Depois de mais de três anos de especulação, eis a nova Ferrari de entrada com corpo, alma e nome definitivos. Trata-se do primeiro legítimo cupê-cabriolet produzido em série pela marca (com teto rígido escamoteável), dotado de um propulsor V8 de 4,3 litros com posicionamento dianteiro-central e que se chama California, nome já utilizado pela marca em 1957 quando lançou o GT California, derivado do modelo 250, com motor V12 de três litros.

Ao contrário do que se poderia imaginar, não se trata de uma Ferrari pequena, nem nas medidas, nem no preço. A idéia foi desenvolver uma alternativa de carro de entrada que tivesse desempenho menos extremo que o da F430. Risco de canibalização? A Ferrari garante que essa possibilidade não existe, pois trata-se de veículos conceitualmente distintos, de filosofias diferentes.

A F-430, principalmente na versão Scuderia, é um ícone de esportividade pura e, como tal, é endereçada a um público disposto a qualquer sacrifício pelo puro prazer de pilotar uma máquina com a marca do cavallino. A California, apesar de respeitar as características de esportividade da Ferrari, é um carro que procura conciliar dinâmica e bem-estar a bordo.

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Internamente, essa Farrari é maior que a F430. Claro que isso não tem tanta importância, afinal, não estamos falando de uma station, mas que há mais espaço, não dá para negar. Para definir a capacidade de carga no habitáculo, a própria Ferrari usou uma expressão interessante: trata-se de um modelo “2+”, deixando a cargo do cliente a escolha do que será esse “mais” a ser transportado.

A grande novidade da California em relação ao F430 Spider (modelo da gama com a maior fila de espera atualmente) está no teto rígido escamoteável. Trata-se de uma grande inovação da marca, que sempre foi adepta do tradicional teto de lona. Na verdade, a Superamerica de 2004 já trazia uma proposta de teto de abertura elétrica, mas era um modelo limitado e vendido apenas nos EUA. Ou seja, a rigor, a California inaugura esse conceito na linha Ferrari e podese dizer que, para todos os efeitos, é o primeiro coupé- cabriolet produzido em série pela marca.

O California de 1957 foi feita sobre o chassi de entreeixos longo do modelo 250, produzido para o mercado americano

Outra grande diferença em relação à F430 é em relação ao painel. Justamente por sua natureza mais civilizada, a California diz adeus à racionalidade da irmã e apresenta desenho e operação mais agradáveis aos olhos. Há, por exemplo, um grande display para o aparato do sistema de navegação que, até o momento, era um equipamento destinado apenas ao modelo top de linha, a 612 Scaglietti. A instrumentação também é nitidamente diferente da F430.

Do ponto de vista técnico, as diferenças são também bastante evidentes. Enquanto o a F430 tem um V8 disposto na posição central-posterior (à frente do eixo traseiro), na California o mesmo propulsor aparece atrás do eixo dianteiro. Apesar de a marca não confirmar, esse é um indício de que essa plataforma (motor dianteiro com tração e câmbio traseiros) foi pensada para abrigar não apenas um modelo, mas três, todos do grupo Fiat: a Alfa 8C, a Maserati Granturismo e a California.

O V8 de 4,3 litros foi retrabalhado para equipar a California. Trata-se do primeiro propulsor da marca a adotar injeção direta de combustível. São 460 cv de potência a 7.500 rpm, contra 490 cv da F430. O câmbio é um automatizado de dupla embreagem e sete marchas e o modelo conta ainda com o controle dinâmico F1-Trac. Uma Ferrari bem moderninha.

Com teto rígido escamoteável, a Ferrari California, a rigor, é o primeiro coupé-cabriolet da marca italiana