A Fórmula Truck é, sem dúvida nenhuma, a categoria do automobilismo nacional que atrai o maior público aos autódromos por onde passa. A média de espectadores, por corrida, gira em torno dos 40 mil, mas dependendo da pista, este número pode facilmente ultrapassar os 60 mil. Foi o caso da etapa de São Paulo, que aconteceu no inicio do mês passado. Além da grande emoção de ver 25 caminhões, com cerca de 4.500 kg cada, percorrendo a longa reta dos boxes a quase 240 km/h e brigando por posições, há todo um show no evento que cerca a Fórmula Truck.

Este público, que só é menor que o da Fórmula 1, não é atraído apenas pelas eletrizantes disputas que ocorrem na pista. Apresentações com manobras de motos, skates e caminhões também prendem muito a atenção dos espectadores nas arquibancadas.

O piloto de moto Jorge Negretti há cinco anos acompanha a categoria, fazendo shows de abertura onde executa as mais arriscadas e loucas manobras sobre sua Honda CBR 1100 preparada. São saltos, zerinhos, empinadas… Segundo ele, algumas das manobras que realiza em Interlagos, como a em que “esquia” sobre o asfalto se apoiando apenas com os dois braços no guidão, o fazem chegar ao fim da reta a 280 km/h. “A galera sempre vibra muito com o show. A manobra que o público mais gosta, sem dúvida nenhuma é o zerinho – afinal ele levanta a maior fumaça”, conta Negretti. Outra participação bastante curiosa é de Valdemar Brant, que em determinado ponto da apresentação de Negretti pega uma carona na rabeira da moto do colega em cima de um skate. De acordo com ele, “às vezes a moto acelera até 140 km/h puxando o skate”.

À esquerda, a disputa de colocações entre estes “monstros”, com mais de quatro toneladas de peso cada um, e que chegam a alcançar até 240 km/h. O pior é quando ocorrem as inevitáveis colisões entre estes gigantes, como na imagem ao lado. Mas a corrida é só um detalhe no meio de tantas atrações que envolvem a categoria

No meio da multidão estava o cegonheiro José Rubens, que acompanha a categoria por todo o País. Na etapa de São Paulo, perto de casa, resolveu levar o sobrinho e o filho. “Sou apaixonado por caminhão e gosto muito de vir nas corridas da Truck. É uma coisa que está no meu sangue”, conta. O mecânico Clairton Silva também levou o filho, João Pedro, de apenas seis anos. Mas Clairton diz que não tem torcida definida. “Venho porque gosto do evento e de ver os caminhões. Não torço por nenhum piloto”, explica.

AS MÁQUINAS

As principais modificações que diferenciam um caminhão da Fórmula Truck ficam por conta da suspensão, que é mais baixa e firme, do motor, que passa por uma preparação (chega a ter 1.230 cv de potência, enquanto o original tem 440 cv), e de sua carroceria, que é 2.200 kg mais leve. Quando original, ele pesa 6.700 kg, mas, preparado para as pistas, apenas 4.500 kg. Essa diferença se deve à ausência de itens de conforto e acabamento. O câmbio é uma das únicas partes do caminhão que não mudam. As relações são iguais, mas das 16 marchas disponíveis, o piloto da Truck só utiliza as três ultimas. Os pneus também são convencionais, mas para andar no seco são lixados até ficarem slicks. Com chuva, eles não precisam ser lixados.

São pessoas como José Rubens e Clairton Silva que compõem o grande público da Fórmula Truck. São apaixonados por caminhões, como eles, que fazem parte do que o locutor da corrida em Interlagos repetia diversas vezes – a “família Truck”.