18/07/2025 - 7:00
O Boreal foi apresentado oficialmente pela Renault e vai chegar ao mercado brasileiro no final do ano – entre setembro e dezembro.
Ele vai servir para “elevar a régua” da marca por aqui, já que a fabricante francesa é conhecida por fazer modelos mais simples, sem muitos aparatos tecnológicos ou sistemas elaborados. O novo SUV, aparentemente, quer quebrar esse paradigma, e mais alguns outros.
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Sandero e Boreal nasceram no Brasil

Projetado para mais de 70 países, principalmente fora da Europa, ele surgiu primeiro no Brasil, o que revela a importância do mercado nacional para a companhia. Foi mais ou menos a mesma estratégia com o Sandero em 2007, que nasceu no Brasil para estrear depois em outros lugares, como Leste Europeu, América Central e afins.

Hatches baratos? Não mais…
E é justamente a “evolução” do Sandero para o Boreal que marca os novos passos da marca francesa para o mercado nacional. Ela quer apostar em veículos mais refinados, deixando um pouco de lado o passado de modelos “simples”, que podem não ser tão lucrativos. Bom exemplo é o Kwid, único hatch vendido pela Renault no Brasil hoje em dia, que não tem previsão de receber nova geração, ao menos num futuro breve.

Há uma década, a marca se apoiava fortemente nos projetos da romena Dacia, sua subsidiária para modelos de baixo custo. Esses, apesar de bastante robustos, eram extremamente simples e enxutos, inclusive no acabamento, conteúdos e motorização. Duster, Sandero e Logan entram nesse lote, todos feitos sobre a mesma plataforma, que, aliás, ainda existe nos atuais Novo Duster e Oroch (picape).

Anos depois, em 2017, nasceu o Kwid, desenvolvido na Índia para países em desenvolvimento, ainda mantendo o perfil de modelos baratos e simples da marca, sempre fabricados no Brasil. O Captur, do mesmo ano, veio apostando forte no design europeu, mas, no fundo, era um Duster com outra carroceria (e a mesma base Dacia).

Nova fase
A tal “nova fase” veio com Kardian e, futuramente, Boreal, que promete chegar ao mercado no final do ano. Os dois utilizam uma plataforma modular RGMP, derivada da CMF-B, a mesma dos Renault europeus ou Nissan’s mais modernos em produção. Além da capacidade de comportar modelos de diferentes tamanhos, pode ter mudanças de entre-eixos e balanços dianteiro/traseiro, dependendo do uso.
A base modular também inclui composição em aços de alta e ultra resistências, melhorando o nível de segurança em caso de impactos. Os modelos derivados da B0, de Sandero, Logan e Duster, criada há mais de 20 anos, não chegam ao mesmo nível.

A motorização do Boreal, e também do Kardian, segue essa receita. No caso do SUV médio, seu motor 1.3 turboflex, inteiro em alumínio, tem injeção direta e outras tecnologias, e foi desenvolvido em parceria com a Mercedes-Benz (move modelos pequenos da marca alemã). O do Kardian é um 1.0 turboflex, nos mesmos moldes de modernidade. Ambos trazem uma transmissão automatizada de dupla embreagem e seis velocidades, sistema que a Renault nunca tinha empregado no Brasil.

Completão
Além disso, o Boreal deve vir para ser um dos SUVs médios com mais recursos, para peitar de frente, principalmente, os chineses da GWM, BYD, GAC e afins. Em versões mais completas, traz luxos como ajustes elétricos dos bancos dianteiros, massagem e memórias de posição para o motorista, câmeras 360º com visão 3D, tampa do porta-malas com abertura e fechamento elétricos, pacote ADAS completo, teto-solar panorâmico e mais. Esses são itens que nunca equiparam carros nacionais da marca.
Tirando o Kwid…
Com exceção do Kwid, hoje a Renault cobra quase R$ 113 mil por um carro 0 km, enquanto Fiat, Chevrolet, Hyundai, Citroën, Peugeot e VW, por exemplo, ainda operam com hatches compactos (na faixa dos R$ 90 mil ou R$ 100 mil), e oferecem utilitários a preços menores. Caso do Pulse por R$ 99 mil, Basalt por R$ 101,5 mil e do Tera por R$ 104 mil.

Não há mais hatches compactos, sedans pequenos ou SUVs “baratos” da Renault no Brasil, já que a marca deixou de focar nesses segmentos por aqui. O motivo dessa “virada de chave”? Possivelmente, a concorrência cada vez mais acirrada, especialmente dos chineses no mundo dos SUVs, assim como a estratégia para emplacar uma linha mais “chique”.