A indústria automobilística passa por uma transição de modelos a combustão para as opções eletrificadas. Bom, isso não é novidade e vem ocorrendo nos últimos anos.

No entanto, uma coisa chamou a atenção recentemente. O elétrico Tesla Model Y se tornou o carro mais comercializado globalmente, com 1,06 milhão de unidades, superando o Toyota Corolla (1,01 milhão), há anos líder de mercado, segundo dados da Focus2Move.

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No Brasil, quem lidera é a picape Fiat Strada (120.600 unidades), com o Volkswagen Polo (111.242 unidades) na sequência – de acordo com dados da Fenabrave. Dois modelos a combustão.

Pensando nisso, quando será que poderemos ver uma liderança elétrica por aqui? Ou mesmo eletrificada? Por enquanto, o mercado de elétricos e híbridos está chegando nos 5% de participação no país e atingiu 93.927 emplacamentos em 2023.

Para isso, a Motor Show conversou com Murilo Briganti, COO da Bright, especializada em consultoria automobilística.

“Hoje, o veículo a combustão interna ocupa 95% do mercado em vendas. Lá em 2030, estamos projetando 40%, ou seja, os eletrificados seriam 60%. Dentro desses 60%, 10% seriam puramente elétricos.”

Para ele, após o programa Mover, implementado pelo governo federal, no qual incentiva o biocombustível, o carro híbrido vai desempenhar um papel importante para essa transição.

“Ele vai fazer com que toda a cadeia de suprimento e as montadoras consigam ir progressivamente, internalizando no país a produção de componentes para essa a eletrificação.”

Mas se o híbrido é uma solução a curto e médio prazo, por que as montadoras que estão há anos no Brasil, caso de Volkswagen e GM, por exemplo, ainda não investiram de vez nos eletrificados?

“A medida que você tem uma legislação que impõe uma meta de eficiência energética, as montadoras são obrigadas a realizar esse investimento. Mas houve uma evolução em termos de downsizing, com grande parte das opções de entrada com motor 1.0 turbo, que desenvolvem uma potência de 1.8, 2.0 de modelos de dez anos atrás. Mas ainda há uma defasagem em relação ao mercado global.”

O especialista ressalta que hoje o carro elétrico ainda é um nicho e com um volume incipiente.

“Trata-se de uma questão de preço e infraestrutura. Quem está comprando um carro elétrico hoje principalmente são famílias que têm mais de dois veículos, mora em São Paulo ou em grandes centros e tem uma viabilidade econômica.”