Ele está mais compacto, jovial e esportivo, mas manteve o espaço e o conforto a bordo. Apesar das dimensões menores e do porta-malas maior, teve o entreeixos preservado – garantindo um vão livre de respeito para as pernas de quem vai atrás. Mas essa é apenas uma das novidades do novo Honda Accord. A nona geração do sedã tem muito mais refinamento tecnológico do que seus olhos poderão notar.

Esse refinamento começa pelo chassi. Para reduzir o peso do modelo, garantindo desempenho e baixo consumo, a Honda trabalhou detalhes construtivos, como o uso de chapas de alta resistência mescladas a peças de aço aquecidas. Esse processo, chamado hot stamp, torna o material mais resistente, sem, com isso, aumentar seu peso. O subchassi dianteiro também recebeu uma combinação de aço e alumínio unidos por fricção, sem soldas ou rebites. Uma novidade na indústria.

Dinamicamente, o modelo está mais equilibrado: apesar da troca da suspensão dianteira Double Wishbone pela MacPherson, mais barata, o uso de coxins ativos garantiu que o sedã continue a transpor irregularidades com conforto, mas contornando curvas com maior competência. Para auxiliar na condução, caso alguma instabilidade seja identificada pelos sensores, a assistência da direção (agora elétrica) fica mais rígida, obrigando o motorista a girar o volante para o lado que leve ao realinhamento do veículo.

Por dentro, a racionalidade típica dos modelos japoneses ainda impera. Tudo está no lugar correto e o acabamento é adequado, mas não há sofisticação. A oferta de itens, no entanto, cresceu. O modelo conta com seis airbags, sensores de estacionamento, câmera de ré, assistente em subidas e, na versão mais cara, partida sem chave e câmera de monitoramento do ponto cego. As duas versões se diferem principalmente pelo motor. A mais barata, avaliada, custa R$ 119.900 e tem um novo 2.4 quatro cilindros de 175 cv com duplo comando de válvulas no cabeçote, totalmente trabalhado para diminuir o atrito. Acoplado à eficiente transmissão automática de cinco velocidades (sem trocas sequenciais), garante bom desempenho ao modelo, com acelerações até empolgantes e retomadas satisfatórias. A versão topo de linha, de R$ 147.900, traz um V6 3.5 de 280 cv com desligamento de quatro cilindros quando não se exige potência pelo acelerador.

Apesar de toda a evolução, o Accord terá um desafio pela frente: convencer os consumidores de que vale a pena pagar mais para ter um carro robusto, confiável e com tecnologia construtiva apurada, mas que não oferece tantos gadgets quanto alguns de seus rivais. Afinal, um Ford Fusion topo de linha custa menos que a versão de entrada deste Honda. Será que dá para encarar?