Para abastecer o tanque com o etanol, só se o valor do litro do combustível vegetal for 30% menor do que o da gasolina. Todo dono de carro flex já conhece essa história, que é justificada pelo fato do rendimento do etanol ser, em média, 30% menor que o da gasolina. Mas um estudo realizado pelo Instituto Mauá de Tecnologia em parceria com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) comprova que o rendimento dos automóveis com o etanol pode ser melhor do que apontam os números oficiais.

No estudo, foi avaliado entre janeiro e julho deste ano o desempenho de 20 carros de cinco modelos (Hyundai HB20S 1.6 automático, Toyota Corolla 1.8 automático, Renault Duster 2.0 automático e Fiat Uno 1.0), que rodaram 15 vezes cada por um trajeto que incluía 27 km de vias urbanas e um trecho rodoviário de 30 km. Os resultados apontaram uma variação de 70,7% a 75,4% no desempenho médio do etanol em relação à gasolina, enquanto os dados oficiais do PBE Veicular do Inmetro apontam uma variação entre 66,7% a 72,1% no rendimento para os mesmos modelos. (Confira aqui os resultados completos)

A explicação para a diferença nos resultados, segundo o estudo, está na diferença de metodologia (o Inmetro faz os testes em laboratório) e também na composição da gasolina na bomba, que hoje leva 27% de etanol anidro. “Vale lembrar que o PBE Veicular utiliza como padrão, a gasolina com 22% de etanol anidro”, destaca o professor Renato Romio, chefe da Divisão de Motores e Veículos do Instituto Mauá e responsável pelo estudo.

No final das contas, mais do que o preço por litro de cada combustível, o motorista deve conhecer o rendimento do seu veículo com etanol e gasolina. “Em nosso estudo, por exemplo, tivemos casos em que a relação de paridade entre etanol e gasolina comercial chegou a 75,4%; uma diferença considerável. Este valor tende a variar de acordo com a evolução técnica dos motores flex, percurso do veículo, a forma de dirigir e também, em função do teor de etanol na gasolina”, completou o professor Romio.