Já vai longe a época em que os carros fabricados em nosso país tinham como preocupação só design e desempenho. De uma maneira geral, o fator segurança era relegado a um segundo plano, e em muitas vezes sequer era considerado. Até a década de 80, mesmo os modelos mais caros oferecidos em nosso mercado não possuíam equipamentos básicos de segurança: até cinto de segurança era considerado artigo de luxo. A segurança começou a ser tratada como assunto sério a partir de 1988, quando uma lei federal passou a obrigar motorista e acompanhante a utilizarem o cinto de segurança nas rodovias federais.

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No inicio dos anos 90, com a liberação das importações de carros, vieram tecnologias inéditas, como cintos de segurança retrateis, ABS no sistema de freios (evitavam o travamento das rodas nas frenagens de emergência), e o airbags para proteger em caso de colisões frontais. O consumidor começou a conhecer um pouco do assunto segurança veicular, deixando mais claras as diferenças entre segurança ativa e passiva. Só para relembrar, a primeira é aquela que diz respeito aos recursos que o carro oferece para evitar um acidente, como ABS, ESP, ou até mesmo assistentes de condução (ADAS), além de direção assistida ou tração integral.

Airbag motorista Fiat Tipo – Foto: Fiat/divulgação

Depois vem a tal da segurança passiva. Essa diz respeito aos recursos oferecidos pelo carro ou pela rodovia depois que o acidente acontece. Assim, uma boa estrutura da carroceria, airbags, cintos de segurança, encostos de cabeça ou coluna de direção colapsável, aquela que se quebra em colisões para não ir para cima do motorista. A partir dos anos 90, com o surgimento dessas e de outras tecnologias nos importados, nossa indústria automotiva também passou a ter preocupações sobre esse assunto. Só para que se tenha uma ideia, o primeiro carro brasileiro a sair de fábrica com airbag do motorista foi o Fiat Tipo, isso só em 1996!

Crash-Test VW Gol 2010 – Foto: Latin NCap/divulgação

Desde então, caminhamos a passos largos para colocar nossos carros no mesmo nível de segurança dos importados. Hoje, mais de 30 anos depois, já podemos dizer que parte dos modelos nacionais atendem normas de segurança europeias ou norte-americanas. Podem, tranquilamente, ser vendidos em qualquer lugar do mundo sem nenhum tipo de restrição com relação a segurança ativa e passiva.

Nesse time estão Ram Rampage, os Jeep Commander mais completos, bem como os BMW fabricados em Araquari (SC), ou mesmo alguns VW. Bom exemplo é o recém-lançado Tera. Apresentado agora em 2025, o novo carro da Volks recebeu cinco estrelas na última avaliação do LATIN NCAP, organização independente que avalia a segurança dos carros lançados na América Latina. Oficialmente, ao menos levando em conta essa classificação, o pequeno SUV tornou-se um dos modelos nacionais 0 km mais seguros à venda.

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Só para que se tenha uma ideia de como o projeto dos carros brasileiros evoluiu, nem precisamos sair de dentro da VW: um Gol Trend 2010 avaliado pela LATIN NCAP na época conseguiu apenas 3 de 5 estrelas possíveis, isso com airbag duplo opcional, que pouquíssimas unidades traziam. Sem esse item de segurança, seguramente não teria recebido nenhuma estrela, zerando o teste. Isso significava, na prática, que a segurança de motorista e acompanhante estaria seriamente comprometida no caso de um impacto frontal.

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Quinze anos depois, a mesma marca apresenta um novo modelo que oferece a segurança máxima a seus ocupantes em caso de impactos frontais. Vale ressaltar que, em 2010, o Gol Trend era o segundo modelo oferecido pela fabricante alemã, que tinha como carro de entrada o Gol G4, de geração anterior. Da mesma forma, o Tera também é o segundo carro mais barato da VW atual, logo depois do Polo Track. Esse fato coloca Gol Trend e o Tera como carro de segmentos semelhantes, pelo menos pelo lado mercadológico e de preços.

Novo Nissan Kicks 2026 – Foto: Lucca Mendonça

Mas, claro, utilizei os carros da Volkswagen apenas como exemplo de como a segurança veicular evoluiu nos carros nacionais. Modelos como o Novo Nissan Kicks, a picape Mitsubishi Triton de nova geração, ou Renault Kardian, rival do Tera, mostraram níveis elevados de segurança em caso de colisões, e são fabricados no Brasil. Nossos carros estão evoluindo e acompanham o desenvolvimento de toda indústria automobilística mundial, e com isso vamos salvando vidas daqueles que utilizam o carro no seu dia a dia.