Poucas pessoas colocam um crossover no fora-de-estrada. Mas, para aqueles que gostam de aventuras de verdade, a Jeep tem três versões do Renegade sob medida para isso – como não podia deixar de ser, para honrar a tradição da marca. Enquanto EcoSport e Duster têm versões 4×4 sem reduzida e sem mudanças na motorização, o Renegade 4×4 tem mecânica bem diferente: além da tração integral com reduzida, ele ganha o fortíssimo motor 2.0 turbodiesel de 170 cv e exagerados 35,7 kgfm, além de transmissão automática de nove velocidades.


O interior do Renegade Trailhawk é mais esportivo, com detalhes em vermelho. Os bancos de couro são opcionais. Ele tem câmbio automático de nove marchas e seletor de tipo de terreno

Ele pode vir nas versões automáticas Sport e Longitude (R$ 99.900 e R$ 109.900 estimados), com equipamentos iguais aos das versões a gasolina, ou na Trailhawk avaliada, que deve partir de R$ 119.900 – e, apesar do preço alto, tem parte dos itens mais atraentes como opcionais (até bancos de couro!). Adicionando sistema de som premium (Beats), airbags extras, monitor de ponto cego, sensor de pressão dos pneus, estacionamento automático, teto panorâmico (ou removível de plástico), entrada e partida sem chave, banco elétrico e faróis de xenônio, o preço deve beirar os R$ 150.000.

De exclusivo, o Trailhawk tem suspensão elevada em 2 cm (totalizando 22,3 cm), para-choques que aumentam ângulos de ataque e saída (31,3o/33o), pneus mistos e capacidade de submersão de até 48,3 cm. Na cabine, chama a atenção o painel com tela colorida configurável de 7” entre velocímetro e conta-giros. Partimos para a pista off-road da fábrica. Em uma parte de pedras, o fundo do jipe raspa de um modo preocupante. “Não se preocupe”, diz o engenheiro Claudio De Maria, meu passageiro e responsável pelo desenvolvimento do carro. Ele explica que o 4×4 a diesel tem protetores de cárter, transmissão, tanque e diferencial. Aguenta muita pancada. Seguimos por boas estradas de asfalto, onde o Jeep mostra ótimo desempenho, estabilidade invejável e baixíssimo ruído na cabine.


A tela multimídia tem excelente resolução e o centro do quadro de instrumentos é configurável. A capacidade off-road é excelente, graças aos controles eletrônicos, como da reduzida e do assistente de descidas

Mais adiante, em estradas de terra, as suspensões demonstram enorme capacidade de ignorar defeitos do piso, num raro equilíbrio entre conforto, maciez e dinâmica. Depois partimos para o off-road de verdade. Há um seletor de terreno (Auto, Snow, Sand/Mud e Rock), mas no modo automático ele foi capaz sair da enrascada do mesmo jeito. Em raras oportunidades foi necessária ativar a reduzida eletrônica (20:1), e aproveitamos as descidas íngremes de falésias para acionar o assistente de descidas (aperte o botão, solte o freio e deixe a eletrônica cuidar de tudo). Um legítimo e valente veículo off-road, sem dúvida. E uma enorme tentação para quem paga quase R$ 90.000 nas versões topo de linha a gasolina.

—–

Ficha técnica:

Jeep Renegade Trailhawk 2.0 JTD

Motor: 4 cilindros em linha, 16V, turbo, com intercooler
Cilindrada: 1956 cm3
Combustível: diesel
Potência: 170 cv a 3.750 rpm
Torque: 35,7 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: automático sequencial, nove marchas
Tração: integral, seletor de tipo de terreno e reduzida eletrônica
Direção: elétrica
Dimensões: 4,242 m (c), 1,798 m (l), 1,688 m (a)
Entre-eixos: 2,570 m
Pneus: 215/60 R17 (mistos)
Porta-malas: 260 a 1.300 litros
Tanque: 60 litros
Peso: 1.744 0-100 km/h: 9s9
Velocidade máxima: 190 km/h
Consumo cidade: 12,3 km/l
Consumo estrada: 15,9 km/l
Nota do Inmetro: motores a diesel não participam