaias laterais, aerofólio traseiro e molduras nos para-lamas. As rodas de liga leve pretas são bonitas e os pneus 195/50 R16 estão dentro da proposta do carro. Durante nossa avaliação, não foram poucas as pessoas que consideraram o Gol Rallye o mais bonito dos três. Mas você entra no carro e – surpresa! – não existe nada que lembre um carro esportivo. Ok, tem pedaleiras de alumínio e o logotipo nos bancos. E só. Fora isso, tanto faz estar dentro de um Gol Rallye ou de um Gol Highline. O volante multifuncional é um item opcional e faz parte do pacote I-Trend – que inclui rádio com CD e bluetooth e tem o preço sugerido de R$ 1.160.

No aspecto visual, o Palio Sporting tenta entregar do lado de dentro um pouco da esportividade que se vê por fora. Também é um carro bonito, só que mais voltado para a estrada. As rodas cinzas com pneus 195/55 R16 ficaram muito bonitas nele. A maioria dos detalhes estéticos é preta, num bom contraste com a pintura do carro. Os faróis com moldura preta e canhões, a ponteira dupla de escapamento cromada, as saias laterais e os spoilers funcionam bem. Dentro do carro, o quadro de instrumentos tem um design esportivo e existem vários detalhes que ajudam na estética, como os cintos de segurança vermelhos, o volante de couro com costura vermelha, o bonito pomo da alavanca de câmbio e as soleiras internas das portas. Entretanto, para equipar o carro com um bom sistema de áudio você terá de gastar pelo menos R$ 985, que é o preço do Kit Evolution 1. Uma das opções do Palio Sporting é o Kit Interlagos, que custa salgados R$ 6.166. Ele inclui pintura amarela, volante de couro com comandos do rádio e costura amarela, cintos pretos, badge Interlagos, teto solar elétrico e bluetooth.

Embora pareça ser o mais discreto dos três, o Renault Sandero GT Line também ficou bonito no aspecto visual, graças aos detalhes esportivos, e tem a vantagem de já vir equipado com rádio CD/MP3 com bluetooth e entrada para iPod. Seu único opcional é o Media Nav, que custa R$ 650 e vale a pena. Por dentro, os bancos mais duros, o quadro de instrumentos com design arrojado e o volante de couro com costura vermelha também levam você a acreditar que está num carro esportivo. A ausência de saias laterais, entretanto, é injustificável, pois deixou o carro feio de perfil, com impressão de ser mal-acabado. As rodas de liga leve pretas são bonitas, mas, pelo porte do carro, ficariam melhor com aro 16 – os pneus têm as medidas 185/65 R15, ou seja, são estreitos e pequenos.

Rodando, especialmente em terrenos ruins, o Gol Rallye é o melhor dos três. Ele demonstra toda a versatilidade do best-seller da Volkswagen e tem uma ótima posição de dirigir. Nele, o motorista fica com o volante mais vertical, que é a melhor posição para conduzir um carro esportivamente. O câmbio tem engates muito fáceis e precisos. Mas a potência decepciona, pois são apenas 104 cv (com etanol), o que faz o pedal do acelerador encostar muito facilmente no batente – e sem dar a sensação de que o carro está respondendo adequadamente à sua solicitação. O torque de 15,6 kgfm, disponível a 2.500 rpm, também não empolga. O “problema” do Gol Rallye é ser um carro certinho demais para quem busca um pouco mais de emoção ao volante.

Já o Sandero GT Line tem praticamente a mesma potência do Gol Rallye: 106 cv no motor Hi-Flex 8V, com torque também parecido: 15,5 kgfm a 2.850 rpm. Por ser mais pesado, isso levou o Sandero a ter os piores números de aceleração dos três esportivos, como veremos mais adiante. Mas o Renault tem suas vantagens. É disparado o mais espaçoso dos três e seu interior é agradável, por ser despojado e com os toques de esportividade colocados na medida certa. É muito fácil visualizar ogirodomotoroua velocidade alcançada. Além disso, por ser mais largo, o Sandero ficou mais parecido com um esportivo  Rallye o motor trabalha mais silenciosamente, no Sandero GT Line ele “grita” a 3.400 rpm quando está a 120 km/h e leva o ponteiro do conta-giros a 4.000 rpm para atingir 140 km/h. É um carro mais duro também, o que agrada e dá boa estabilidade nas curvas. Seria muito melhor se o volante fosse mais grosso, para deixar a pegada menos cansativa. legítimo. Se no Gol Rallye o motor trabalha mais silenciosamente, no Sandero GT Line ele “grita” a 3.400 rpm quando está a 120 km/h e leva o ponteiro do conta-giros a 4.000 rpm para atingir 140 km/h. É um carro mais duro também, o que agrada e dá boa estabilidade nas curvas. Seria muito melhor se o volante fosse mais grosso, para deixar a pegada menos cansativa.

Mas se o assunto é potência o Palio Sporting dá um banho: seu motor 1.6 oferece 117 cavalos. Pena que o torque de 16,8 kgfm só seja entregue a 4.500 rpm. Ele também é o mais pesado dos três (35 quilos a mais que o Sandero e 72 quilos a mais que o Gol), mas isso não o impediu de ter as melhores marcas de aceleração (0-100 km/h em 9,8 segundos) e de velocidade máxima (191 km/h). O Gol Rallye acelera de 0-100 km/h em 10,9 segundos e o Sandero GT Line cumpre essa prova em 11,1 segundos. A máxima do Volkswagen é de 181 km/h e a do Renault é de 179 km/h. Dirigindo o Palio Sporting, você tem uma razoável sensação de estar num carro mais nervoso, devido ao forte ronco do motor. Assim como o Sandero GT Line, ele roda a 120 km/h com o conta-giros marcando 3.400 rpm e atinge 140 km/h a 4.000 rpm.

E então? Decidiu qual comprar? Vamos tentar ajudá-lo. Carro por carro, o Gol Rallye parece ser o mais acertadinho dos três, mas sua esportividade termina no visual externo. Se você não se incomoda com isso e vai rodar em pisos ruins, este é o seu carro. O Sandero GT Line é o que oferece maior espaço interno e equipamentos, mas a ausência das saias laterais deixam à mostra rebarbas de aço, e ele tem a pior relação peso/potência: precisa carregar quase dez quilos por cavalo, contra 9,8 do Gol e 9,3 do Palio. Pelo conjunto da obra, o carro que mais agradou nesse comparativo foi o Fiat Palio Sporting. Ele tem apelo esportivo por dentro e por fora, o motor mais potente e os melhores números de aceleração. Foi feito para rodar no asfalto e mostra boa estabilidade. O ronco forte de seu motor também ajuda na sensação de poder transmitida ao motorista. Talvez por isso ele seja o líder de vendas entre os esportivos derivados de hatch, com mais de 6.200 unidades emplacadas em 2013. Além disso, é uma porta de entrada para, futuramente, alçar voos mais altos, com o Punto Sporting ou o Bravo Sporting – aí sim, ambos com motor 1.8 de 132 cavalos.