09/09/2022 - 9:10
O Renault Duster ganhará um irmão maior, o Bigster. É assim que estão reescrevendo o futuro da romena Dacia, que faz parte do Grupo Renault. E, se essa marca do leste europeu tanto serviu à Renault no Brasil, dando origem aos “nossos” Logan, Sandero, Duster (leia avaliação) e Oroch (leia aqui), também deu a ela um imagem “popular” que não é tão boa assim no mercado atual.
Então, se parece mesmo que Sandero e Logan serão abandonados no mercado brasileiro, o mais provável é que do novo Duster não abram mão. E a nova geração do SUV não vai chegar sozinha, e sim acompanhada de sua versão para famílias mais numerosas, o Bigster. Este novo SUV de sete lugares, aliás, irá levar a Dacia – e, junto com ela, a Renault do Brasil – a um segmento onde o Duster jamais esteve.
Não é pouco para uma “submarca” que sempre teve oferta concisa e preços muito acessíveis. E, de cara, já avisamos: a filosofia não muda, só procura formas alternativas de ampliar seus objetivos. E isso com o estilo único do Duster, de aventureiro sólido, porém jovial e atraente (“o design, se bem feito, não custa nada”, diz Denis Le Vot, CEO da Dacia) e uma racionalização técnica da plataforma – que está sendo adotada também no Brasil, em São José dos Pinhais (PR).
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A questão do custo
O SUV da marca romena chegou ao mercado europeu em 2010, e ganhou sua versão Renault no Brasil em outubro de 2011. Desde então, embora tenha sido líder de mercado por apenas um mês ou dois, sempre encontrou seu público cativo, e assim teve quase 320 mil unidades das duas primeiras gerações comercializadas no Brasil (a segunda chegou em 2020). No mundo, já passou de dois milhões de unidades.
Mas aqui vamos falar da terceira geração, que será radicalmente renovada – ao mesmo tempo em que permanecerá a mesma. O SUV continuará sendo mais acessível do que muitos dos rivais, com a missão, porém, de ser o arauto de uma transformação que envolve toda a marca.
Mas será que a Renault do Brasil vai conseguir conter os custos? Os modelos Dacia/Renault querem se reafirmar como campeões de relação custo-benefício, por um lado, e, pelo outro, mostrar a marca como atrativa por questões como valores e solidez técnica. “Quanto mais o preço médio dos carros sobe, mais clientes procuram algo diferente e acabam atraídos para estes modelos”, afirma o CEO da Dacia, Denis Le Vot.
O primeiro modelo desta nova geração será o terceiro Duster, que deve chegar em 2024, um ano antes do irmão maior, com quem compartilhará a linguagem estilística. A pedra angular é a busca da “essencialidade”: uma definição bastante pontual dos conteúdos necessários aos compradores. Nas palavras de Le Vot: “precisamos oferecer aos nossos clientes o que eles realmente precisam, e nada mais.”
Declaração de identidade
O conceito Bigster, revelado ainda em janeiro de 2021, é o progenitor da nova imagem visual da dupla de utilitários esportivos. “Acreditamos no poder visual da simplicidade”, explica o designer-chefe Miles Nürnberger, que especifica: “queremos que nossos carros possam ser considerados não uma das escolhas possíveis, mas a preferida. Que sejam de fato desejáveis”.
Do Bigster, provavelmente, derivará também, para a gama futura, a grade preta brilhante com elementos cromados e nomenclatura com grandes letras maiúsculas: uma espécie de “declaração de identidade”. Como isso será adaptado pela Renault do Brasil ainda é um mistério.
E como conciliar uma narrativa que se torna mais sofisticada com o “preço certo”, um dos princípios fundadores desta linha que nasceu no leste europeu? A resposta a esta pergunta, que transcende o filosófico, certamente já está na mente de Luca De Meo, o novo presidente da marca.
Na prática, um dos elementos que permitirá não aumentar demais os preços é a abordagem “design to cost” (projetar para reduzir custos), possível graças à sinergia com a Renault: o próximo Duster deve usar a plataforma CMF-B.
Ela é a espinha dorsal dos modelos romenos, e também está instalada no Brasil. O modelo ainda pode usufruir da nova tecnologia full hybrid Renault: na Europa, a terceira geração vai até emprestar a mecânica verde de 140 cv do Captur (o francês, e não o nosso, uma “adaptação” do Duster).
Eletrificação
O trem de força híbrido combinará um motor a combustão 1.6 litro de 92 cv com dois elétricos e transmissão automatizada de quatro velocidades sem embreagem, com sincronizadores e ré.
A propulsão de baixa velocidade será feita pela unidade elétrica principal, de 49 cv. O segundo motor será usado para acionar o quatro cilindros a gasolina e levá-lo às rotações necessárias para engatar as marchas sem causar trancos.
Com este híbrido completo, acabam os modelos a diesel da marca. E assim será a cada nova geração, aposentando os automóveis a diesel, que ficaram caros de homologar e difíceis de vender.
Por outro lado, nas versões a gasolina, além do 1.3 TCe Renault-Mercedes – adotado por Duster, Oroch e Captur no Brasil, flex e com 170 cv – fontes falam em uma versão turbo do conhecido 1.0 três cilindros turbo de Sandero/Logan. Já o 1.3 TCe deve aparecer também em versão híbrida leve.
Duster com fermento
Ao novo Duster se juntará, um ano depois, o Bigster. A partir de imagens de mulas em teste, o ilustrador de nossa parceira Quattroruote tentou imaginar como será o modelo final, previsto para 2025.
Ele será um SUV médio com linhas robustas e “aventureiras”, com uma carroceria sem detalhes refinados, mas não totalmente “seco”. Isso é confirmado pela possível presença de detalhes “off-road”, como molduras nas caixas das rodas, além de partes plásticas para proteção da dianteira e da traseira – para rodar sem preocupações em estradas de terra, talvez até em percursos de dificuldade média, que sempre foi uma das vantagens competitivas do Duster.
O Bigster será para famílias grandes, com tamanho que não deve diferir muito daquele visto no conceito (4,60 metros de comprimento, 26 centímetros a mais que o Duster atual). Com certeza, este SUV terá uma distância entre-eixos generosa, na faixa de 2,80 metros.
Com isso, pode garantir muito espaço aos passageiros, que poderão se sentar em duas ou três fileiras de assentos, considerando que estar disponível em versão de sete lugares será um enorme atrativo, principalmente no mercado brasileiro – que tem o velho Chevrolet Spin ou opções muito mais caras, como o Jeep Commander.
Já a cabine será espaçosa, sólida e prática, mas, ao mesmo tempo, mais acolhedora e um pouco menos básica do que as vistas nas duas primeiras gerações do Duster. Também porque o Bigster é do segmento C (médio) e, portanto, espera-se um esforço para aumentar a qualidade percebida. Nesse sentido, o design jovem e cativante fará sua parte, talvez substituindo a opção pelo foco em materiais nobres, o que elevaria custos e preços.
Plataforma unificada
O fato de construir o Bigster em uma plataforma criada para SUVs da categoria B (compactos) mostra claramente o trunfo da Dacia/Renault, que poderá oferecer um carro de médio porte a preço de compacto.
A adoção da moderna CMF-B traz também outras vantagens, como sistemas de bordo e segurança atualizados e, principalmente, toda a mecânica compartilhada, aumentando os volumes e reduzindo os custos.
Falando nisso, se o motor 1.0 turbo do Duster certamente deixará a desejar no Bigster, o novo 1.3 TCe cairá como uma luva no SUV maior – e ficará melhor ainda transformado em híbrido. Assim como no Duster, o powertrain full hybrid do Renault Clio deve ser oferecido no Bigster – talvez recalibrado.
Por outro lado, a possibilidade de uma versão elétrica pura, pelo menos nesta terceira geração, está excluída por questão de custos (que não devem baixar tão cedo).
E a tração? Será dianteira, mas, como no caso do Duster, não vai faltar uma versão 4WD. Bem, isso é o que dizem nossos colegas italianos, que não tiveram o desgosto de ver, como nós, ver a aposentadoria do ótimo Duster 4WD, que só existiu aqui na primeira geração – um carro ótimo para seu restrito grupo de interessados.
Continuando a ser oferecida lá, – onde é especialmente importante para tração em época de neve – ou não, não deve voltar ao Brasil, ainda mais se o mercado continuar fraco. E, por fim, falando em mercado, só ele definirá o futuro da picape compacto-média construída na mesma base, a Oroch. Tudo depende de como “render” a recém-atualizada versão 1.3 turbo.
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