Flávio Silveira | Editor
Rafael Poci Déa | Repórter

Devagar se vai ao longe… ou não. Aqui, são 337 quilômetros de alcance andando “na boa”. Se for para se divertir ao volante, em um carro que pede isso, bem menos. Ou até chega atrasado, pois, em um elétrico, quem anda rápido pode chegar depois – porque tem que parar e carregar a bateria. Eu, pelo menos, não quero parar no mínimo meia hora a cada duas de direção e não poder mudar de planos no caminho. E queria começar por isso porque, no mais, o Megane é incrível. E ressalto que o problema não é exclusivo dele, mas de todo elétrico. Mesmo em carros a combustão, quando você se empolga, o consumo dispara – mas, neles, abastecer não é problema.

+ Avaliação: Renault Mégane volta ao Brasil como crossover-SUV elétrico e ganha o sobrenome E-Tech
+ Renault abre pré-venda do Kardian que parte de R$ 112.790

Voltando ao novo Renault elétrico, um dos colegas de imprensa disse que o Megane é melhor que EQA e EQB. Concordo em parte, e a comparação é muito válida, pois está mais próximo das marcas premium alemãs do que das “generalistas”.

• Senti falta do teto solar, mas, no resto, é um carro criativo e bonito – e sem complicações, com os comandos à mão. Só os atalhos de faixa e de volume podiam ser por botões, não touch (ao menos são imediatos).

• Os acabamentos são de camurça e “jeans”, e a alavanca de câmbio fica na coluna de direção, como nos Mercedes – mas no Renault é mais alta, para manter a do limpador de para-brisa. Gostei.

• Também curti o seletor de modos de direção que fica no volante, como nos esportivos, igualmente imediato. E adorei o retrovisor por câmera, pois a visibilidade traseira seria péssima sem ele. E ele não tem direção semiautônoma, que eu até dispenso, mas oferece a útil frenagem automática de emergência.

• Gostei também do consumo: fiz ótimos 7,6 km/kWh na cidade e 6,5 km/kWh na estrada, marcas que poucos elétricos conseguem alcançar. Ajudam nisso as aletas para ajustar a “regeneração” de energia – que são úteis também em estradas sinuosas, para reduzir antes das curvas. Nelas, o Megane mostrou um bom equilíbrio, uma direção afiada e um desempenho empolgante – são 220 cv e 300 Nm –, mas sem ser bruto ou incômodo nas respostas.

Por essas e outras, eu o teria facilmente. É um modelo um tanto caro se comparado ao BYD Dolphin e a outros chineses, mas barato em relação aos alemães. Mas, para mim, como todo elétrico, é para usar na cidade e carregar em casa.

Para também poder viajar, prefiro um híbrido: por R$ 10 mil a menos, o Honda Civic faz mais sentido. É maior, mais equipado e mais confortável, além de extremamente econômico e igualmente rápido – e é abastecido em qualquer posto de combustível em minutos. Agora, se (ou quando) for para ter um elétrico como segundo carro da casa, este novo Megane é um dos meus favoritos.

Flávio Silveira | Editor

Contraponto

● Costumo dizer que o tempo é o bem mais valioso que temos, e por isso não compraria um veículo puramente elétrico hoje. Não há tomada perto da minha vaga e, ao menos por enquanto, não posso instalar um wallbox ali. Sendo assim, não quero ficar horas parado em shoppings ou mercados – ou nas já frequentes filas dos eletropostos – para realizar o abastecimento.

Tudo bem, entendo perfeitamente a necessidade de termos meios de transporte mais limpos, mas um BEV ainda não se enquadra na minha vida. Apesar disso, concordo que este Renault é muito bom, melhor até que os Mercedes EQA e EQB – o acabamento interno é um capítulo à parte, com seu esmero. Poucos carros à venda são tão bem acabados como este Megane.

Ao contrário do Flávio, devo discordar com relação à falta do teto solar e de alguns botões físicos, nada disso me incomodou. Por outro lado, concordo com ele sobre o desempenho progressivo. Belíssimo aos olhos, sim, mas, no frigir dos ovos, não compraria este Renault nem qualquer outro carro 100% elétrico por enquanto. Como disse, o tempo é muito valioso, e não vou perdê-lo esperando um carro plugado na tomada. Mas, se tivesse a “infra” de recarga, ele estaria na minha mira.

Rafael Poci Déa | Repórter

Abaixo, a cabine: não se trata de termos nos acostumado a Sandero, Stepway, Duster e Captur, todos com origem na romena Dacia (espaçosos e baratos, mas com acabamento ruim). A cabine é digna de ser comparada com os alemães premium de entrada (e levar vantagem). Mais embaixo, a alavanca de câmbio junto ao volante e uma das aletas que ajustam o “freio-motor”

(Divulgação)
(Divulgação)

Renault Megane E-Tech

Preço básico R$ 279.900
Carro avaliado R$ 279.900

Motor: dianteiro, elétrico, síncrono, rotor bobinado
Combustível: eletricidade
Potência: 220 cv
Torque: 300 Nm
Câmbio: automático, caixa redutora com relação fixa
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e multilink (t)
Freios: discos ventilados (d) e discos sólidos (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,200 m (c), 1,768 m (l) e 1,519 m (a)
Entre-eixos: 2,685 m
Pneus: 195/60 R18
Porta-malas: 440 litros
Bateria: íons de lítio, 60 kWh
Peso: 1.680 kg
0-100 km/h: 7,4 segundos
Velocidade máxima: 160 km/h
Consumo cidade: 7,6 km/kWh (MS)
Consumo estrada: 6,5 km/kWh (MS)
Emissão de CO2 zerog/km
CONSUMO NOTA A
Nota do Inmetro: A
Classificação na categoria: A
Autonomia: 337 km
Recarga máxima: 22 kW AC e 130 kW DC