O destino do Fiat 500X, um dos modelos mais populares da Itália – e que apareceu no Salão do Automóvel de São Paulo, mas no fim não veio ao Brasil –, mostra o paradigma da transformação da indústria automotiva. Mudarão visual, plataforma e local de produção, mas serão mantidos porte e categoria – afinal, hoje todos querem SUVs compactos. E essa virada de página pode ter importantes consequências para o Jeep Renegade, um dos queridinhos dos brasileiros.

A “versão Fiat” do Renegade dá adeus à cidade de Melfi, na Itália, de onde hoje sai a dupla de SUVs com destino à Europa, e vai para Tychy, Polônia, que abrigará a plataforma francesa CMP, incluindo a variante elétrica e-CMP. E vale lembrar que a fábrica do grupo em Porto Real, RJ, está adotando a mesma base, então o novo Fiat, em teoria, poderia ser fabricado aqui no Brasil, afetando também o Renegade, que passaria a ser feito no mesmo local (ou a CMP será adotada também na fábrica Jeep em Goiana, PE? A conferir). Os dois SUVs, juntos de um novo Alfa, são o exemplo inicial da sinergia do grupo Stellantis: em 2023, serão os primeiros modelos a nascer com base compartilhada com os franceses.

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Quando falamos em plataforma CMP, logo vêm à mente o Peugeot 208 e sua variante “SUV”, o 2008. Considerando a categoria deste novo Fiat, é a referência certa. A partir das proporções dele, projetamos nestas páginas o “novo 500X” – que deve mudar de nome porque perderá a estética que o colocava como parte da família 500.

A Fiat deve começar a construir uma identidade mais unificada, a partir do conceito Centoventi (2019), que serviu para a projeção feita pela nossa parceira italiana Quattroruote – de onde vêm o friso horizontal na coluna traseira, as luzes diurnas e as letras na grade.

O substituto do Fiat 500X vai estrear uma nova linguagem visual para a marca italiana, abandonando as semelhanças com o clássico 500; por isso deve ganhar um novo nome

4×4 eletrificado

O visual ainda é um tanto especulativo, mas a discussão sobre dimensões e características técnicas é bastante concreta. O projeto original do trio de SUV-crossovers, produto ainda da era FCA, incluía modelos ainda mais compactos. Um Jeep menor, que estava sendo chamado de “Baby-Renegade”, se somaria ao Renegade em vez de substituí-lo, e um Fiat nem era cogitado (falava-se de um modelo da Lancia).

Com o nascimento da Stellantis, tudo mudou: sai a Lancia, entra a Fiat, e, com o anúncio de que a fábrica de Melfi, na Itália, fará quatro carros elétricos na nova plataforma STLA, ficou claro que os SUVs da Polônia nada mais são do que substitutos do Fiat 500X e do Jeep Renegade. O comprimento de ambos ficará em 4,30 m, e a distância entre-eixos será maior, já que o 2008 tem 2,61 m contra 2,57 nos 500X/Renegade atuais. No mais, a CMP usa motor dianteiro, e suspensões tipo MacPherson na dianteira e com eixo de torção na traseira.

A tração 4×4 é minoritária nas vendas, mas deve ser mantida só na versão elétrica, com um motor adicional junto ao eixo traseiro. Se adotar as mesmas baterias dos franceses, o novo 500X terá 50 kWh e autonomia de 300 quilômetros. Nos motores a combustão, a oferta a gasolina/flex deve girar em torno do PSA 1.2 Pure Tech de três cilindros e até 131 cv, e dos FCA Firefly 1.0 de 120 cv, e 1.3 de 150 cv (estes dois mais prováveis no Brasil).

Entre as opções a diesel, um 1.5 quatro cilindros com os mesmos 131 cv também pode vir. Da PSA, a nova dupla também herdará a arquitetura eletrônica, incluindo a central multimídia – o sistema operacional, mas não o layout. A semelhança com o 2008, em suma, não chegará ao ponto de transferir o i-cockpit a um Fiat: sinergias sim, mas respeitando a identidade de cada marca.

Fiat 500X Jeep Renegade
Da fábrica de Tychy, na Polônia, além do novo Fiat, nascerão da mesma plataforma CMP um SUV compacto Alfa e a nova geração do Jeep Renegade – não mais o “Baby Renegade”

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