01/02/2009 - 0:00
A primeira coisa que me chamou a atenção no GLK foi seu design. “Quadradão” e com capô longo demais, ele me surpreendeu por ser menor do que eu esperava. O fato é que falta proporcionalidade em suas linhas – mas, por outro lado, não lhe falta robustez visual. Mais tarde, caí na estrada. Esperava uma posição de dirigir alta, mas me senti quase como em um sedã.
Na estrada, o desempenho do motor V6 com 231 cv me surpreendeu. Ele leva 7s6 para acelerar até os 100 km/h, número de um esportivo. A suspensão, com o sistema “agility control”, provou ser confortável e eficiente nas curvas, com firmeza que me levou a pensar que o modelo se sairia mal na terra.
Por isso, deixei o asfalto e fui explorar outros caminhos, agora de terra batida com trechos esburacados. Surpresa: graças ao sistema de suspensão, ele rapidamente se adaptou às novas condições, ficando mais suave e mantendo o conforto a bordo.
De volta à civilização, nas apertadas ruas de São Paulo – e na minha minúscula vaga de garagem – o GLK me irritou (e também a alguns motoboys que não me perdoavam por espremê-los no corredor entre as faixas). Seus 1,84 m de largura não são absurdos, mas não combinam com a proposta de carro compacto (lembra: GLK, o K é de Kompaktheie, compacto em alemão).
Depois de alguns dias, cada vez mais o longo e desproporcional capô e as linhas quadradas me incomodavam, ao mesmo tempo em que ele ia me conquistando com o interior luxuoso, de acabamento impecável. Ao volante, nunca deixei de me sentir em um legítimo Mercedes, pela dirigibilidade e maestria mecânica, mas a impressão que não saiu da minha cabeça foi: se quisesse um 4×4 da marca, pagaria mais R$ 60 mil em um ML; se a tração integral não fosse fundamental, pagaria menos em um Classe C. O GLK é bom como costumam ser os Mercedes, mas ficou sem uma identidade clara.
Apesar das linhas questionáveis, é impossível não se encantar com o acabamento impecável e com o conforto que o GLK oferece. Você lembra sempre que está a bordo de um legítimo Mercedes
CONTRA PONTO
Meu primeiro contato com o GLK foi no Salão do Automóvel. Cada vez que eu passava pelo estande da Mercedes, alguma coisa me incomodava: era o tal do GLK. Aquele capô comprido não me convencia, parecia desproporcional, sem glamour. Era estranho ver a estrela da marca na grade. Aqui na redação, me mostravam fotos do modelo em diferentes ângulos tentando me convencer de que ele tinha uma beleza que eu, sinceramente, não enxergava. Até que o carro nos foi entregue para avaliação. E o Flávio, que ficou responsável pelo trabalho, não demorou a concordar comigo (como comprova o texto ao lado). Outros membros da equipe também não gostaram do que viram. Talvez seja porque, originalmente, esse GLK fosse um projeto da Smart… Não sei. Andando com o carro, é impossível não se encantar. É um Mercedes de R$ 225 mil! Ruim não poderia ser. Mas quando eu saía do carro e me dirigia para a porta de casa, dava aquela olhadinha para trás e… não gostava do que via. Também ficaria com a ML.
Ana Flávia Furlan | Chefe de Reportagem
O porta-malas é pequeno, mas suficiente para as bagagens de uma família. Há ainda um compartimento para cargas mais delicadas