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Depois da Volkswagen, que assumiu no ano passado ter utilizado um software capaz de enganar as leis de emissões em motores a diesel, é a vez da japonesa Mitsubishi admitir que trapaceava nos testes de consumo realizados nos veículos vendidos no Japão.

Mas diferente dos alemães, a marca japonesa recorreu a uma estratégia bem mais simples para maquiar os dados de emissões: simplesmente adotaram um método diferente de medição do que determinava a lei.

Desde 1991, a legislação do país asiático exige para a homologação de um veículo a realização de um teste de resistência à rodagem em baixa velocidade. Os valores obtidos nesta avaliação são usados na calibragem do dinamômetro usado no cálculo do consumo de combustível.

O fabricante, porém, decidiu calcular a resistência à rodagem usando um teste padrão nos Estados Unidos (realizado em velocidade de estrada) que é ilegal no Japão.  No fim das contas, isso permitia obter resultados de consumo melhores do que os que seriam alcançados com os parâmetros legais.

A Mitsubishi chegou a avaliar as diferenças nos parâmetros obtidos nas avaliações feitas de acordo com a legislação e aquelas com as “suas” regras, descobrindo que as diferenças nunca excediam 2,3%. Então, em fevereiro de 2007, o manual de normas da empresa passou a exigir a realização dos testes de acordo com a legislação. Mas ainda não se sabe o porquê da determinação ter sido ignorada pelos técnicos da montadora.

Numa nota divulgada pelo fabricante, a própria Mitsubishi faz um “mea culpa” e avalia que uma das razões para os técnicos da empresa terem ignorado a mudança nas regras seriam as metas internas cada vez mais ousadas para eficiência energética. Para isso, a montadora cita o processo de desenvolvimento da terceira geração do minicarro eK Wagon, lançada em 2014. Ao longo do projeto,  a meta de consumo de combustível teria sido revisada de 26,4 km/l (em 2011) para 29,2 km/l (em 2013).