Recentemente escrevi no blog República do Automóvel que o reforço da Mitsubishi colocou a Aliança Renault-Nissan no topo do mundo automotivo. Além de ter sido o grupo que mais vendeu automóveis de passeio e comerciais leves no Planeta Carro em junho, a Aliança (que engloba Renault, Nissan, Mitsubishi, Dacia, Lada, Datsun e Samsung Motors) ultrapassou Toyota, GM, Hyundai-Kia e Ford para ocupar o segundo lugar de vendas no primeiro semestre. Só perde para o Grupo Volkswagen, que reúne Audi, Seat, Skoda, Bentley, Bugatti, Lamborghini e Porsche, entre outras.

Mas, e quanto às marcas? Quem dá as cartas? Aqui a história é diferente. Considerando somente as vendas de cada marca, o ranking do primeiro semestre de 2017 é o seguinte, segundo a consultoria Focus2Move:

POS.MARCAVENDAS*PART.
1TOYOTA5,8149,6%
2VOLKSWAGEN4,3317,1%
3FORD3,9906,6%
4HONDA3,3935,6%
5NISSAN3,3504,6%
6HYUNDAI2,8134,6%
7CHEVROLET2,5894,3%
8KIA1,8043,1%
9RENAULT1,7102,8%
10MERCEDES1,6722,8%

*Em milhões de unidades. Fonte: Focus2Move

As ausências que mais gritam nesse ranking são as das marcas da FCA (Fiat Chrysler Automobiles), pois o grupo ítalo-americano é bicampeão de vendas no Brasil, disputando carro por carro a liderança do mercado com a General Motors. Aqui, as marcas Fiat e Jeep são fortíssimas. No mundo, nem tanto. A Fiat ocupa apenas o 14º lugar, com 1,079 milhão de vendas e 1,8% de participação. A Jeep aparece em 18º lugar, com 959 mil carros vendidos e 1,6% do bolo automotivo.

Isso explica por que se fala cada vez com mais frequência que o chefão Sergio Marchionne está enxugando ao máximo as contas da FCA para vender a empresa a um grupo asiático. O sonho de Marchionne é encontrar uma marca chinesa que compre a FCA e leve não apenas a Fiat e a Jeep, mas também as americaníssimas Dodge, Chrysler e RAM, além das italianíssimas Ferrari, Alfa Romeo, Maserati e Lancia, entre outras. Também explica um movimento bastante polêmico por parte da FCA, que decidiu lançar um SUV da Ferrari!

Além dos chineses, a Hyundai-Kia também é considerada, para ganhar ainda mais escala global. Se isso acontecer, o grupo terá as duas maiores fábricas de carros do mundo: a de Ulsan, na Coreia do Sul, e a de Betim, em Minas Gerais. Porém, é mais provável que saia mesmo um negócio com um grupo chinês. A marca mais cotada pelos especialistas do mercado é a Great Wall, que já tentou entrar no Brasil, sem sucesso. Os boatos citam também as empresas Dongfen, Geely (que já comprou a Volvo) e Guangzhou (parceira da própria Fiat na China).

Existem dezenas de marcas de automóveis no mundo, mas o volume de vendas também cai de forma vertiginosa conforme o ranking avança. Para se ter uma ideia, no 20º lugar está a Buick, uma das marcas da GM. Com 1,5% de participação, a Buick ficou fora do clube de 1 milhão de vendas, registrando 905 mil no primeiro semestre. Em 30º aparece a Baojun, com 548 mil (0,9%), em 40º está a Chery, com 321 mil (0,5%), e no 50º lugar figura a Lada, com 205 mil carros vendidos (0,3%).

No início dos anos 1990, uma previsão dava conta de que apenas 10 marcas de automóveis dominariam o Planeta Carro no século XXI. Estamos muito longe disso, não apenas em relação às marcas, mas também quanto aos grupos fabricantes. De qualquer forma, esse paradigma permanece – por isso existem tantas associações. Ninguém quer ficar fora do clube dos 10 sobreviventes.