08/09/2022 - 9:53
Acreditem se quiser, o primeiro SUV da Ferrari está chegando. Mas, antes de falar dele, vamos voltar um pouco na história. O primeiro carro a usar a marca Ferrari foi o 125 S, em 1947. Depois veio a lendária epopeia da 250 GTO. A dianteira revolucionária da Daytona de Fioravanti. O hedonismo da Testarossa, emblema dos anos 80. A brutalidade da F40. A aerodinâmica de vanguarda da 360 Modena. Os 110 cv por litro da Enzo V12. As inovações radicais da 458 Italia…
Poderíamos continuar por páginas, enchendo-as de episódios, modelos, momentos da história do “cavalo empinado” que foram divisores de águas na indústria automotiva, na tecnologia e na cultura. E escolher a mais significativa ou, pior, tentar responder à infame pergunta sobre qual é a Ferrari mais importante de todos os tempos, é uma tarefa tão inútil quanto sem um resultado certo.
A única suposição indiscutível, na realidade, é outra: sempre haverá outro carro fabricado em Maranello para ser capaz de traçar uma nova linha na história do automóvel. O próximo, com chegada iminente, se chamará Purosangue.
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Não precisa chamar de FUV
Sem rodeios, este é o primeiro SUV da Ferrari segundo as projeções de nossa parceira italiana Quattroruote. E isso é suficiente para explicar a magnitude do choque que vai liberar com sua chegada. Tudo bem que a empresa sempre rejeitou a sigla – que significa veículo utilitário esportivo em inglês – em sua forma mais comum, preferindo usar a sigla “FUV” (Veículo Utilitário Ferrari), para mostrar sua profunda diversidade em relação a um contexto de mercado, o de utilitários esportivos de alto padrão, cada vez mais numerosos e, em boa parte, aprovados.
Mas não haverá necessidade de usar tal sigla. Porque será suficiente olhar para ela para entender que é especial – graças ao que vamos encontrar sob o capô: Sua Majestade, o motor V12. Sua presença ali foi confirmada oficialmente pelo CEO Benedetto Vigna e pode resultar em uma consequência, e apenas uma: ter proporções de modelos GT clássicos ele não pode, apesar da carroceria levantada.
A relação entre o primeiro volume e o restante da carroceria do SUV da Ferrari, nos disse quem viu a “mula” (modelo em testes) ao vivo, não terá nada a ver com a vista nos concorrentes: lembrará mais a GTC4 Lusso, com o cockpit lá no eixo traseiro. Um ato de design extremo e essencial para simplificar uma aparência imponente: o Purosangue será a maior Ferrari de todos os tempos.
Fala-se em comprimento superior a cinco metros, entre-eixos de mais de três metros e peso de duas toneladas. O que não surpreende: a GTC4 pesava algo próximo de 1.800 kg, apesar de ser mais curta, (muito) mais baixa e ter duas portas a menos.
E os variados recursos estilísticos usados no Purosangue têm o mesmo propósito: capô, pára-lamas, faróis e caixas das rodas serão cravejados com tomadas e saídas de ar, para um ultrarrefinado fluxo aerodinâmico, e contribuirão para o visual atraente, assim como a aerobridge reminiscente da F12 Berlinetta e aerofólio saliente acima da janela traseira.
A Ferrari impôs um rígido segredo a este projeto. Mas fontes secretas nos afirmaram que há diversas soluções inusitadas no SUV da Ferrari, como capô com abertura contra o vento e portas traseiras do tipo suicidas (se abrem ao contrário), embora essa seja apenas uma das hipóteses em campo.
E as inovações aparecerão também dentro do SUV da Ferrari, com quatro bancos individuais, sendo o do motorista inspirado pelo princípio “olhos na estrada, mãos no volante”, levado às suas consequências extremas na SF90 Stradale e, acima de tudo, com a ideia de a tela do passageiro conter muitas informações sobre o desempenho do veículo (e ainda se somarão mais outras duas telas para o entretenimento de quem viaja nos bancos de trás).
Chassis refinado
Do mesmo modo que o design vai colocar a Purosangue em uma posição bastante distinta dos rivais, o trabalho de chassi e dinâmica de condução também promete dar a ela uma personalidade similar à de um veículo com centro de gravidade muito mais baixo.
Feita a partir da nova arquitetura modular de alumínio anunciada por Maranello em 2018, o projeto do SUV da Ferrari, código F175, difere do da Roma (primeira a adotá-lo) e da futura granturismo V12 (herdeira da 812 Superfast — leia avaliação) por uma ampla gama de componentes – das partes estruturais do spaceframe/monobloco com dimensões e rigidez torcional obviamente específicas para as diferentes forças e massas envolvidas, às suspensões (aparentemente ajustáveis em altura), passando pela presença do eixo traseiro direcional, solução já adotada na GTC4 Lusso.
Preços e motores: no topo
A mais recente e importante notícia do Purosangue é que a versão plug-in híbrida parece ter desaparecido dos planos após as últimas declarações de Vigna, que sugerem uma gama totalmente concentrada no V12.
Este motor será central-dianteiro, um 6,5 litros da família F140, aparentemente com uma oferta de potência inédita (820 cv), bem entre os 810 cv da Monza e os 830 da 812 Competizione.
Levando a potência às rodas estará a conhecida transmissão automatizada de dupla embreagem e oito marchas adotada por todas as Ferrari recentes – aqui, posicionada entre-eixos, por razões óbvias de equilíbrio de peso, e associada a uma tração nas quatro rodas, talvez a única disponível na gama.
A opção de apostar tudo no motor V12 vai refletir inevitavelmente no posicionamento do Purosangue no portfólio da marca. E ela ficará bem lá no alto: falam em uma faixa de preços entre os € 336 mil da 812 GTS e os € 430 mil da SF90 (leia avaliação).
Estamos, então, falando de uma concorrente para Rolls-Royce Cullinan (€ 368 mil), e não Lamborghini Urus (leia avaliação) (€ 229 mil). Como o Urus custa hoje cerca de R$ 3,5 milhões no Brasil, o Purosangue sairia por algo em torno de R$ 6 milhões. O preço real só saberemos daqui a alguns meses – se for verdade que o lançamento está marcado para 11 de dezembro na exclusiva estância de esqui de Gstaad (Suíça).
E depois? Pouco sabemos. Diz-se que a Ferrari já trabalha em uma variante 100% elétrica para 2025, e também em alguns outros SUVs a bateria (codinomes F244 e F245), que usarão esta mesma arquitetura e podem estrear por volta de 2025-26. Saberemos mais quando o plano industrial for atualizado. Por enquanto, curtimos a espera pela Purosangue. Que, com o que terá sob o capô, deverá fazer jus ao nome – pesado – que carrega.
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