28/10/2025 - 12:10
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) solicitou uma reunião de urgência com Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, para tratar sobre a crise dos chips.
O encontro deverá ocorrer às 16h desta terça-feira, 28, em Brasília, e vai envolver associações de outros setores, que serão afetadas pela falta de componentes.
A Anfavea diz que há um risco de paralisação da produção nacional de veículos no país devido à escassez crítica de semicondutores e ressalta que isso “pode afetar operações fabris em questão de semanas”.
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Como aconteceu?
O fato é que a nova crise dos chips engloba uma disputa geopolítica na qual se intensificou neste mês.
A crise começou quando o governo holandês decidiu assumir o controle da fabricante Nexperia, uma gigante de semicondutores que atua naquele país, e subsidiária de um grupo chinês, a Wingtech, que foi colocada em uma lista de avaliações do governo dos Estados Estados Unidos no ano passado, sinalizando-a como um possível risco à segurança nacional norte-americana.
A holandesa temia que a tecnologia da empresa fosse adquirida por sua proprietária chinesa. Como resposta, a China impôs restrições à exportação de componentes eletrônicos, o que já afeta a produção em algumas fábricas automotivas na Europa e arrisca parar as montadoras no Brasil.

Momento semelhante ao da pandemia
Segundo a Anfavea, a atual crise remete a um cenário semelhante ao vivido durante a pandemia.
“O impacto da falta de semicondutores vai além do setor automotivo, afetando uma gama de segmentos industriais que dependem desses componentes”, explicou em nota encaminhada à MOTOR SHOW.

Onde estão os chips em um carro?
Os chips estão por toda parte do carro, como qualquer tipo de acionamento do automóvel (como trancar portas), multimídia, painel de instrumentos, gestão do conjunto mecânico, e por aí vai.
Para se ter uma ideia, um veículo moderno usa, em média, de mil a 3 mil chips. Sem esses componentes, as fabricantes não conseguem manter a linha de produção em andamento.
“Com 1,3 milhão de empregos em jogo em toda a cadeia automotiva, é fundamental que se busque uma solução em um momento já desafiador, marcado por altos juros e desaquecimento da demanda. A urgência é evidente, e a mobilização se faz necessária para evitar um colapso na indústria”, alerta o presidente da Anfavea, Igor Calvet.

Questionado pela MOTOR SHOW, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços afirma que “o governo brasileiro está acompanhando os eventuais efeitos de interrupções da cadeia global de suprimento de semicondutores e está em diálogo com a indústria brasileira para buscar soluções que evitem danos às empresas e aos empregos”.

Industria de autopeças diz que há restrição no fornecimento de chips para o Brasil
Montadoras instaladas no Brasil como Volkswagen, Stellantis, GM, Toyota, Hyundai, BYD, entre outras, poderão paralisar suas produções devido a escassez de chips.
“Nas últimas semanas, observamos uma redução significativa na disponibilidade de componentes eletrônicos essenciais para módulos de controle, sistemas de injeção e produtos de alta tecnologia aplicados em veículos leves, comerciais e industriais”, afirma a Abipeças (Associação Brasileira da Indústria de Autopeças) e o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), em carta enviada ao Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Impacto da crise dos chips
Segundo a Abipeças e o Sindipeças, o impacto se estende também às empresas de autopeças e de eletrônica embarcada. A falta de componentes pode gerar um risco real de paralisação de linhas de produção. As entidades pedem uma intervenção do governo para resolver o problema.
“Solicitamos o apoio do governo federal, em especial do MDIC e do MRE, por meio de gestões técnicas e diplomáticas junto ao governo da China, de forma a garantir a continuidade do fornecimento e a estabilidade da cadeia automotiva e eletrônica nacional.”
