Desde o início do ano passado já havia especulações de que a Fiat faria uma picape média e um SUV derivado dela em sua nova fábrica de Goiana, já em adiantado estágio de construção em Pernambuco. Pois agora não é mais especulação, é fato: a partir de novembro de 2015, a Fiat iniciará a produção dessa tão comentada picape – e ela não virá sozinha, pois o SUV também será produzido
(leia na página 36). Para quem achava que o know-how de construção dessa nova picape seria fruto da fusão entre a Fiat e a Chrysler (pois seria a marca americana a detentora dos conhecimentos de produção de uma picape média), houve um engano. A Chrysler não tem nada a ver com esse projeto, sendo ele fruto de um trabalho praticamente total da engenharia e do design da Fiat brasileira.

O novo conceito vai fazer com que todas as demais marcas repensem mundialmente suas picapes médias. A ponto de termos ouvido de pessoas da própria Fiat que “esse novo produto é tão distinto dos demais existentes no mercado que nós, da Fiat, nem o consideramos concorrente dos produtos atualmente comercializados”, tais como Chevrolet S10, Ford Ranger, Volkswagen Amarok, Nissan Frontier,
Toyota Hilux e Mitsubishi L200. Realmente: esqueçam os minicaminhões que transitam por aí, veículos que pesam entre 2,5 e 3 toneladas e transportam míseros mil quilos com a dinâmica de um caminhão: lentas nas respostas ao volante e ao freio e com estabilidade discutível, em função do alto centro de gravidade. A nova picape da Fiat deverá ter uma dinâmica bem próxima à de um carro, mas com a capacidade de carga de uma tonelada das demais picapes. Quem teve a oportunidade de dirigir um dos carros-mula  (veículos descaracterizados que a engenharia usa para testar a mecânica de um novo carro), que trafegam incessantemente em duras provas de testes, a rmou que “o novo produto tem uma dinâmica excepcional, de fazer inveja a muito carro que anda por aí; tem uma boa resposta
de volante, freia melhor do que muitos deles  e a estabilidade chega a impressionar, de tão boa”. O grande segredo desse comportamento está na sua modernidade construtiva: em vez da base antiga das outras picapes médias do mercado, que utilizam longarinas, motor dianteiro longitudinal, câmbio, eixo cardã e eixo rígido traseiro, a nova picape da Fiat utilizará a moderna construção com monobloco de
aço estampado, motor dianteiro transversal e tração dianteira – para as versões 4×2 –, além de uma moderna suspensão do tipo independente nas quatro rodas. A Honda já havia feito em sua picape Ridgeline algo semelhante para o mercado norte-americano, utilizando a plataforma dos SUVs Honda Acura MDX e Honda Pilot, mas com uma capacidade de carga limitada a cerca de 750 quilos. Tanto que a engenharia da Fiat importou um modelo desses dos Estados Unidos para ver de perto qual tecnologia os japoneses haviam empregado nesse veículo.

A vantagem da construção monobloco sobre a convencional com longarina é que os custos de produção são mais baixos e o resultado nal é superior. A nal de contas, uma estrutura de aço estampada e soldada se transforma em uma carroceria mais rígida do que duas longarinas,  nas quais se apoiam separadamente a mecânica, a cabine e a carroceria. O novo produto da Fiat é só vantagens quando comparado às picapes médias de nosso mercado. Carroceria monobloco, motor dianteiro transversal e tração dianteira são predicados que colocam o produto da Fiat como inovador.

Graças a essas características, a nova picape terá seu peso total reduzido, na casa das duas toneladas, e o assoalho bem baixo, quando comparado ao das picapes convencionais. Assim, o acesso ao interior será quase como o de um carro, facilitando a vida principalmente de crianças e pessoas idosas, que certamente usufruirão da versão cabine dupla, destinada às famílias. O assoalho baixo também dará ao novo carro uma estabilidade invejável, graças ao baixo centro de gravidade e à suspensão independente nas quatro rodas. Quem acha que o baixo centro de gravidade fará com que o novo produto tenha um vão livre do solo muito pequeno, que poderia comprometer sua utilização nas estradas de terra, ou naquelas estradinhas vicinais de sítios e fazendas, está enganado: o vão livre do solo do novo produto será o mesmo das picapes convencionais, que têm no eixo cardã e no ressalto do diferencial do eixo traseiro o seu calcanhar de aquiles: onde uma picape convencional passar, a da Fiat também passará. 
 
Para quem quiser, o novo produto terá até mesmo tração nas quatro rodas. O câmbio disponível para  o novo carro, quer seja a picape ou o SUV, será o ZF automático de nove marchas desenvolvido em conjunto pela Jeep e pela Land Rover, que já o usa no Evoque 2014 (leia na página 46). Na motorização, já estão sendo testados um moderno ex 2.4 com cabeçote MultiAir de 186 cv e torque de 24,4 kgfm e um turbodiesel 2.0 Multijet de 170 cv e 35,7 kgfm de torque. Com todas essas qualidades, e graças à disposição transversal do motor, fato que permitiu ao design trabalhar melhor a aerodinâmica, a  nova picape Fiat deverá ter um consumo surpreendentemente baixo, seja com motor  ex ou com diesel. Realmente será um produto ultramoderno, em que o conceito construtivo segue as tendências  mundiais no quesito funcionalidade e na resistência mecânica, no comportamento da carroceria nas provas de impacto. A nova picape da Fiat abandona, de-  nitivamente, a arcaica construção de picapes iniciada nos anos 1940 e utilizada até hoje pelos fabricantes. É um rompimento drástico, que deverá mexer com o mercado de picapes. 

Certamente esse novo conceito reduzirá também o preço do novo produto, quando comparado aos atuais do mercado. Fala-se até em uma redução de 10% a 15% dos atuais preços praticados nas picapes médias, fato que colocará em xeque os atuais modelos da categoria. Na projeção que zemos, com base nas descrições do novo produto – que deverá estrear no mercado em pouco menos de dois anos –, chegamos às imagens que você vê nesta reportagem. Não são as formas de nitivas, mas estão bem próximas da realidade que você verá no m do próximo ano – um veículo moderno com design futurista, voltado à funcionalidade aerodinâmica e ao conforto.

A nova picape deverá ser vendida nas versões cabine simples ou cabine dupla, com trações 4×2 e 4×4, dependendo das necessidades, todas com capacidades total de uma tonelada, quer seja com motor  ex de 186 cv ou turbodiesel de 170 cv. Como já dissemos, a transmissão será de nove marchas (automática). No caso do SUV, o motor turbodiesel estará disponível somente nas versões com tração 4×4.
Ao contrário do que se comenta, o SUV será oferecido somente com a marca Jeep, e não com a marca Fiat. Mais detalhes sobre o novo utilitário-esportivo você confere nas próximas páginas.