Juntos, o Audi RS6 Avant e o Mercedes-Benz E 63 AMG somam mais de 1.100 cv de potência. São duas obras de arte da engenharia alemã e eles têm ferocidade para arrasar até superesportivos italianos. Alguns podem até contestar este comparativo, mas os carros têm muito em comum, ao contrário do que possam imaginar. Potência. Desempenho. Comportamento dinâmico. A magia deles está sob o capô com motores de poderio alucinante. Apesar disso, são também filhos do downzing em prol da redução do consumo e das emissões de poluentes. Quer ver? O RS6 Avant lançou mão do enorme V10 5.0 biturbo (parente direto utilizado pelo Audi R8 e pelo Lamborghini Gallardo) por um V8 4.0 biturbo. Já o E 63 AMG trocou o V8 6.2 aspirado pelo V8 5.5 biturbo na geração anterior.

Uma rápida olhada na ficha técnica comprova que o desempenho desses novos motores não diminuiu perante os antecessores. Em números absolutos, o Mercedes oferece 557 cv e 73,4 kgfm (no aspirado, eram 514 cv e 63,4 kgfm); o Audi perdeu 20 cv, mas ganhou muito torque, e passou a ter 560 cv e 72,9 kgfm (na geração passada eram 580 cv e 66,3 kgfm). Para serem eficientes, Mercedes-Benz AMG e Audi RS Avant trazem comandos de válvulas variáveis na admissão e no escape, injeção direta de gasolina e start-stop, que desliga o motor durante breves paradas. O Audi também é equipado com o sistema de desativação de cilindros. Em condições brandas de condução, as válvulas dos cilindros 2, 3, 5 e 8 são desligadas, fazendo o RS6 Avant trabalhar como um V4. Dessa forma, a Audi reduziu o consumo em 5%.

São modelos de reações brutais e desempenho vigoroso. Em qualquer um deles, não é preciso pressionar muito o pedal do acelerador para o corpo ser arremessado contra o encosto do banco. Enfim, eles não devem nada em desempenho para Porsche, Maserati ou outros esportivos de puro-sangue. Sim, são bólidos travestidos de modelos civis, mas que – acredite se quiser – podem ser dirigidos tranquilamente para ir ao supermercado
ou à padaria da esquina.

O RS6 e o E 63 AMG estão separados por 3 cv de potência, mas o torque do Mercedes-Benz é superior (73,9 kgfm). Para se ter uma ideia, esse torque equivale a quase oito Fiat Uno (9,9 kgfm). Mesmo assim, é o Audi quem te “maltrata” mais ao volante, transmitindo uma personalidade mais intempestiva. O turbo lag (tempo de resposta que o motor turbo leva para responder ao comando do acelerador) também é menor no RS6 Avant. O ronco desses carros é um capítulo à parte: seco, ardido, embaralhado!

Na balança, os alemães estão separados por 65 quilos. Enquanto o E 63 AMG pesa 1.920 quilos, o RS6 tem 1.985 quilos. Ambos aceleram de 0-100 km/h em pouco menos de 4 segundos. Nessa prova, o E 63 AMG é melhor (3,7 contra 3,9 segundos do RS6 Avant), mas isso não tira o título da Audi de possuir a perua mais rápida em produção no mundo. Tanto o Mercedes quanto o Audi são equipados com o controle de largada. A velocidade do RS6 é limitada eletronicamente em 305 km/h, enquanto o E 63 AMG para nos 250 km/h.

Para reger a cavalaria dos V8, modernas transmissões esportivas equipam essas duas feras. Se o E 63 AMG traz o câmbio AMG SpeedShift MCT 7G-Tronic, o RS6 Avant contra-ataca com o câmbio ZF de oito marchas (na geração passada, a caixa era de seis). É um “soco no peito” com mudanças e reduções de tirar o fôlego. Em ambos, as marchas podem ser esticadas até o limite – não há troca automática quando a agulha do conta-giros encosta na linha vermelha. As trocas sequenciais são feitas nas borboletas do volante ou na própria alavanca.

Quer mais? O Mercedes E 63 AMG e o Audi RS6 Avant oferecem ainda modos de condução, que alteram os parâmetros e tempos de respostas da caixa de direção e da transmissão, faz ajustes da suspensão e muito mais. Pelo Audi Drive Select é possível optar entre os modos conforto, automático, dinâmico e individual. Este último permite que o condutor faça um ajuste fino e molde o carro ao seu estilo de guiar. No E 63 AMG, há o C (Eficiência controlada), o S (Esporte), o S+ (Esporte Plus) e o M (Manual). Ambos têm tração integral. Aliás, essa é a grande novidade do E 63 AMG (antes era só na traseira). Apesar do comprimento avantajado desses carros, seu comportamento dinâmico é irretocável – nas curvas, andam sobre trilhos.

Além disso, o modelo da Mercedes tem suspensão esportiva AMG Ride Control, com amortecedores controlados eletronicamente. Pelo AMG Drive Unit, o conjunto pode ser configurado entre macio e firme pelos modos Conforto, Esporte ou Esporte Plus. Já o RS6 é o primeiro carro da família RS a ter de série a suspensão a ar Dynamic Ride Control (DRC), que rebaixa o carro em 20 mm e controla o amortecimento dependendo das condições do asfalto. Enfim, a cidade não é a praia desses alemães, pois, dependendo do piso, eles sofrem além da conta com buracos ou irregularidades do asfalto. No Mercedes, ainda é possível escutar mais o barulho da rolagem dos pneus – montados em rodas de 19” no E 63 AMG e de 21” no RS6 Avant.

Para conter todo o desempenho, o RS6 traz de série enormes discos de freios feitos de carbono-cerâmico com 420 mm de diâmetro. Além disso, a famosa sopa de letrinhas também está disponível em cada um dos carros. Entre eles, no E 63 AMG, há airbags dianteiros, laterais e de cortina, apoios de cabeça ativos, que evitam o efeito “chicote” em colisões, freios adaptativos com ABS e EBD, controle eletrônico de tração e de estabilidade, sistema de tração em cada roda, assistente de frenagem e assistente de partida em subida. O RS6 também vem equipado com as bolsas de ar dianteiras, laterais, de cortina, controle de estabilidade e de tração, entre outros.

Para acompanhar toda essa personalidade, o visual dos carros é arrebatador. As diferenças do RS6 Avant (geração C7) para o modelo de entrada A6 Avant na parte dianteira ficam na grade pintada de preto brilhante e no para-choque com grandes entradas. Um charme à parte é o emblema Quattro pintado de branco e gravado na parte inferior da peça. Os para-lamas são largos e o para-choque traseiro tem difusor de ar com duas ponteiras ovaladas nas extremidades. O aerofólio de teto completa a personalidade da perua mais rápida do mundo. O E 63 AMG (geração W212) acompanhou as mudanças feitas no Classe E. Os faróis passaram a formar uma peça única (antes tinha duas partes) e os para-choques foram redesenhados, sendo que o traseiro exibe belíssimas ponteiras de escapamento integradas com quatro saídas.

Se por fora e sob o capô eles te enchem os olhos, por dentro a sensação se repete. O Audi traz um interior com pegada mais esportiva, tendo detalhes e o console central em fibra de carbono. Os bancos têm formato esportivo e, apesar disso, não são desconfortáveis no uso diário. O Mercedes-Benz segue uma linha mais conservadora. Destaque para o relógio analógico da IWC. Embora seja difícil escolher um vencedor para um comparativo desses, o primeiro lugar em desempenho fica para o Audi RS6. Mas o Mercedes-Benz E 63 AMG tem o preço das peças e do seguro mais em conta.