A porta se abre do modo normal e a partida, como em todo Porsche, fica à esquerda do volante. Essas são as únicas coisas tradicionais no 918 Spyder, ainda sem previsão de chegar ao Brasil. Do miolo do volante, sai um apêndice com um inquietante botão vermelho. Giro a chave, eletrônica, e nada acontece: o 918 é ativado automaticamente no modo elétrico. Por razões ecológicas, isso é compreensível – mas causa certa má impressão não ouvir o V8 “despertando” lá atrás.

Acompanhado somente do sibilo dos motores elétricos, saio dos boxes do circuito de Valência (Espanha). Nesse momento, tenho a impressão de que o 918 é um carro lento e desajeitado, mas estou totalmente enganado. Os dois motores elétricos fornecem ótimos 286 cv e muito torque, o suficiente para fazê-lo atingir 100 km/h em pouco mais de seis segundos. E é no modo 100% elétrico que nos aproximamos das primeiras curvas do circuito. Alcançados os 150 km/h, o V8 se coloca em movimento com um forte estrondo. Bem, agora a coisa ficou séria. Giro o botão no volante – uma, duas, três posições – e chego ao modo Race.

O V8 se torna ainda mais imediatista e rebelde, sempre apoiado pelos motores elétricos, que funcionam como boosters. Nessa configuração, também muda radicalmente a aerodinâmica. A asa traseira se inclina 14 graus, enquanto na dianteira se abrem tomadas de ar e dois flaps surgem na parte inferior da carroceria, dando mais peso ao eixo dianteiro.

Em um piscar de olhos atinjo uma velocidade proibitiva, enquanto o V8 urra a 9.000 rpm. Mas isso tudo era esperado. O que me surpreendeu foi o perfeito equilíbrio entre os componentes, que faz dessa máquina extraordinária um carro “fácil” de guiar. O 918 exige respeito – com tantos cavalos não se brinca –, mas deixa o motorista à vontade. Transmite tanta segurança que parece um convite para testar seus limites. Não resta opção senão apertar o botão vermelho que aciona a função hot-lap (volta rápida). É a última configuração disponível – e a mais surpreendente.

Por alguns minutos, de fato, tenho à disposição toda a energia das baterias, uma espécie de super-overboost elétrico. Na primeira parte do curso do acelerador, nada muda. Depois, uma força contrária ao movimento do meu pé indica que estou usando a energia extra. Na quarta e na quinta marchas, a aceleração me faz grudar no assento. O 918 se torna ainda mais rápido e veloz. Acelera de 0-300 km/h em meros 20,9 segundos. Fantástico! Os rivais Ferrari LaFerrari e McLaren P1 chegam em breve, com números igualmente impressionantes.