Na geração passada, a Frontier venceria as concorrentes em qualquer “queda de braço” para a qual fosse convocada. Seu motor diesel tinha torque abundante, muito maior do que o oferecido por todas as rivais. Agora, ela até pode continuar se orgulhando de ser a mais potente do mercado, mas já não é a mais forte. A nova S10, mostrada nas páginas anteriores, com seu motor turbodiesel 2,8 litros, tem incríveis 47,9 kgfm de torque e roubou esse título das mãos da Nissan.

E a principal novidade desta linha 2013 está justamente sob o capô, no motor 2.5 16V turbo adaptado às novas regras de emissão para os propulsored a diesel. A potência das versões 4×4 (que antes era de 144 cv para os catálogos XE e SE Attack e 172 cv para a LE e LE Attack) saltou para 190 cv. No caso das Frontier 4×2, a melhora não foi tão grande, passando de 144 cv para 163 cv. Ainda assim, uma cavalaria de respeito. O torque passou de 36,3 kgfm para 45,8 kgfm nos modelos com tração integral e 41,1 kgfm nos de tração traseira.

 

A Frontier oferece boa posição de dirigir, mas a alavanca de câmbio continua deslocada para próximo do passageiro, o que é incômodo. A opção pela tração é feita no botão shift-on-the-fly (no destaque)

Essa dose extra de vitamina lhe caiu muito bem. As acelerações estão rápidas e a picape anda com força desde os baixos giros, pedindo poucas mudanças de marcha no câmbio manual de seis velocidades. A alavanca ainda não está muito bem posicionada, mas tem bons engates.

 

A picape média também pode ser equipada com a transmissão automática de cinco velocidades.

Embora não divulgue o consumo, a marca afirma que o modelo ficou 10% mais econômico e adequado às normas do Proconve L6, que passa a vigorar no Brasil a partir do próximo ano. Entre as mudanças está o uso de um filtro de partículas que ajuda a diminuir a emissão de poluentes, e a mudança de componentes do motor e do cabeçote, para reduzir o atrito e aumentar a potência e o torque.

Outro ponto positivo vai para o conjunto de suspensões e a dirigibilidade. Mesmo forçando nas curvas, a carroceria rola pouco. Embora com um tamanho avantajado (5,23 m de comprimento) transmite segurança. Além disso, a partir de agora todas as versões têm freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem (EBD) e o duplo airbag dianteiro.

 

O acabamento poderia ser melhor, mas o grafismo do painel é atual. Nenhuma versão tem computador de bordo, mas a LE Attack vem com central multimídia, barras no teto e pneu off-road

A caçamba é, sem dúvida, o grande problema da Frontier, comercializada somente com a carroceria de cabine dupla. Dependendo da versão, a capacidade de carga varia entre 1.000 e 1.030 quilos. Pouco para uma picape desse porte. Já os ocupantes encontram amplitude e quem viaja atrás tem um bom espaço para as pernas, por causa da inclinação do banco. O destaque está na posição de dirigir, mas o acabamento poderia ser melhor. A Frontier mais básica tem direção hidráulica, trio elétrico e ar-condicionado, mas fica devendo o computador de bordo. Nas versões LE, há uma central multimídia no lugar do rádio convencional.

Os modos 4×2, 4×4 e 4×4 com reduzida podem ser acionados a até 80 km/h, por meio de um botão que fica logo abaixo do painel. Aliás, se você gosta mesmo do fora de estrada, ela é pau para toda obra. Por conta dos bons ângulos de entrada (32º) e saída (24º) e da altura livre do solo de 22 cm, ela transpõe valetas e atoleiros com facilidade. As versões Attack trazem ainda pneus de uso misto, estribos e equipamentos off-road.

O modelo não sofreu nenhuma mudança no visual. E aqui soa um alarme: a Chevrolet apresentou a nova geração da S10 (leia mais na página 36); a Hilux, reestilizada, já estreou o motor bicombustível e o lançamento da nova Ranger está próximo, assim como o da Amarok automática.

Ou seja, a vida da Frontier deve se complicar. Ainda mais agora que o preço ficou R$ 6 mil mais caro. Os valores começam em R$ 90.990 (XE 4×2) e chegam a R$ 126.900 (LE 4×4 automática). Em 2011, as vendas do modelo somaram 13 mil unidades. A expectativa da marca é de aumentar o volume para 16 mil unidades este ano.

Pôneis Malditos de volta?

A comentada campanha Pôneis Malditos gerou não apenas polêmica, mas também resultados. Em agosto de 2011, durante a veiculação do comercial, as vendas da picape Frontier cresceram 110% em relação às de 2010. No mesmo período, a marca teve um aumento total de vendas de 81%. Ou seja, a performance do modelo foi um destaque dentro da gama de ofertas da montadora. A pergunta seria óbvia: será que a Nissan vai continuar com o mesmo tema para o lançamento da versão 2013 da picape? Até o fechamento da edição, a posição oficial da marca era: “não vamos nos pronunciar”. Mas é bem provável que o simpático cavalinho volte, sim, à ativa. Afinal, o motor reformulado é a principal novidade do modelo e esse era, justamente, o atributo destacado no filme publicitário. Ao que tudo indica, com a “estratégia do silêncio”, a Nissan pretende evitar que alguns consumidores (que pediram ao Conar para que a campanha anterior saísse do ar) boicotem o novo comercial, antes mesmo de conhecer seu conteúdo.