20/07/2025 - 7:00
Lalalli Senna é artista, escultora, arquiteta e responsável por um dos maiores projetos atuais que homenageiam Ayrton Senna. Em entrevista à MOTOR SHOW, a sobrinha do ídolo nacional compartilha detalhes sobre o prédio em desenvolvimento em Balneário Camboriú, Santa Catarina, e conta como foi dar vida ao busto exposto em Interlagos, além de memórias familiares.
“É incrível como uma pessoa que trabalha com corrida — ele não era político, nem religioso, ele não era nada — mas ainda sim conseguiu agregar pessoas de todas as frentes em torno de valores que são muito bons. A gente como família tem uma grande responsabilidade em ter o cuidado para zelar pela memória de um herói nacional”, começa.

+ Mariana Becker sobre a transmissão da F1 na Globo em 2026: ’Já esperávamos desde o ano passado’
+ Como são os prédios residenciais de luxo da Aston Martin, Bentley e Porsche em Miami
Senna Tower é o projeto da vez
Questionada sobre seu mais novo trabalho, a Senna Tower em Santa Catarina, Lalalli conta que está muito ansiosa com o lançamento, já que o projeto está em desenvolvimento há cerca de seis anos.
“Eu acho que fui muito abençoada nos dois projetos, porque dificilmente uma artista cria uma obra que tenha tanta conexão com as pessoas”, afirma a artista.

Ela continua explicando que até os momentos iniciais de execução, “parecia que não ia se concretizar em algo real”.
“É difícil você ter uma obra de arte que todo mundo olha e se emociona, que todo mundo tem uma história para contar, que remete ao dia que a pessoa estava no domingo com o pai, com a mãe, sentados no sofá. E muitas pessoas têm histórias pessoais ligadas ao Ayrton, então a nossa questão era como criar uma obra que se conecta-se aos fãs”, continuou Senna.

Lalalli compartilha que a maior dificuldade por trás do empreendimento era manter a estrutura de pé e fazer com que ela fosse funcional. Com cerca de 550 metros de altura, a torre foi idealizada com o objetivo de se tornar um novo marco arquitetônico do país. A estrutura similar à uma reta em direção ao céu reflete o maior amor do homenageado: as pistas e a velocidade.
“A minha inspiração principal era que todo mundo olhasse para a torre e compreendesse que ela é uma mensagem de superação para o nosso herói interior – assim como ele foi um ‘heroí’ nacional. Algo como uma superação, porque cada um de nós passa por esse processo constantemente. E temos a imortalização dele também. Quando os heróis morrem é diferente das pessoas normais, eles acabam virando essa luz que continua inspirando a todos eternamente”, declarou Lalalli.
Ainda sem data de estreia marcada, a Senna Tower deve estar disponível para visitas do público no fim do próximo ano. A intenção dos construtores é que todos os andares tenham diversas exposições, espaços interativos e apartamentos luxuosos para que os amantes do esporte e de Ayrton possam se conectar com sua história.

Como é o Senna Tower?
O Senna Tower recebeu o investimento de R$ 3 bilhões. Até agora, segundo os empreendedores do projeto, foram comercializados R$ 1,3 bilhão em Valor Geral de Vendas (VGV), estimado em R$ 8,5 bilhões, com destaque para compradores das regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil, além de clientes internacionais.
Serão 228 unidades residenciais: 18 mansões suspensas, 204 apartamentos, quatro coberturas duplex e duas super coberturas triplex.
Além das áreas residenciais e de exposições, o empreendimento contará com outros espaços abertos ao público, incluindo opções de gastronomia e entretenimento.
De Interlagos ao Vaticano: bustos de piloto são cobiçados internacionalmente

A respeito de seus dois trabalhos mais conhecidos — os bustos de Senna expostos no Vaticano e no Autódromo de Interlagos — a sobrinha do piloto conta que a ideia partiu de um pedido de sua avó e que o maior desafio foi lidar com sua busca pela perfeição das obras.
Além disso, Lalalli diz que logo após a solicitação da matriarca da família, ela ficou “muito emocionada, muito honrada e totalmente apavorada”, já que Neyde Senna sempre foi muito “exigente”.
Foi dessa mistura entre receio e felicidade que a artista plástica passou alguns meses debatendo internamente sobre as técnicas e, principalmente, como adicionar a última parte que realmente trouxesse a essência do atleta.

“A família toda já tinha amado a escultura, estava todo mundo contente, menos eu. Eu ainda olhava, acho que é o lado do Senna, sabe? Ele não deixa a gente ficar de boa. Só mais um pouquinho, dá sempre para melhorar só mais um pouquinho”, brinca Lalalli.
Por fim, a arquiteta conta que o uso do material refletivo na grande escultura presente no circuito paulista foi uma escolha especial. A intenção é que todos os visitantes se vejam refletidos nas partes do rosto de Senna e entendam que ao mesmo tempo que é um figura emblemática para o esporte, foram os fãs que o ajudaram a construir essa imagem.
“Não sei se é o lugar, porque o fato de estar em um local tão especial, completamente ligado à história do Ayrton é ainda mais especial. Ela [a arte] nunca tá igual e você consegue ver as pessoas, os fãs, os jornalistas, todo mundo que visita se sentindo tocados pelo olhar e pela presença do Ayrton”, finaliza.

*Estagiária sob supervisão