A Utep recebe todo tipo de pneus, até de bicicleta. Na foto à esquerda, por exemplo, estão modelos de competição. À direita, pneus de carros e caminhões

Já imaginou o número de pneus que você, durante sua vida, já jogou fora? Se um motorista começa a dirigir aos 18 anos, levando em conta que gasta em média um jogo de pneus (quatro unidades) a cada dois anos, quando chegar aos 48 anos já teve que “dar um fim” em 60 pneus.

Agora imagine esse número multiplicado por cada cidadão que possui um carro. Nem todos sabem qual é o fim dado aos pneus usados. Muitos são largados na natureza – em aterros sanitários, córregos, rios – e, além de causarem enchentes e degradarem a flora, podem servir de abrigo para ratos e larvas do mosquito da dengue.

E, ainda pior: muitas vezes, são queimados, liberando gases altamente tóxicos na atmosfera. Pensando nisso, o Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) criou, em 1999, a resolução 258, que determina que 125% dos pneus fabricados e importados pelas empresas sejam destruídos (100% de novos e 25% dos que anteriormente foram abandonados na natureza).

Estima-se que, juntas, Pirelli, Michelin, Goodyear, Firestone e Yokohama fabriquem 60 milhões de pneus/ano. Fora as peças importadas.

Onze empresas brasileiras estão cadastradas na Arebop (Associação Nacional das Empresas de Reciclagem de Pneus e Artefatos de Borrachas); uma delas é a Utep (Usina de Tratamento Ecológico de Pneus), pioneira em reciclagem de pneus.

O pneu triturado (no alto) é cortado em fatias, os chips (acima), que podem ter seu tamanho diminuído para grânulos de até 0,6 mm ou podem ser ainda transformados em pó

Em conjunto com a Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), ela dá a destinação correta aos pneus que não podem mais ser utilizados e certifica as fabricantes e as associadas junto nos órgãos fiscalizadores.

A Utep destrói cerca de 1.500 toneladas de pneus por mês. Lixados e triturados, eles dão origem aos “chips” – pequenas peças de borrachas extraídas dos pneus.

Na verdade, o trabalho começa antes, com o apoio à coleta informal (por catadores de rua) ou em conjunto com prefeituras. Mauro Stacchini Jr., sócio da Utep, diz que seus maiores clientes são cimenteiras, que usam os grânulos como combustível para os fornos.

Estes grânulos, que são chips cortados em pedaços menores, podem ser utilizados para fazer tapetes e frisos de carros, calçados, pisos de quadras esportivas, composto de grama sintética ou misturados em compostos de asfalto.

“Todos os itens do pneu são reciclados, não se perde nada. Tudo é retirado, do aço ao náilon”, declara Stacchini. A natureza agradece.