Há quem ainda veja um carro elétrico como uma nave extraterrestre: “como pode ser movido por eletricidade? E como assim dá pra carregar na tomada da garagem?”. Por essas e outras, tem gente que não entende que, basicamente, eles cumprem a mesma função de um automóvel a combustão, só que se alimentam de kW ao invés de gasolina, etanol ou diesel.

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O quanto ele consome vai depender do estilo de condução do motorista: um pé mais pesado faz com que as baterias se esgotem mais rápido, como a gasolina em um tanque de um carro comum. Mas, não é só isso…

Audi e-tron GT – Foto: Lucca Mendonça

Modos de condução 

Boa parte dos veículos elétricos tem o conhecido seletor de modos de condução, ou ao menos uma função que “murcha” o conjunto propulsor para gastar menos eletricidade. No geral, só muda o nome de marca para marca (a Renault chama de “Eco” e a Audi de “Efficiency”, por exemplo), mas o propósito é sempre o mesmo: reduzir um pouco da potência e torque do motor elétrico, enquanto amansa as respostas ao comando do acelerador, para que o carro não demande de tanta energia no uso cotidiano. Quanto mais econômico ou eficiente for o modo de condução, maior a distância rodada possível com uma carga das baterias.  

Fiat 500e – Foto: Lucca Mendonça

Regeneração de energia 

Outra função presente em boa parte dos EVs é a regeneração de energia, aquela que, ao tirar o pé do acelerador, transforma o motor elétrico em gerador, que alimenta as baterias de tração. Na prática, o carro desacelera na mesma intensidade de um freio-motor e, em alguns casos, o motorista pode controlar o anda-e-para do carro apenas pelo pedal do acelerador (pressiona para andar, alivia para parar). Quanto mais energia recuperada, menos carga a bateria precisa despender no uso e, assim, maior o alcance do veículo.  

JAC E-J7 – Foto: Lucca Mendonça

Ciclo urbano

Justamente pela recuperação de energia em frenagens e desacelerações, e também pelas menores rotações do motor elétrico nas baixas e médias velocidades, um carro elétrico gasta menos bateria rodando na cidade. Nas rodovias, além da maior velocidade (e constância das altas RPM do motor elétrico), os freios regenerativos são menos utilizados. Sem contar que nas situações de trânsito mais pesado, paradas em semáforos, ou reduções para atravessar lombadas e valetas, a energia cinética das frenagens é convertida em carga para as baterias. O ideal é que o trajeto feito seja no estilo urbano, com mais paradas, o que aumenta o alcance por carga. Se houver tempo e paciência, claro… 

Renault Megane E-Tech – Foto: Lucca Mendonça

Ar-condicionado 

Assim como nos carros a combustão, o ar-condicionado também é um vilão dos elétricos quando o assunto é economia. Por mais que a maioria dos EVs já seja equipada com compressores elétricos e, às vezes, até sistemas inteligentes que trabalham de acordo com o modo de condução escolhido (o ar “gela menos” no modo Eco, por exemplo), é fato que o sistema precisa cumprir seu trabalho e rouba carga das baterias de tração para isso.

Peugeot e-208 GT – Foto: Lucca Mendonça

Nos piores casos, o alcance do veículo elétrico pode cair em até 15 ou 20% com o uso constante do ar-condicionado nos dias de maior calor, e esse número aumenta ainda mais no caso de ar quente ligado quando está frio. Se puder evitar o sistema de climatização do carro de uma maneira geral, certamente a carga das baterias renderá mais.

Pneus 

Praticamente todas as grandes fabricantes de pneus já desenvolveram modelos específicos para EVs, geralmente com menor resistência ao rolamento, o que diminui o arrasto na condução, permitindo que o carro “flua” de forma mais livre e solta, o que reduz o consumo de energia. A Pirelli, por exemplo, fala em até 10% a mais de autonomia com o uso da sua linha dedicada Elect. De quebra, esses pneus podem garantir menos ruídos de rodagem e um melhor comportamento dinâmico nas acelerações, curvas e frenagens. Para quem quer ganhar alguns km de alcance, os tais pneus especiais para EVs caem bem. 

JAC E-JS1 EXT – Foto: Lucca Mendonça

Calibração, manutenção e afins

Claro, há ainda aquelas dicas básicas que qualquer motorista deve seguir quando se busca economia, seja de combustível líquido ou de eletricidade. São elas: a calibração correta dos pneus, rodas alinhadas e balanceadas, estar com as manutenções em dia, não abusar nas acelerações, não manter velocidades acima dos limites, evitar cargas ou pesos desnecessários no carro, além de, se possível, não instalar acessórios que comprometam o coeficiente de arrasto do veículo, como bagageiros de teto ou extensões de retrovisores externos.  

Peugeot e-208 GT na revisão – Foto: Peugeot/divulgação