PARIS (Reuters) – A montadora francesa Renault apresentou nesta quinta-feira um carro esportivo elétrico, o primeiro de uma linha planejada de veículos elétricos (EVs) premium, que pode ajudar a empresa a enfrentar a iminente concorrência da China e ganhar participação em uma categoria que tem superado o restante do mercado.

As montadoras europeias tiveram um breve alívio da crescente concorrência chinesa depois que a União Europeia anunciou na quarta-feira a imposição de tarifas de até 38% sobre as importações de EVs chineses.

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Mas as tarifas devem apenas desacelerar o aumento nas vendas planejado pelas empresas chinesas, que também estão construindo fábricas na região.

Mais conhecida por seus carros de médio a baixo custo Renault e Dacia, a Renault planeja lançar sete modelos elétricos sob sua marca esportiva Alpine, na busca por margens mais altas.

O primeiro, o compacto Alpine elétrico A290, é baseado no Renault 5, com algumas características do carro esportivo Alpine que compete na Fórmula 1.

Ele será vendido a partir de 38 mil euros, bem abaixo da Porsche ou da Ferrari, competindo em vez disso com Audi, da Volkswagen, BMW, Mercedes e Tesla.

A nova linha vai apoiar o crescimento e o desenvolvimento internacional da marca, disse a Renault nesta quinta-feira.

A Renault reportou receitas de 11,7 bilhões de euros no primeiro trimestre e espera um aumento de volume este ano com novos lançamentos.

A empresa mira uma margem operacional de dois dígitos até 2030, mas tem encontrado desafios, particularmente nos modelos elétricos, que representam 7% do seu negócio.

A demanda geral por EVs tem caído drasticamente na Europa devido à redução dos subsídios governamentais. A Renault também enfrenta forte concorrência de fabricantes chinesas de baixo custo e sofrerá impacto das tarifas impostas pela UE devido ao seu modelo Dacia Spring, que é fabricado na China.

“Apesar de a Alpine não ter a história e a continuidade da Porsche, a marca está entrando em um mercado de veículos 100% elétricos que é muito novo e está esperando para receber novos participantes”, disse Jamel Taganza, consultor associado da empresa de dados e análises automotivas Inovev.

A Renault tem como meta vendas de 2 bilhões de euros para a divisão até 2026 e mais de 8 bilhões de euros até 2030, sendo metade fora da Europa.

Já bem conhecida no Japão, a companhia vê potencial na Coreia do Sul e na China, onde estima vendas de 1 bilhão de euros até 2030.

(Reportagem de Gilles Guillaume, reportagem adicional de Ilona Wissenbach)