Entre janeiro e outubro de 2024, o excesso de velocidade resultou em mais de 5 milhões de infrações no Brasil, segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal). Por essas e outras, cada vez mais soluções modernas estão sendo preparadas para controlar a velocidade dos nossos motoristas, principalmente nas rodovias.  

Um dos principais motivos, ao menos oficialmente, é tentar baixar os números alarmantes de acidentes causados por excesso de velocidade no trânsito brasileiro. Os radares convencionais, aqueles que medem a velocidade dos veículos no trecho em que estão instalados, são facilmente burlados: basta frear um pouco antes, passar pelo medidor, e depois acelerar novamente.  

E é aí que entram em cena os tais dos radares de velocidade média. Eles operam em pares: dois sensores posicionados em pontos diferentes da via registram a passagem do veículo, e com base no tempo entre os dois registros e na distância percorrida, calcula-se a velocidade média do trajeto.  

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Radar de tráfego de veículos – Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

Como funciona o radar de velocidade média? 

Placa de radar de velocidade média em Portugal – Foto: Prefeitura de Montijo

Dependendo da velocidade regulamentada na via e da distância entre um medidor e outro, é estabelecido um tempo mínimo para que o veículo percorra esse trecho. Caso ele seja percorrido mais rápido do que o previsto, o segundo medidor já pode flagrar o veículo e indicar excesso de velocidade.  

Para ficar mais fácil de entender: imagine que um radar de velocidade média cobre um trecho de 1 km. O limite da via é de 60 km/h. Isso significa que o tempo mínimo para percorrer esse quilômetro dentro da lei é 60 segundos. Se um carro passa pelo primeiro ponto às 14h00min00s e cruza o segundo ponto às 14h00min45s, ele fez o percurso em 45 segundos. 

Trânsito de carros na rodovia
Trânsito de carros na rodovia – Foto: Divulgação

Fazendo as contas, ele percorreu 1 km em 45 s — o que equivale a uma velocidade média de 80 km/h. Resultado: multa por excesso de velocidade, mesmo sem estar correndo exatamente na frente de um radar fixo. 

A tal tecnologia, que pode ser inimiga de alguns motoristas país afora, já existe na Europa há alguns anos. Aqui no Brasil, opera em fase de testes em algumas avenidas, estradas e rodovias de São Paulo (SP), Curitiba (PR), Distrito Federal e Uberaba (MG). Embora os equipamentos já estejam prontos, a fiscalização por esse tipo de medição ainda não está regulamentada no Brasil, nem homologada pelo Inmetro.  

Radar em Curitiba – Foto: Divulgação/Renato Próspero/SMCS

“A legislação atual não prevê especificamente a fiscalização por velocidade média, por isso os testes têm caráter educativo”, explica Guilherme Araújo, presidente da Velsis, empresa brasileira que desenvolve soluções para a mobilidade urbana, incluindo radares, balanças rodoviárias e afins.  

Na Europa

Na Suécia, a redução do limite de 90 km/h para 80 km/h, combinada com o monitoramento da velocidade média nas rodovias, resultou na redução adicional de 3,6 km/h na velocidade média. O número gerou uma diminuição de 61,6% nas fatalidades e 33,4% nos feridos graves em acidentes.  

Esse estudo, o Spot Speed Cameras in a Series, foi publicado em 2024, com base em 20 anos de dados e análise de mais de 200 trechos de rodovias do país. Os tais radares de velocidade média também estão na França, Espanha, Itália, Portugal e afins.