Confirmado: um novo SUV da Jeep, por enquanto chamado de “baby Renegade”, está prestes a nascer. Porque, quando um sistema solar se transforma em galáxia, como na fusão entre FCA e PSA, que deu origem à Stellantis (o nome torna a metáfora irresistível), a história começa a se movimentar em províncias distantes do império.

No caso, da Polônia ao Brasil – mais precisamente na cidade polaca de Tychy, e em Betim (MG) e Porto Real (RJ). Na Polônia, como nos explicam nossos colegas da revista Italiana Quattroruote, a fábrica da FCA hoje monta o Fiat 500 a combustão (modelo antigo) e o Lancia Ypsilon.

Mas a capacidade de produção vai aumentar para 400 mil unidades, quase o dobro de hoje, para acomodar mais três SUVs – dos quais dois, especificamente, são extremamente interessantes para os brasileiros. É o que mostramos com exclusividade, em primeira mão, na edição 438 da MOTOR SHOW, que já está nas bancas virtuais desde a semana passada e esta semana chega às bancas “reais” — mais detalhes aqui.

A plataforma CMP dá origem a vários carros. Versátil, aqui já mostra suas qualidades no bom Peugeot 208 (com 4,06 m). Na Europa, estreou também no Citroën C4 (4,36 m).

Os modelos que sairão da Polônia no segundo semestre de 2022 serão os primeiros do lado FCA “da força” a usarem a plataforma francesa CMP, que hoje dá vida a carros de diversos tamanhos – entre outros, Peugeot 208 (o único já vendido aqui) e 2008 e Opel Corsa e Mokka.

Ela é uma base capaz de acomodar, indiferentemente, motores a gasolina, a diesel e elétricos. No Brasil, está sendo implantada em Porto Real – que, para isso, recebeu investimentos de cerca de R$ 220 milhões desde 2019 (e anda ociosa com as baixas vendas das marcas francesas: só cerca de 27 mil carros no ano passado, contando todos os modelos, inclusive o novo Peugeot 208, que é fabricado, por enquanto, só na Argentina).

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Diante do nascimento da Stellantis, essas duas fábricas se tornaram ainda mais importantes. Pois, como disse Carlos Tavares, CEO do novo império, na ocasião: “Graças às sinergias, poderemos produzir carros irmãos, ou primos, abrindo oportunidades de negócios para marcas que até agora não tinham recursos para investir em novos modelos”.

Mais recentemente, o mesmo executivo confirmou que as fábricas não são exclusivas de uma marca (a exemplo do que já ocorre na FCA: a fábrica da Jeep em Goiana, PE, já produz a Fiat Toro, agora em nova geração (leia aqui) usando a mesma base B-Wide dos Jeep Renegade e Jeep Compass — também renovado, leia mais aqui).

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Novos SUVs compactos

No caso dos produtos “poloneses”, serão novos SUVs “B” – aqui chamados de SUV compactos. Lá, será feito o novo SUV da Jeep, o já famoso “baby Renegade”, um crossover da Alfa que substitui o MiTo (anda não 100% aprovado) e um modelo da Fiat cujos contornos não estão claros (ilustrado mais abaixo).

Os planos desses carros não são novos, mas só com a fusão FCA-PSA, e com as oportunidades sinérgicas que ela abriu, eles enfim “desempacaram”.

Todos nascerão desta nova plataforma CMP que está sendo adotada na Polônia e em Porto Real, onde uma possibilidade muito forte é que o novo Citroën C4, que virou SUV-Cupê, também seja fabricado – mas voltemos aos segredos do “lado FCA da força”.

novo SUV da Jeep
Na imagem à direita, a linha do novo 500 em Mirafiori (Turim, Itália), que foi reestruturada, de onde sairia o 500 cinco portas. Na imagem da esquerda, a fábrica de Melfi, que, como Goiana (Pernambuco), trabalha com a base B-Wide usada pelos Jeep Renegade e Compass – além do 500X, (lá) e da Fiat Toro

O novo SUV da Jeep

Para o novo SUV da Jeep, o “baby Renegade” – ainda não descobrimos o nome oficial – chegou-se a cogitar a base B-Wide, mas as contas não fechavam. Teria a vantagem da tração 4×4, essencial para um Jeep e, paradoxalmente, ponto fraco da CMP.

novo SUV da Jeep

Mas a solução virá com a predisposição desta à propulsão elétrica (um motor por eixo e temos o 4×4, mas o grosso das vendas será da 4×2 com o novo 1.3 turbo, como no Renegade). Chega no segundo semestre de 2022 à Europa e só em 2023 ao Brasil – se o mercado quiser e as contas fecharem, porque se for custar o mesmo que o Renegade, não valerá a pena.

Os três SUVs, incluindo o novo SUV da Jeep, terão variantes elétricas e medidas similares. O par 208-2008 da Peugeot mostra a flexibilidade da CMP: o primeiro tem 4,06 m e o segundo, 4,30 m. O novo SUV da Jeep será bastante compacto, como o Opel Mokka (outro “filho” da CMP), para ficar posicionado abaixo do Renegade (4,23 m), mas o Alfa será um pouco maior.

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Longe dos Brasil há muitos anos, a Alfa seguirá com novidades na Europa – ainda é uma marca importante no mercado italiano. O crossover-SUV ilustrado aqui, também com base CMP, vai substituir o MiTo e ficar posicionado abaixo dos outros SUVs, Tonale e Stelvio

Quanto ao terceiro SUV, que também muito interessa a nós, brasileiros, originalmente seria um Lancia. Mas, em dezembro, a FCA soltou uma nota que falava em uma variante Fiat. Hoje, no segmento de SUVs compactos, a marca italiana tem o 500X, irmão do Renegade que ameaçou vir ao Brasil, mas não veio.

E talvez não venha mesmo com a consolidação da Stellantis, pois foi sucesso só na Itália, e, por conta da marca, não garantiu margens de lucro como a do Renegade, que é “premium” (o 500X deve ganhar lá uma versão Cabrio, ilustrada abaixo, mas não uma segunda geração).

O Fiat 500X é irmão de plataforma (B-Wide) do Renegade. A princípio, não veio ao Brasil para não “atrapalhar” a chegada da Jeep como marca nacional. Depois, apareceu no Salão de SP para medir a recepção do público. Mas, no fim, não deve vir: sucesso só na Itália, ganhará esta versão Cabrio e sairá de linha

O substituto do 500X poderia ser justamente o terceiro SUV de base CMP ilustrado mais acima – que não tem nada a ver com o Projeto 363 (progetto 363), que nasce em Betim com a base MP1 do Argo. Este, inclusive, será “lançado” no Big Brother Brasil hoje – é um crossover-SUV que nossos amigos italianos não desvendaram, pois tem baixíssimas chances de ir para lá. Custará de R$ 75 mil a R$ 100 mil, com motores 1.0 turbo e 1.3 aspirado.

O SUV Fiat com base CMP ilustrado aqui abaixo, que a Quattroruotte prefere chamar de crossover – mas certamente seria vendido como SUV no Brasil – é um “primo rico” do Projeto 363, maior e mais sofisticado, com mais ou menos o mesmo porte do Jeep Renegade (4,25 m, contra 4,10 m ou até menos do Projeto 363).

Esta projeção não é do Projeto 363, que a Fiat do Brasil apresentou nesta terça-feira (4) e tem base de Argo: é seu futuro irmão maior, com plataforma CMP e porte de Renegade

Mas a “pegada” seria a mesma: um hatch “suvezado”, como VW Nivus e Honda WR-V. Será feito na Polônia em 2022, e além de, como já dissemos, poder substituir o 500X na Europa, também pode – por que não? – depois ser fabricado aqui em Porto Real, para ficar posicionado acima do projeto 363 na gama Fiat. As cartas já estão na mesa.

O Fiat 500 elétrico, já confirmado para chegar ao Brasil este ano, na linha de produção da Fiat em Mirafiori: os italianos resistem em aposentar o carro pela importância histórica dele – e a propulsão elétrica o tornou mais espaçoso e ainda melhor como carro urbano

Além dos crossovers-SUVs (ou não)

Esquecendo um pouco o novo SUV da Jeep e os outros utilitários esportivos, há na Fiat também a questão do Punto, fantasma “não resolvido” de uma estratégia imposta, na época, por Sergio Marchionne, mas mal digerida por alguns setores da empresa: abandonar o segmento em que a marca era líder, mas com o qual não ganhava um centavo.

Ao menos, não com o Punto sozinho. Agora, a sinergia com os franceses pode estimular sua ressurreição. Mas que corpo físico o fantasma assumiria? Há outros movimentos na Fiat. Alguns insistem em um 500 cinco portas, do qual há até protótipos (abaixo). Substituiria o Punto? Uma fonte diz, sucintamente: “Com a tração elétrica, o 500 (leia avaliação) está de volta ao jogo”. Mas parece que apenas em solo italiano (aqui, de fato, com o Fiat Argo indo bem – leia avaliação —, não teria porque esse 500 existir).

Do 500 com cinco portas ilustrado acima, que é bem maior do que o 500 que conhecemos, há protótipos em circulação: alguns na Fiat ainda o desejam, outros querem superá-lo

Mas esta é uma questão para Mirafiori, a fábrica de Turim, e não para a Polônia ou o Brasil. Porque outros executivos descartam este novo 500 e falam em um compacto “levantado”, que mataria dois coelhos com uma cajadada só, substituindo Punto e 500L.

Seria o “nosso” 363, com uma base simples, para ser barato em tempo de crise? Muito pouco provável, quase impossível. Ou algo novo, também com a base CMP? Muitas perguntas respondemos aqui, outras seguimos tentando decifrar…

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