Antes de uma competição automobilística, uma prova da Nascar – National American Sports Car Auto Racing – é uma festa. Um típico show americano com comida abundante, coisas para vender, exposição de peças e acessórios para carros, lembranças do evento, fogos e muita, mas muita gente. Ter 70 ou 100 mil pessoas nas arquibancadas no domingo é absolutamente normal para uma etapa da Nascar, que totalizou 34 provas no campeonato de 2007.

Com exceção da corrida, tudo acontece na área que circunda os autódromos, antes do início das competições. Carretas enormes, decoradas com as cores das marcas ou das equipes ficam com as laterais abertas e transformam-se em lojas, que vendem de tudo: bonés, camisetas, calças, tênis, miniaturas de carros, blusões e todo tipo de quinquilharia da equipe ou do piloto. Uma feira interminável que começa a funcionar pela manhã para uma corrida que acontece só no meio da tarde.

Famílias inteiras prestigiam as provas. Pai, mãe e filhos se transformam em torcedores das marcas – Chevrolet, Ford, Dodge e Toyota, essa última a única marca estrangeira aceita na “comunidade” – ou de alguns pilotos. Cada torcedor se veste com roupas de sua marca ou piloto preferidos e torce durante toda a prova. Se não fosse pelas famílias, o colorido das roupas e o fanatismo das torcidas lembrariam um de nossos clássicos de futebol em final de campeonato.

Os carros? Conservadores como a média do povo norte- americano. Nenhum arrojo tecnológico, nenhuma diferença aerodinâmica, nenhum carro atraente ou bonito. São pura força bruta. Todos os carros são iguais, utilizando o mesmo chassi e mecânica (os motores são controlados pelos organizadores e sorteados entre os participantes) e se distinguem apenas pelos detalhes da carroceria. As marcas caracterizam seus produtos com adesivos que lembram alguns componentes de seus veículos. Mas, na essência, todos os carros são idênticos.

No final da temporada, o piloto que colheu bons resultados depois das 34 etapas acumula mais de US$ 7 mi em prêmios. Vale a comemoração!

Chassi tubular com uma “casca” em fibra de vidro, motor V-8 5.7 desenvolvido e construído pela própria Nascar com comando de válvulas no bloco, duas válvulas por cilindro, alimentado por um carburador (isso mesmo, carburador…) quadrijet, rodas de aço de 18 polegadas e câmbio manual de quatro marchas. Graças ao tempo de desenvolvimento, os V-oitões da Nascar chegam aos 820 cv a 10.000 rpm. Um barulho ensurdecedor quando cruzam a reta a mais de 300 km/h!

Uma curiosidade: cada roda é montada com dois pneus, um dentro do outro. Técnicos da Goodyear, que fornecem pneus para todos, explicaram que, devido à alta velocidade constante dos carros, o risco de estouro de um pneu é muito grande e as conseqüências muito sérias, possivelmente até para os espectadores. Dessa forma, quando explode o pneu de fora, o outro garante a estabilidade do carro até seu retorno aos boxes. Solução interessante e funcional…

De Stock Car (que vem de “carro de estoque”) eles não têm nada. O nome vem do tempo em que a categoria utilizava modelos originais envenenados para as corridas. Hoje são só velocidade!

Os carros andam a mais de 300 km/h praticamente juntos. Como são construtivamente idênticos, as diferenças ficam por conta do acerto das suspensões e do arrojo e da habilidade de cada um dos pilotos

Para sair vencedor, o piloto tem que contar com um bom trabalho do box. Além das altas velocidades, a corrida pode se definir nos abastecimentos e nas trocas de pneus