Tá um agarra-agarra no mercado de carros. Todo mundo se agarrando no que pode para não cair. O mercado despencou 7,1% no ano passado e as previsões da Anfavea para a atual temporada é de um abismo sob os pés das montadoras: -13%. Globalmente, segundo o último relatório da empresa Jato Dynamics, o Brasil caiu para a sexta posição do ranking mundial no primeiro bimestre. A Índia subiu para quarto. Entre os top 10, China (13,8%), Estados Unidos (9,1%), Índia (4,0%), Alemanha (4,7%), França (3,5%), Itália (11,3%), Grã-Bretanha (9,7%) e Coreia do Sul (4,1%) estão subindo. Só o Japão (-16,9%) e o Brasil (-22,5%) estão caindo. Os números comparam o primeiro bimestre de 2015 com o de 2014 e mostram que a crise de vendas não é mundial.

Como eu disse na semana passada, em tempos de crise quem fica parado fica bem. Se está todo mundo vendendo menos, algumas marcas pelo menos tentam ganhar participação de mercado. Por isso, a Chevrolet reduziu para 2,2% uma distância que era de 4,9% para a Fiat (comparando o primeiro trimestre deste ano com o do ano passado). A Volkswagen também vem caindo. No segmento de automóveis de passeio, a Volks tem apenas 4,1% de vantagem sobre a Ford. A montadora alemã passou de 19,2% para 15,6%, enquanto a americana foi de 8,8% para 11,4%.  Quando imaginaríamos, nas últimas duas décadas, que a Ford poderia ameaçar a posição de sua antiga parceira de Autolatina? Isso é reflexo do sucesso do Ka, da eterna patinada do Up e da queda do Gol. É possível que a Volks reaja melhorando a oferta de equipamentos de série e reduzindo o custo das revisões. A conferir.

Nesse ambiente de salve-se quem puder, as montadoras se agarram no que podem. A Fiat e a Volkswagen estão se segurando nos comerciais leves, especialmente nas picapes Strada e Saveiro (esta última em franca subida depois que ganhou a versão cabine dupla). Isso manteve a Volks estável em terceiro lugar. Mas, contrariando a regra, a Renault manteve-se na casa dos 6,8% e isso não foi suficiente para lhe assegurar o quinto lugar na soma dos automóveis de passeio com os comerciais leves. Ela perdeu o lugar temporário no top 5 para a Hyundai, que vendeu apenas 2.602 carros a menos do que em 2014 e, por isso, sua participação cresceu de 6,6% para 7,5%.

Além da Ford, que conseguiu a proeza de vender 70.000 carros no primeiro trimestre de 2015, contra 67.000 no primeiro trimestre de 2014 (passando de 9,9% para 10,4% no mercado total), outras marcas do top 10 acabaram subindo em função da reacomodação de forças na indústria automobilística brasileira. São elas: Toyota (de 4,7% para 6,3%), Honda (de 3,8% para 5,1%) e Nissan (de 1,9% para 2,3%). Completando o grupo das dez maiores, também é digna de nota a impressionante regularidade da quarta japonesa, a Mitsubishi, que manteve os mesmos 1,77% de participação que havia obtido no primeiro trimestre do ano passado.

Muita água vai rolar abismo abaixo em 2015. Sorte de quem está na posição de uma Ford (em alta com o Ka), de uma Hyundai (estável), de uma Chevrolet (em bom momento com o Onix/Prisma) e, claro, de uma Honda, que viu seu crossover compacto HR-V estrear em terceiro lugar na categoria de SUVs. Foram 2.382 unidades em apenas 12 dias de vendas, contra 3.265 do Ford EcoSport e 2.657 do Renault Duster, que tiveram 31 dias de comercialização. Tudo isso indica que o consumidor brasileiro será disputado a tapa em 2015.