Não é recente a paixão dos brasileiros por SUVs e crossovers, mas as opções crescem a cada dia. Os mais cobiçados estão bem acima dos R$ 50 mil iniciais de Ford EcoSport e Renault Duster. Quem pode pagar mais opta por modelos como Hyundai ix35, Kia Sportage, Chevrolet Captiva, Mitsubishi ASX, Fiat Freemont, Dodge Journey, Toyota RAV4, Honda CR-V, VW Tiguan…

Como se não houvesse opções suficientes, agora chegou o Compass. A Jeep, claro, não é estreante no segmento. Pelo contrário, é especialista. A marca, porém, oferecia carros como Wrangler e Cherokee Sport – valentes no off-road, mas pouco espaçosos e com uma dirigibilidade menos agradável –, e outros como o Grand Cherokee: luxuoso e valente, mas caro demais (cerca de R$ 160 mil).

Esse novo Compass não rompe a barreira dos R$ 100 mil (custa R$ 99.990), mas nega o DNA da marca. É o primeiro Jeep com tração apenas dianteira. Mais leve, pode usar um motor menos potente, reduzindo o consumo e o preço. Além disso, sabe-se que a maioria dos consumidores desses carros não usa o 4×4. O Compass não agradará aos fãs da Jeep, mas deverá atrair novos consumidores.

Em meio a tantas ofertas, quando se fala em mecânica, porte, equipamentos, acabamento e preço, o modelo que mais se aproxima do Compass é o Mitsubishi ASX. Não por acaso, os dois são construídos na mesma plataforma Mitsubishi GS, criada em conjunto com a DaimlerChrysler em 2005 e usada hoje, com algumas modificações, pela Jeep.

Nesse primeiro contato com o modelo, em uma pista fechada no interior de São Paulo, o Compass, de fato, lembrou muito o ASX. Como ele, tem motor 2.0 com duplo comando variável e potência e torque similares (156 cv e 19,4 kgfm no americano contra 160 cv e 20,1 kgfm no japonês) associado a um câmbio CVT com seis marchas virtuais (com trocas na alavanca) para um “toque de esportividade”. Assim como no ASX, esse recurso não adianta muito: o motor é fraco e o CVT, como sempre, demora para achar força, resultando em um zero a 100 km/h cumprido em mais de 12 segundos. A economia de combustível é boa apenas na cidade, segundo números colhidos nos EUA.

Assim como a grande maioria dos modelos do segmento, o Compass tem acabamento apenas razoável. A lista de itens de série é boa, mas faltam equipamentos obrigatórios para essa faixa de preço

As suspensões independentes garantem conforto, mas não são silenciosas e tampouco significam dirigibilidade esportiva. A carroceria não inclina com exagero, mas a direção hidráulica é pouco direta e meio artificial e o ESP interfere demais. Falta à sua dinâmica a mesma emoção que falta no conjunto mecânico. Na média do segmento.

Dentro da cabine, a posição ao volante poderia ser melhor se houvesse ajuste de profundidade do volante; o acabamento abusa dos plásticos; o cinto traseiro central corre por trás do apoio de cabeça do passageiro direito; a porta traseira é pequena, limitando o acesso ao interior do carro; e o porta-malas acomoda decepcionantes 328 litros.

O motor 2.0 de 156 cv, apesar de moderno e efi- ciente, sofre com o câmbio CVT com seis marchas virtuais e não oferece desempenho brilhante. O porta-malas acomoda apenas 328 litros, o mesmo que o de um hatch médio. No interior, há espaço suficiente para quatro pessoas

Jeep Compass

MOTOR quatro cilindros em linha, 2,0 litros, 16V, duplo comando variável TRANSMISSÃO automática CVT, seis marchas sequenciais simuladas DIMENSÕES comp.: 4,45 m – larg.: 1,81 m – alt.: 1,72 m ENTRE-EIXOS 2,635 m PORTA-MALAS 328 a 1.269 litros PNEUS 215/60 R17 PESO 1.424 kg • GASOLINA POTÊNCIA 156 cv a 6.300 rpm TORQUE 19,4 kgfm a 5.100 rpm VELOCIDADE MÁXIMA 185 km/h (estimada) 0 – 100 KM/H 12,5 segundos (estimada) CONSUMO cidade: 9,8 km/l – estrada: 16,4 km/l (Europa) CONSUMO REAL cidade: 9,8 km/l – estrada: 11,5 km/l (EUA)

À venda em versão única, tem teto solar, controles de estabilidade, tração e rolagem, seis airbags e monitor de pressão dos pneus, disqueteira, bluetooth, bancos traseiros reclináveis e ajuste de altura dos faróis, mas faltam bancos de couro, partida sem chave e sensor de estacionamento, entre outros itens.

OS PRINCIPAIS CONCORRENTES DO JEEP

TIGUAN R$ 110.000 (Sugerido)

MOTOR 2.0 TURBO • 200 cv • 28,5 kgfm 0 – 100 km/h 8s5 VEL. MÁXIMA 207 km/h CONSUMO MÉDIO 7,9 km/l

Ele é do tamanho do Compass, mas tem porta-malas maior. Além disso, é mais luxuoso, tem motor de 200 cv aliado a um e ciente câmbio automático de seis marchas e tração 4×4. Vale cada centavo dos R$ 10 mil a mais de seu preço.

HYUNDAI IX35 – R$ 103.375 (Fipe)

MOTOR 2.0 • 168 cv • 20,1 kgfm 0 – 100 km/h não disponível VEL. MÁXIMA n/d CONSUMO MÉDIO n/d

Mais caro e com porte similar, o sport utility coreano também tem porte, acabamento e potência similares aos do Compass. Primo mais caro do Kia Sportage, não apresenta muitas vantagens em relação ao Jeep Compass, mas o design tem dado bons resultados.

MITSUBISHI ASX 4X2 – R$ 88.320 (Fipe)

MOTOR 2.0 • 160 cv • 20,1 kgfm 0 – 100 km/h 11s9 VEL. MÁXIMA 188 km/h CONSUMO MÉDIO não disponível

Ele tem muito em comum com o Jeep Compass. Questão de gosto e de uma avaliação cuidadosa da lista de equipamentos de cada versão. Pode ser mais atraente, ou não. Nesse caso, a versão 4×2 automática sai R$ 10.000 mais barato.

O Compass tem as virtudes tradicionais do segmento, como posição de dirigir alta, e boa distância do solo, mas também tem os defeitos clássicos, como acabamento razoável e dinâmica prejudicada. Respondendo à pergunta do título, apesar de negar a essência 4×4 da marca, ele é sim um Jeep. E o design de “mini-Grand Cherokee” está aí para que ninguém se esqueça disso.