Desde que lançou a nova geração do CrossFox e a Saveiro Cross, a Volkswagen parece ter encontrado sua fórmula ideal para o segmento de off-road urbano. Uma vez que esses modelos não dispõem de potencial para enfrentar trilhas e atoleiros, a ideia da marca foi fugir da receita tradicional – encher a carroceria de adereços plásticos desnecessários e quebra-matos inúteis – e partir para um design mais elegante e equilibrado. Nesse mesmo conceito, nasce a Space Cross, versão aventureira da perua do Fox. Claro que ela tem sua fantasia fora de estrada: há estribos, proteções nas laterais, nas caixas de rodas e no acesso ao porta-malas, por exemplo, para melhorar sua resistência aos pedriscos facilmente encontrados nas estradas de terra batida. Além disso, a grande entrada de ar frontal, recoberta com uma grade tipo colmeia (igual à do CrossFox), também tenta passar a mensagem – irreal – de que se trata de um veículo pronto para enfrentar o uso severo. Mas, mesmo com todos esses incrementos necessários à caracterização do novo modelo, os designers brasileiros conseguiram manter o caráter estético da station, que sempre foi muito mais de esportivo do que de utilitário. Com toda a mudança, o acréscimo de peso foi de apenas 29 kg e o coeficiente aerodinâmico ficou em bons 0,346, melhor que o do CrossFox por conta, principalmente, do perfil mais longo e da ausência do estepe na traseira.

Para que a dirigibilidade combinasse com essa proposta externa, a engenharia precisou trabalhar para encontrar o acerto ideal. A altura tinha que aumentar, garantindo um maior vão livre que possibilitasse a travessia de buracos e costelas de vaca, mas, ao mesmo tempo, era necessário manter um comportamento eficiente em altas velocidades para as estradas asfaltadas. E aqui, o primeiro problema apareceu. Por conta das linhas da carroceria, caso a dianteira e a traseira tivessem uma elevação igual, visualmente a sensação seria de que a parte de trás estava arriada e a da frente empinada. Assim, optou-se por um aumento assimétrico nos eixos. Foram 33 mm na frente e 35 mm atrás, em comparação com a SpaceFox convencional. Parte disso se deve à troca dos pneus 195/55 por outros 205/55, e parte é consequência da preparação da suspensão, que teve mudanças em molas, amortecedores, mangas de eixo e na calibração. Para garantir a estabilidade e ajudar a encontrar o equilíbrio perfeito do conjunto, a bitola dianteira foi aumentada em 33 mm e, a traseira, em 23 mm. Por fim, para melhorar a sensação de frenagem do carro, os discos de freio cresceram 24 mm.

Inscrição no para-choque com textura que permite leitura a distância

VW Space Cross

MOTOR quatro cilindros em linha, 1,6 litro, 8 V TRANSMISSÃO manual, cinco marchas, tração dianteira DIMENSÕES comp.: 4,18 m – larg.: 1,68 m – alt.: 1,59 m ENTRE-EIXOS 2,469 m PORTA-MALAS 430 litros PNEUS 205/55 R15 PESO 1.184 kg • GASOLINA POTÊNCIA 101 cv a 5.250 rpm TORQUE 15,4 kgfm a 2.500 rpm VELOCIDADE MÁXIMA 175 km/h 0 – 100 km/h 11s8 CONSUMO cidade: 11,4 km/l – estrada: 16,9 km/l CONSUMO REAL cidade: 8,8 km/l – estrada: 12 km/l • ETANOL POTÊNCIA 104 cv a 5.200 rpm TORQUE 15,6 kgfm a 2.500 rpm VELOCIDADE MÁXIMA 177 km/h 0 – 100 km/h 11s5 CONSUMO cidade: 8,1 km/l – estrada: 12 km/l CONSUMO REAL cidade: 6,2 km/l – estrada: 8,5 km/l

Todo esse trabalho valeu a pena. Na estrada, apesar da altura mais elevada em relação ao solo e do peso um pouco maior, é difícil notar que se está a bordo de uma versão aventureira, com suspensão retrabalhada. Seu comportamento é muito semelhante ao do carro convencional: firme nas curvas e confortável para transpor obstáculos urbanos, como valetas e lombadas. O conjunto mecânico é o mesmo da versão tradicional: motor 1.6 de 104 cv com etanol e câmbio automatizado. Essa unidade motriz tem funcionamento suave, não apresenta rispidez e é elástica o bastante para garantir comodidade e agilidade. A transmissão, embora não seja excelente como a DSG (caixa também manual automatizada, mas com dupla embreagem, que o grupo utiliza em alguns de seus modelos, principalmente os mais caros), garante trocas rápidas e com pouquíssimos trancos e aproveita adequadamente o torque de 15,6 kgfm do motor, que, mesmo não impressionando, é disponibilizado em baixas rotações. A versão mais barata tem câmbio manual de cinco marchas.

No interior, o belo e eficiente painel da nova geração da família Fox, pedaleira em alumínio e o volante multifunções, que é um item opcional. Nas soleiras, o nome Space Cross, que, diferentemente de outros modelos da marca, é escrito separadamente

Completando o pacote estético, a Space Cross tem faróis principais de dupla parábola e faróis auxiliares com dupla ação, que reúnem a luz de neblina e de milha em uma única peça; rack de teto na cor preta; rodas aro 15 na cor cinza; lanternas escurecidas; e um novo aerofólio. Por dentro, pedaleira em alumínio, tecido dos bancos diferenciado (nessa versão avaliada eles são em couro sintético) e manopla do câmbio (quando na versão com câmbio manual) com a inscrição “Cross”.

A lista de itens de série é bem interessante, com ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, airbags dianteiros, freios ABS, sensor de estacionamento traseiro, computador de bordo, retrovisor eletrocrômico, faróis com acendimento automático e banco traseiro com ajuste longitudinal. Com preços de R$ 57.990 para a versão manual e R$ 60.690 para a automatizada, a Space Cross deve se estabelecer como uma grande rival para a mais antiga Palio Adventure.