A Tesla divulgou nesta terça-feira uma lucratividade melhor do que a esperada na divisão automotiva no primeiro trimestre, mas a receita ficou aquém das expectativas diante de queda nas vendas da montadora de carros elétricos.

A margem bruta automotiva para o período, excluindo créditos regulatórios, foi de 12,5%, de acordo com cálculos da Reuters, em comparação com as expectativas de 11,8%, de acordo com 21 analistas consultados pela Visible Alpha.

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A margem mais forte do que a esperada pelo mercado oferece algum alívio para os investidores preocupados com a diminuição da lucratividade na venda de veículos, em meio a promoções contínuas da marca e aumento da concorrência.

Mas a empresa disse que revisará a previsão de desempenho para 2025 na divulgação do resultado do segundo trimestre: “É difícil medir os impactos da mudança da política comercial global nas cadeias de suprimentos automotivos e de energia, nossa estrutura de custos e demanda por bens duráveis e serviços relacionados.”

A Tesla tem enfrentado um exame minucioso de suas perspectivas de crescimento a curto prazo depois que as entregas da companhia caíram 13% no primeiro trimestre e os críticos acusaram o presidente-executivo, Elon Musk, de estar distraído.

Financiamentos e descontos nos preços dos veículos em estoque comprimiram a margem de lucro da Tesla nos últimos trimestres, uma vez que a montadora procura elevar o volume de vendas em um momento em que os consumidores gravitam em torno de veículos híbridos mais baratos. A linha da Tesla é focada em veículos 100% elétricos.

Apesar dos desafios, o software Full Self-Driving da Tesla reforçou as margens de lucro da companhia e o mercado espera que continue sendo um fator importante de lucratividade para a companhia, juntamente com os produtos de geração e armazenamento de energia.

A fabricante de veículos elétricos teve receita de US$19,34 bilhões no trimestre de janeiro a março, em comparação com estimativas de US$21,11 bilhões, de acordo com dados compilados pela Lseg.

As entregas no período de janeiro a março caíram 13%, com a empresa perdendo terreno para rivais chineses, e diante das ações de Musk como conselheiro próximo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,  que têm afetado a marca.

A Tesla enfrentou protestos, vandalismo e pedidos de boicote por parte de consumidores em vários mercados, e as vendas da empresa na China e na Califórnia – seu maior mercado nos EUA – também caíram drasticamente.

Alguns investidores têm uma visão mais negativa da antiga queridinha de Wall Street. As ações da empresa, que fecharam a US$237,97 nesta terça-feira, caíram quase pela metade em relação ao pico de dezembro.

Analistas esperam um segundo declínio anual consecutivo nas entregas da Tesla em 2025, apesar dos esforços da montadora para impulsionar as vendas por meio de incentivos como recarga gratuita e recursos de direção totalmente autônoma.

A Tesla também fez recall de todas as picapes Cybertrucks entregues desde o final de 2023 e lançou uma versão do veículo com preço mais baixo, de US$70.000. Nas últimas semanas, a empresa tem dado descontos sobre o estoque não vendido da picape elétrica.