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Pense no maior ícone italiano de quatro rodas. Ferrari, é claro. Agora pense no de duas. Se não respondeu Vespa, reveja seus conceitos. A marca italiana que inventou o scooter finalmente chegou ao Brasil. E o faz com planos audaciosos. Ela quer “ser referência no setor de duas rodas” e conquistar nada menos que 10% do segmento.

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Para isso, aposta numa ousada estratégia de comercialização para quatro modelos: Primavera (125 cm3 e 150 cm3), Sprint (150 cm3) GTS 300 (278 cm3) e 946 Empório Armani (125 cm3). As vendas começam no dia 22 de outubro em dois pontos de venda no Estado de São Paulo – um na capital e outro em Campinas.

Talvez por estratégia de marketing (aparecer duas vezes na mídia), os preços só serão divulgados no dia 9/10. Com certeza, as Vespas não serão baratas. O modelo de entrada (Primavera 125) deve custar de R$ 18.000 a R$ 20.000 e a topo de linha deve passar de R$ 30.000. Também haverá uma série limitada de 1.000 unidades numeradas, baseada na Primavera 150.

Mas os executivos da Vespa não parecem preocupados com preço – eles confiam no poder da marca para seduzir um público abonado e que busca mais do que um meio de transporte. Freios com ABS, ccontrole de tração, injeção eletrônica, painel digital e farol de LED são alguns dos atributos técnicos da marca, dependendo do modelo. A Primavera 125 e a 946 Empório Armani têm motor de 11 cavalos e tanque de 8 litros (podem fazer 45,5 km/l e rodar 364 km). A Primavera 150 e a Sprint 150 têm 13 cv e fazem 41 km/l e rodam 328 km com um tanque (8 litros). A GTS 300 tem 22 cv e tanque de 9,5 litros.

Como produto, a Vespa é de fato apaixonante. Não apenas pelo design clássico, mas também pela tecnologia de ponta, pelo carisma que carrega por ser um ícone italiano e por ter feito sucesso no cinema, nas artes e na moda. Como esquecer da atriz Audrey Hepburn conduzindo uma Vespa em A Princesa e O Plebeu? Ou da Vespa pintada por Salvador Dali em 1962? Baseados nesses fatos, a Piaggio já vendeu 18 milhões de Vespa no mundo inteiro.

A Vespa foi criada em 1946 pelo empresário Enrico Piaggio e pelo engenheiro Corradino D´Ascanio. Eles não gostavam da dificuldade que era montar em uma motocicleta e criaram o scooter a partir da posição de um homem sentado em uma cadeira, com motor traseiro e não entre as pernas do condutor. Foi um sucesso incrível e revolucionou o modo como os italianos passaram a se locomover após a Segunda Guerra Mundial.

No Brasil, entretanto, a Vespa nunca foi uma unanimidade. Nos anos 1960, ela era representada pela empresa carioca Panauto e disputava mercado com a Lambretta, também italiana. Retornou nos anos 1970 pelas mãos da paulista Barra Forte, que nos anos 1980 se associou à Caloi. A marca se retirou do mercado em 1990 e nem sequer participou da primeira onda brasileira de scooters, no final daquela década, quando o Brasil foi invadido pelos modelos das marcas Peugeot, Asprilia e Dafra.

Agora, a Vespa retorna pelas mãos da empresa de investimentos Asset Beclly. A ideia inicial era ter uma operação do próprio Grupo Piaggio, mas a matriz italiana não quis entrar no investimento. A Piaggio é líder do mercado de scooters na Europa (24,8%) e nos Estados Unidos (20,9%). Dona também das marcas Aprilia e Moto Guzzi, o Grupo Piaggio vendeu 519,7 mil veículos de duas rodas em 65 países no ano passado. Segundo Longino Morawski, presidente do Grupo Piaggio Brasil, a Asset Beclly pretende instalar uma fábrica no País em 2018, quando pretende comercializar 35.000 unidades. Até lá, a Piaggio espera vender 2.000 unidades até dezembro e 12.000 no ano que vem.

Uma das estratégias será chamar as concessionárias de “Boutique Vespa”, com espaço para encontro de fãs da marca e uma estratégia de vendas diferente. Longino – ex-presidente da Harley-Davidson – prometeu que “todos os vendedores de Vespa também serão proprietários de uma Vespa”. Isso é ousado. A previsão é de que oito lojas serão inauguradas este ano, 10 no ano que vem e 22 em 2018.

Se as previsões de Longino estiverem certas, o mercado brasileiro de motocicletas passará de 1,15 milhão de unidades este ano para 1,62 milhão em 2020. “O Brasil está passando por um processo de scooterfização”, afirma, apontando para a curva de vendas de queda das motos street (de 65% para 40% nos últimos seis anos) e do crescimento dos modelos scooter (de 15% para 30%).

Segundo ele, as motos de baixa cilindrada são para transporte básico e trabalho, enquanto as de alta cilindrada são para passeio nos fins de semana. O scooter seria a solução ideal para quem busca um veículo urbano de uso diário, para deslocamentos rápidos e frequentes. Para quem está acostumado a levar sapatadas de motoboys que circulam nos corredores entre os carros das grandes cidades, ver lindas Vespas desfilando nas ruas será um bálsamo.

Se a Vespa pegar no mercado brasileiro, você vai querer ter uma, seja homem ou mulher. Até porque o primeiro atributo para colocar uma Vespa em sua garagem é ter pelo menos uns R$ 18 mil para investir. Ainda que seja cara, será mais barata do que um carro, muito mais econômica e vai contribuir para um trânsito melhor.