01/06/2010 - 0:00
Um “juguetón”! Assim o jornalista mexicano classi cou o Spyder depois de rodarmos os primeiros 100 quilômetros no Estado da Virgínia, nos Estados Unidos. Ele tinha razão: este triciclo da BRP, feito no Canadá, é um “brinquedão”. Com muito motor e forma de dirigir totalmente diferente, o Spyder foi avaliado na nova versão Roadster, a RT. Ele pretende ser um misto de carro e moto, para aventureiros que até apreciam as últimas, mas gostariam de algo “mais civilizado”: gostariam de ter uma moto, mas acham uma chateação ter que se preocupar com equilíbrio, colocar o pé no chão quando se para, escutar a mulher dizendo que moto é perigoso…
Pensando nisso, a BRP criou este veículo diferente, que traz a liberdade da moto com mais segurança. Para ser mais civilizado – e com a complicação de ter duas rodas na frente e não atrás, como nos triciclos tradicionais – a eletrônica se torna fundamental. Como um carro de luxo, traz controle de tração, ABS, “volante” (quer dizer, guidão) com assistência elétrica… tudo para manter o dono na linha.
Se você gosta de queimar o pneu traseiro nas arrancadas, como um motociclista selvagem, isto só é permitido até os 50 km/h, com o guidão perfeitamente reto. Nesta velocidade, o controle eletrônico corta a tração da roda traseira e acaba a brincadeira. Da mesma forma, se numa forte arrancada o guidão é levemente virado, a eletrônica impede a derrapagem. A segurança vem antes da diversão mais ousada.
E olhe que não falta motor. Seu V2 de 998 cc feito pela Rotax esbanja potência: 100 cv a 7.500 rpm, sem faltar torque nas arrancadas (são 10,6 kgfm a 5.500). Ele pesa apenas 421 kg na versão Roadster recémlançada, que deve chegar em breve ao Brasil, com equipamento completo de som, vários “porta-malas”, câmbio automatizado e outras atrações – até um reboque está na lista de opcionais e acessórios.
Já é vendida por aqui a versão mais simples e esportiva do Spyder, RS, com preço ao redor dos R$ 80 mil. Nas duas versões, a pilotagem é semelhante. Quem vem dos carros, terá na sensação de liberdade sua maior atração. Já os motociclistas vão estranhar algumas reações do triciclo, pois ele inclina para fora da curva, ao contrário das motos. A ausência do manete de freio dianteiro é outro aspecto difícil de acostumar, já que o freio no pé comanda as três rodas, com ação distante da e ciência das motos.
Tudo isto pode ser compensado pelo privilégio de ser a atração nas ruas. Motoristas e motociclistas no Spyder chamam mais atenção do que em carros esportivos de mais de US$ 1 milhão, como comprovamos aqui, onde rodamos mais de 500 quilômetros, saindo da capital Washington e avançando por estradinhas e vinhedos no tranquilo Estado da Virgínia.