Entre as marcas chinesas presentes no Brasil, a primeira a anunciar uma fábrica local foi a Chery. A unidade, localizada na cidade de Jacareí (SP), inicia produção em abril do ano que vem. O modelo que será fabricado por lá também já não é mais um segredo. No último Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro de 2012, a marca apresentou ao público o Celer, seu primeiro nacional.

O carro, que acaba de chegar às concessionárias do País, ainda como um modelo importado da China, terá a dura missão de encarar, além do JAC J3, modelos de marcas como Toyota (Etios), Chevrolet (Onix) e Hyundai (HB20), entre outras. Como suas compatriotas, a Chery aposta, mais uma vez, no pacote “completão”: ar-condicionado, direção hidráulica, freios ABS com EBD, duplo airbag, som, alarme… Tudo de série.

Com apenas uma versão de acabamento, o hatchback sai por R$ 35.990; já na carroceria sedã, que também será nacional, custa R$ 36.990. “A previsão para este ano é vender seis mil unidades, sendo 75% do hatch e 25% do sedã”, afirma José Carlos Rodrigues, gerente de vendas da Chery Brasil.

O visual, assinado pelo estúdio italiano Torino Design, até sugere ares de sofisticação. No entanto, por dentro, o que se vê é absoluta simplicidade. Apesar de o banco do motorista e da direção serem ajustáveis em altura, é difícil achar uma posição confortável para dirigir. O painel de instrumentos tem uma gra a antiquada. No lugar do computador de bordo há um hodômetro parcial e um medidor de consumo instantâneo. Os pontos positivos estão no espaço para as pernas dos ocupantes que viajam atrás e, na versão sedã, na tampa do porta-malas, que abre junto com o vidro traseiro, facilitando na hora de carregar ou descarregar as bagagens.

Segundo a marca, o Celer foi “tropicalizado” com cerca de 150 itens alterados em relação ao modelo chinês, entre eles o motor, o câmbio e as suspensões. Sob o capô, ambas as versões usam o bloco Acteco 1,5 litro 16V com sistema bicombustível desenvolvido em parceria com a Delphi. Estranhamente, a marca não soube informar a potência com etanol, mas estimou algo em torno dos 112 cv.

O câmbio é manual de cinco marchas e o bom desempenho desse conjunto motriz só aparece em giros mais altos. Os freios não têm muita progressividade, são do tipo “borrachudos” e, ainda, o barulho da rolagem dos pneus incomoda. A altura e a rigidez das suspensões foram modificadas para suportar as condições do nosso asfalto. O ajuste macio demais, porém, prejudica a dinâmica do veículo, fazendo com que a carroceria role um pouco além da conta nas curvas.

Um problema que – sejamos justos – incomoda também em alguns de seus rivais, como o JAC J3, por exemplo (leia reportagem sobre a versão Sport do hatch J3 nesta edição). O modelo tem garantia de três anos sem limite de quilometragem e de dois anos para o motor, menos do que seu rival da JAC.