22/02/2018 - 13:07
Qual é a novidade mais bombástica? O anúncio, ainda não oficial, de um crossover da Ferrari (Nota da redação: após a publicação desta reportagem, Sergio Marchionne, o CEO da FCA, confirmou o projeto de um SUV para a marca), ou a perspectiva de que todo o grupo FCA, ou parte substancial dele, centrada na Jeep, acabar em mãos chinesas? Dessas duas notícias, a Ferrari “aventureira” é, surpreendentemente, a mais verdadeira. Maranello de fato está trabalhando em um crossover. E vamos desvendá-lo aqui (quanto à FCA, se o negócio com os chineses esfriou, seu futuro é incerto: Alfa e Maserati podem acabar fora do grupo, como a Ferrari, para atrair outros compradores).
Se é verdade, de fato, que a moda dos crossovers/SUVs parece não poupar nenhum fabricante, é igualmente verdade que imaginar um modelo com o Cavallino que possa ser classificado nessas categorias para muitos é uma heresia, a queda do último tabu – assim como eventualmente ter (outra blasfêmia para os puristas) quatro portas (ou cinco, contando a do porta-malas). No entanto, as chances de ver uma Ferrari dessas nas ruas são bastante altas. Quem disse foi o chefão Sergio Marchionne, no início de agosto, referindo-se a um “veículo utilitário”, porém à moda Ferrari. E nós confirmamos com fontes familiarizadas com o assunto.
As repetidas declarações de Luca di Montezemolo eliminando qualquer chance de um SUV parecem pertencer a outra era. E pertencem mesmo: com as mudanças na cúpula da Ferrari em 2016, muita coisa mudou. Mesmo as palavras do próprio Marchionne há alguns meses, com a mesma falta de prudência (“não faremos um SUV”), parecem distantes. O que aconteceu? Além dos tempos (e opiniões) mudarem, na verdade a contradição é só aparente. Na verdade, é preciso tomar cuidado, de fato, ao chamar de SUV essa hipotética Ferrari. Por isso os dirigentes da marca continuam a negá-la. “Nunca vamos fazer um SUV como a Porsche fez o Cayenne ou a Maserati, o Levante”, diz Enrico Galliera, diretor de vendas e marketing da marca. E agora? Então pensamos no mesmo CEO: “Se fizermos um veículo utilitário, será algo jamais visto…” Resumindo: um crossover com quatro lugares e com mais possibilidades de uso que a GTC4Lusso.
Transformamos as declarações de nossas fontes em imagens nas reconstruções dessas páginas. Com muita “licenças poéticas”, é claro, pois prever a verdadeira aparência de uma Ferrari é sempre tarefa difícil, dada a originalidade que a equipe liderada por Flavio Manzoni imprime em cada novo modelo. Quanto ao que está sob a pele, o ponto mais delicado é a plataforma. Rumores sugerem que poderia ser da Alfa Romeo. A plataforma Giorgio dos modelos Giulia e Stelvio serviria a várias marcas: à Ferrari crossover e um SUV compacto da Maserati, além de modelos Alfa, sendo o primeiro um SUV grande, também antecipado aqui. Mais espaçoso que o Stelvio e com tocada esportiva, poderia servir de base para a Ferrari. Mas a idéia da plataforma Giorgio migrar para Maranello não encontra confirmação dentro da Ferrari. “A plataforma do Stelvio é esportiva, mas com um olho no conforto: é para diferentes necessidades das de uma Ferrari, aceitando mais compromissos”, explica nossa fonte. Então a plataforma nascerá em casa.
Dos motores que hoje movem a GTC4Lusso (o modelo atual mais próximo do futuro crossover), o V8 turbo é o mais garantido para o crossover. O poderoso V12 é uma incógnita por razões práticas e estratégicas: o espaço no capô (obviamente mais curto) e a incerteza da marca sobre a possibilidade de conseguir isenções nas regras de emissões para pequenas produções. Pelo mesmo motivo, é fácil prever alguma tecnologia híbrida. Em 2020, quando o crossover chegar, será normal nas Ferrari. Aceite.